Transplantes 2021 – Onde estamos e para onde vamos?

 
 
 
 
     
  Organização:

Acad. José J. Camargo,
Presidente da Secção de Cirurgia

Acad. Rossano Fiorelli,
Secretário da Secção de Cirurgia
 
     
     
 
14h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina –
Acad. Rubens Belfort Jr.
Coordenador, Acad. José de Jesus Camargo –
Presidente da Secção de Cirurgia da ANM

   
 
BLOCO I
 
   
14h10

Programa Modelo Nacional na Captação de Órgãos
Dr. Joel Andrade – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

   
   
14h28

Transplante renal em tempos de Covid-19
Acad. José P. Medina

   
   
14h46

Transplante Conjugado de Órgãos
Dr. Eduardo Fernandes – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

   
   
15h01

Perguntas e Comentários

   
 
BLOCO II
 
   
15h15

Transplante renal x Renal com doadores Vivos
Dra. Tainá Sanders – Universidade Federal do Ceará (UFC)

   
   
15h33

Transplante pulmonar bilobar com Doadores Vivos
Acad. José J. Camargo

   
   
15h51

Transplante hepático com doadores vivos
Dr. Paulo Chap Chap – Universidade de São Paulo (USP)

   
   
16h06

Perguntas e Comentários

   
 
BLOCO III
 
   
16h20

Um grande Programa de Transplante Hepático no Nordeste Brasileiro
Dr. Cláudio Lacerda – Universidade de Pernambuco (UPE).

   
   
16h38

Atualidade em Transplante Cardíaco
Dr. Alexandre Siciliano – Instituto Nacional de Cardiologia, Rio de Janeiro

   
   
16h56

Transplante de pulmão – Conquistas do Século XXI
Dr. Marcelo Cypel – Toronto General Hospital, Canada

   
   
17h15

Perguntas e Comentários

   
   
17h35

Encerramento

   
 

Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina XX –
Ano Acadêmico 192

 
   
18h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina, Acad. Rubens Belfort Jr.

   
   
18h05

Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Carlos Eduardo Brandão

   
   
18h10

Comunicações dos Acadêmicos

   
   
18h45

Transplante Multivisceral
Dr. Rodrigo Vianna – Jackson Memorial Hospital, Universidade de Miami

   
   
19h15

Discussão com a Bancada Acadêmica

   
   
20h

Encerramento

 
 

TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS

Os desafios, experiências, conquistas e emoções nos transplantes de órgãos nacionais e internacionais foram os temas da última sessão científica promovida pela Academia Nacional de Medicina, em julho de 2021. 

Histórias entre doadores, receptores, familiares e equipes médicas foram contadas por cada um dos convidados. O acadêmico José de Jesus Camargo foi um dos que ilustrou sua palestra com narrativas emocionantes sobre transplantes em ambos os pulmões (bilobar) em crianças brasileiras e estrangeiras com doadores vivos e que se submeteram ao procedimento em Porto Alegre. Camargo descreveu experiências angustiantes, o desprendimento de pais em doar órgãos e salvar a vida de filhos e o significado do fracasso que impactam tanto a vida da família como da equipe médica.

A evolução nos transplantes de diferentes órgãos foi predominante nas apresentações e algumas das novidades, dos últimos 20 anos, foram citadas pelo cirurgião brasileiro Marcelo Cypel, do Toronto General Hospital. Inspirado também por histórias de pacientes, Cypel contou sobre o aperfeiçoamento das técnicas a partir da realização de mais de 2.500 transplantes de pulmão e que permitiram pular de uma sobrevida de 50% nos primeiros 30 dias após o procedimento, na década de 80, para 98% nos dias atuais. Cypel também destacou as técnicas para reparo de órgãos como a luz ultravioleta para inativação de vírus da Hepatite C em órgãos de doadores.

O acadêmico José Osmar Medina, cirurgião especializado em transplante de rim, comentou sobre as dificuldades de procedimentos durante a pandemia. Medina falou como a covid afetou os 12 mil pacientes em diálise, infectando mais de 2 mil e com uma letalidade 10 vezes maior se comparada aos indivíduos saudáveis; como também no número de doadores, que caiu cerca de 25% desde a chegada do coronavírus ao país. Além disso, Medina contou sobre o estudo vacinal com a Coronavac em mais de 4 mil pacientes, cujos resultados apontaram para uma eficácia reduzida. Sobre transplantes de rim, a outra convidada foi Tânia Sanders, da Universidade Federal do Ceará, que abordou os benefícios na doação intervivos.

O cirurgião Claudio Lacerda, da unidade de transplantes hepáticos da Universidade de Pernambuco – uma referência para as regiões Norte e Nordeste -, traçou uma linha do tempo desde os primeiros transplantes de fígado, no mundo, há 50 anos, e as casuísticas de alguns dos 1.600 procedimentos realizados em Pernambuco. “Não adianta só cuidar de fígados. É preciso cuidar dos pacientes”, disse. Nesse sentido, falou sobre a experiência da Associação Pernambucana de Apoio ao Doente do Fígado. Uma iniciativa imprescindível já que muitos dos pacientes são de baixa renda e o cuidado vai muito além do transplante. No campo da hepatologia, Paulo Chapchap, cirurgião da USP e conselheiro da Dasa, foi outro palestrante que fez um relato histórico, destacando as conquistas alcançadas pelo acadêmico Silvano Raia, em 1985, e o primeiro transplante de fígado intervivos no mundo. Chapchap enfatizou que 85% dos transplantados, atualmente, continuam vivos depois de 10 anos.

A experiência do primeiro transplante triplo que envolveu enxertos de rim, fígado e coração em um paciente do Rio de Janeiro foi contada pelo médico Eduardo Fernandes, do Hospital São Lucas. Embora fosse atleta, o paciente tinha uma insuficiência terminal. Um caso único e pioneiro no Brasil. A decisão foi tomada junto com a equipe do Sistema Nacional de Transplantes e, no dia 4 de abril deste ano, o procedimento de alta complexidade foi realizado com sucesso. Com apenas 15 dias, o paciente obteve alta e, em pouco tempo, voltou para suas atividades físicas.

Outros convidados foram Joel Andrade, do Programa de Transplante de Órgãos de Santa Catarina, que é um modelo de sucesso, por ter sido transformado em uma política de Estado e não de Governo; e Alexandre Siciliano, do Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro, que abordou as novas resoluções do Conselho Federal de Medicina sobre morte encefálica e as estratégias para captação de órgãos. 

Transplantes multiviscerais – A evolução do transplante multivisceral, que envolve o transplante em bloco do estômago, complexo pancreaduodenal, intestino delgado, fígado com ou sem cólon e baço, nas últimas décadas, foi o assunto do cirurgião Rodrigo Vianna, do Jackson Memorial Hospital, da Universidade de Miami. Vianna comentou que o transplante intestinal e multivisceral é um tema difícil e ainda se apresenta, muitas vezes, como uma das grandes barreiras dentro dos transplantes de órgão sólidos.

O médico narrou a evolução desse tipo de transplante e a própria história do transplante intestinal e multivisceral que, conforme explica, nas últimas décadas passou por quatro eras que começaram com o nascimento do transplante, em 1950, e se estendem até aos dias atuais.

Para o cirurgião, a primeira era foi o surgimento da técnica – realizada apenas em animais -; a descoberta de novos medicamentos; o estudo de como se comportariam os órgãos; até o primeiro transplante em humanos, que aconteceu de forma bastante rudimentar e com sobrevida curta do paciente.

Na segunda era, protocolos de conduta definiram a técnica cirúrgica e surgiram os primeiros centros especializados em transplante multivisceral no mundo. Na terceira fase, o procedimento passou de experimental para ser uma opção terapêutica de pacientes com falência intestinal com uma sobrevida de 65%. E a quarta etapa, dos dias atuais, aconteceu com o credenciamento do programa de transplante multivisceral no MED-Care dos EUA, que corresponde ao SUS, e a associação, cada vez maior, entre a oncologia e o transplante. Com isso, há uma ampliação das indicações, mais acesso, diminuição das taxas de rejeições, e as taxas de sobrevida chegam a 80%.

A sessão contou com a abertura do presidente da ANM, professor Rubens Belfort Jr., e a coordenação dos acadêmicos José de Jesus Camargo, presidente da Secção de Cirurgia, e Rossano Fiorelli, Secretário da Secção de Cirurgia.

Para acessar a sessão em vídeo, acesse https://bit.ly/3ytfuSb.



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