Como se forma a razão? Alguns estudiosos da neurobiologia do comportamento humano argumentam que as emoções e sentimentos têm papel fundamental na construção do nosso raciocínio e na formação da consciência. Esta discussão, que envolve filosofia e neurociências, foi trazida na sessão da ANM de 03/04/2014 pelo acadêmico Pedro Sampaio, na conferência “O homem é um ser uno”. O título remete à expressão usada pelo neurocientista português António Damásio, pesquisador da University of Southern California, em Los Angeles, EUA, e autor dos livros: “O Erro de Descartes” (1995), “O Sentimento de Si” (2001), “Ao encontro de Espinosa” (2003), dentre outros.
A ideia de “ser uno” veio a partir da observação do comportamento de centenas de pacientes com lesões no córtex pré-frontal. Embora a capacidade intelectual destes tenha se mantido intacta, eles sofreram mudanças fundamentais no comportamento social.Assim, Damásio concluiu que os fenômenos mentais se integram ao corpo, formando a consciência. Ao longo dos anos, os grandes avanços no estudo sobre as estruturas do cérebro permitiram aos cientistas entender melhor como funcionam a memória, a consciência e a razão.
Na conferência, Pedro Sampaio passeou por filósofos como Espinosa, Descartes e Kant; aclarou sobre a anatomia do cérebro, a fisiologia dos neurônios e neurotransmissores; para concluir: “Sabemos da existência dos neurônios e receptores, mas como a razão ocorre fisicamente? Essa resposta não está na física Newtoniana. Atualmente, está sendo procurada na física quântica.” E completou: “Hoje, já sabemos alguma coisa sobre o ‘unicismo’, mas ainda precisamos saber muito mais.”