Tumores neuroendócrinos são abordados em conferência na ANM

01/08/2019

A agenda científica da Sessão de 1º de agosto na Academia Nacional de Medicina contou com a conferência “Medicina Nuclear e Tumores Neuroendócrinos”, ministrada pelo Dr. Claudio Tinoco, Professor Associado do Departamento de Radiologia da Universidade Federal Fluminense. O conferencista foi apresentado pelo Acadêmico Pietro Novellino, que destacou que o Dr. Tinoco atua como consultor do Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do Hospital Pró-Cardíaco e do Serviço de Medicina Nuclear do Instituto de Cardiologia de Laranjeiras. Além disso, o ex-Presidente Pietro Novellino ressaltou a proeminente atuação do médico na Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Acadêmicos Antonio Egidio Nardi, Jorge Alberto Costa e Silva (Presidente), Ricardo Cruz e Walter Zin durante a apresentação do Dr. Claudio Tinoco

Agradecendo as gentis palavras do Acad. Pietro Novellino, o Dr. Claudio Tinoco começou sua apresentação definindo Tumores Neuroendócrinos como tumores que ocorrem quando algumas das células neuroendócrinas passam por uma mutação que pode ser hereditária ou, na maioria dos casos, surgir ao acaso. Depois da mutação, as células começam a se multiplicar de forma desordenada, levando ao crescimento de uma massa anormal de tecido.

Dr. Claudio Tinoco Mesquita

Devido ao largo espectro dentro do qual os tumores neuroendócrinos (TNE) podem se manifestar, o Dr. Claudio Tinoco apresentou a classificação adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para este tipo de tumor. Segundo este parâmetro, os TNE podem ser classificados como tumor neuroendócrino bem diferenciado (e que pode ter comportamento benigno ou potencial maligno incerto), carcinoma neuroendócrino bem diferenciado (com comportamento maligno de baixo grau) ou carcinoma neuroendócrino pouco diferenciado (com comportamento maligno de alto grau).

Afirmou, ainda, se tratar de um grupo heterogêneo de neoplasias, com crescimento lento e com comportamento sintomático variante: os doentes podem ou não apresentar sintomas. Além deste fato, a grande variedade dos sintomas costuma contribuir para um quadro de diagnóstico tardio ou até mesmo desconhecimento acerca da doença.

Na sequência, Claudio Tinoco chamou atenção de que, em adição à grande variedade de TNEs, cada um destes requer uma abordagem diferente, tanto quanto ao diagnóstico quanto ao tratamento. Alguns dos fatores que influenciam a conduta médica em cada caso incluem tipo de tumor, localização, agressividade, presença de metástases etc.

Ao longo de sua apresentação, o médico chamou atenção para as diferentes aplicações da medicina nuclear para o diagnóstico e o tratamento de TNEs. Utilizando como exemplo a técnica de cintilografia com octreotide, ressaltou que esta é uma técnica que obtém resultados positivos no estadiamento de pacientes com tumores diagnosticados recentemente e que possuem suspeita de recivida. Além deste fato, a cintilografia também se mostra promissora na detecção de pequenos tumores, em especial em casos de síndromes de produção excessiva de hormônios ou para descartar doença extra-hepática antes de transplante hepático. Destacou, ainda que a técnica pode ser utilizada para realizar follow up do tratamento e a avaliação do status dos receptores antes da escolha terapêutica.

A conferência também abordou diferentes protocolos de administração e utilização das técnicas de medicina nuclear, ressaltando a importância da presença dos médicos na proximidade, a permanência de equipamento de emergência e a realização de controle no pós-dose, por meio do acompanhamento de toxicidade (creatinina, cintilografia renal, hemograma e dosimetria prospectiva).

Na conclusão de sua conferência, o Dr. Claudio Tinoco destacou que, apesar de ainda serem considerações tumores de baixa incidência, estimativa recentes apontam para um quadro epidemiológico mais agravado do que o esperado. Por meio dos casos clínicos apresentados, foi possível inferir que a associação de métodos de captação de imagens morfológicas (como ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassonografia) com métodos de avaliação da presença de receptores de somastostatina por meio de técnicas não invasivas representa um importante avanço no diagnóstico e tratamento destes pacientes, principalmente quando considerando os riscos associados à obtenção de amostra para realização de biópsia, em especial em lesões muito pequenas e em locais anatômicos de difícil acesso

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