Síndrome Pós-COVID

 
 
     
  Coordenação:
Acad. Barros Franco e Acad. José Galvão-Alves
 
   
     
 
14h Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.
   
   
14h10 Importância do Tema e Conceito
Acad. Barros Franco
   
   
14h20 A visão do Infectologista
Acad. Celso Ramos
   
   
14h30 Alterações gastrointestinais
Acad. José Galvão-Alves
   
   
14h40 Coração
Acad. Fabio Jatene
   
   
14h50 Discussão
   
   
15h Pulmão
Acad. Patrícia Rocco
   
   
15h10 Fígado e Vias Biliares
Acad. Carlos Eduardo Brandão
   
   
15h20 Pele
Acad. Omar Lupi
   
   
15h30 Transplante Renal e pós-COVID
Acad. José Medina
   
   
15h40 Discussão
   
   
15h50 Rim
Acad. José Suassuna
   
   
16h Otorrino
Dr. Jair de Castro – Santa Casa RJ
   
   
16h10 Paciente oncológico no pós-COVID
Acad. Paulo Hoff
   
   
16h20 Retina
Dra. Heloisa Nascimento – Inst. Visão, UNIFESP
Jovem Liderança Médica da ANM
   
   
16h30 Discussão
   
   
16h40 Psiquiatria
Acad. Antonio Egídio Nardi
   
   
16h50 A importância da Reabilitação
Dr. Fabricio Braga Silva – Lab. Performance Humana
   
   
17h Lacunas na Assistência aos Sequelados
Cláudia Collucci – Jornalista, Folha de São Paulo
   
   
17h10 Discussão
   
   
17h45 Intervalo
   
 
Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina V
Ano Acadêmico 192
 
   
18h Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.
   
   
18h05 Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Carlos Eduardo Brandão
   
   
18h10 Comunicações dos Acadêmicos
   
   
18h30 Manifestações neuropsiquiátricas no Pós Covid – Encefalite
Dr. Flávio Kapczinski (UFRGS, McMaster e Acad. Bras. Ciências)
   
   
18h45 Sexualidade e COVID
Dra. Carmita Abdo (USP)
   
   
19h Discussão com a Bancada Acadêmica
   
   
20h Encerramento
   
 

AS SEQUELAS APÓS INFECÇÃO PELA COVID-19

“Estamos evoluindo no tema covid-19 pós fase aguda. A medicina e o conhecimento estão avançando, aliás a medicina deu um salto com a covidemia”, destacou o presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM), Rubens Belfort Jr., na abertura do simpósio Síndrome Pós-Covid, realizado no último dia 8 de abril de 2021.

“É muito importante nos preocuparmos com essa catástrofe que está acontecendo. A segunda fase, a síndrome pós-covid ou covid-longa, contribuiu para diminuição da mão de obra e, consequentemente, afeta a economia. O indivíduo permanece doente entre quatro e 12 semanas com manifestações clínicas severas o que incapacita a volta a rotina”, explicou o acadêmico Carlos Alberto Barros Franco.

O acadêmico esclarece que sintomas variados como pulmonares, cardíacos, neurológicos, gastrointestinais, psiquiátricos, entre outros, acometem cerca de 20% das pessoas no pós-covid e que é necessário dar assistência a essas pessoas, clinicamente e socialmente.

As alterações gastrointestinais têm várias formas de apresentação. Segundo o acadêmico José Galvão-Alves. o individuo não retorna ao normal de três a seis meses após a infeção. E, não há como dimensionar quem está suscetível a síndrome pós-covid. Sintomas como emagrecimento repentino, desnutrição e diarreias constantes são os mais comuns e podem durar semanas ou meses. “No tubo intestinal, o vírus é mais indolente”.

Nas complicações cardiovasculares, os sintomas pós-covid podem ser: lesão miocárdica e miocardite; síndrome coronariana aguda, insuficiência cardíaca, arritmias, alterações de coagulação e trombose. O acadêmico Fabio Jatene enfatiza como o coração pode ser impactado pelo vírus: 

– A covid-19 é grave e apresenta grande potencial de comprometimento cardiovascular. Evidências atuais já demonstram a necessidade de atenção especial aos pacientes do grupo de risco e a importância de um manejo adequado das complicações cardiovasculares, com rápida identificação e implementação de tratamento adequado, enfatizou Jatene.

“Entre os problemas da pandemia gostaria de lembrar que tivemos uma redução significativa nos exames preventivos do câncer e, consequentemente, uma redução nos diagnósticos precoces da doença. Nós tivemos redução na ordem de 70% a 90% nos exames de rastreamento de tumores importantes, como tumores de mama, próstata e colorretais. A recomendação de todas as sociedades relacionadas ao tratamento do câncer, neste momento, é que os diagnósticos e os procedimentos do tratamento ao câncer continuem apesar da pandemia, pois o risco do atraso é muito maior que o risco de exposição ao covid-19”, alertou o acadêmico Paulo Hoff.

Já na área pediátrica o cenário segundo o acadêmico Aderbal Sabrá também pode ser devastador. A síndrome inflamatória multissistêmica em pediatria atinge crianças e adolescentes. Quanto mais branda a fase aguda da covid 19, maiores as chances de evoluir para essa síndrome. Os sintomas aparecem de 2 a 6 semanas após a fase aguda da covid. E são febre alta e persistente e prostração. Cerca de 92% apresentam sintomas gastrointestinais como dor abdominal, diarreia e vômito. Já 80% apresentam alterações cardiovasculares, como por exemplo pressão baixa e outras; 74% têm alterações muco-cutânea e 70% têm sintomas respiratórios. “As comorbidades aumentam em cinco vezes a chance de complicações. A doença é potencialmente grave com risco de óbito nessa população”, alerta Sabrá.

A jornalista Cláudia Collucci, da Folha de São Paulo, falou sobre as lacunas na assistência aos sequelados.É um tema urgente a síndrome pós-covid pois o que percebemos hoje é que estamos em meio a um furacão tão gigantesco que tem pouca gente pensando sobre isso e traçando políticas públicas que precisaremos”. Para a jornalista, a rede particular está mais organizada com acompanhamento no pós alta do paciente, programas de reabilitação, telemedicina e serviços de home care, 

– O sistema público ainda está desorganizado e o serviço de atenção primária precisará de preparo para receber esses pacientes sequelados. E, por enquanto, não temos nado organizado. Vamos precisar mesmo é de políticas de atenção primária. Hoje, falta um protocolo. Cada serviço atende de uma forma. É mandatório que tanto o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se organizem para traçar políticas assistenciais as pessoas com sequelas que estão perdidas na rede suplementar e pública. A desassistência é total, salvo alguns serviços de excelência, mas é pouco e precisamos de protocolos bem definidos e políticas públicas à atenção primária capacitada e direcionada a esses pacientes”, desabafou Collucci.

Neuropatologias – Mais de 30% dos pacientes acometidos pela covid terão manifestações neuropsicológicas. O risco maior é para os pacientes que tiveram a forma grave da doença, mas os doentes com sintomas brandos também poderão sentir por até seis meses os efeitos da doença.

Demência, ansiedade, depressão, transtornos do pânico, delírios, ideias suicidas, acidentes vasculares cerebrais, entre outras são algumas das manifestações pós-covid, segundo o médico e pesquisador Flávio Kapczinski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, atualmente na Universidade Canadense McMaster.

Kapczinski falou sobre os estudos de neuropatologia pós-mortem e que ajudaram a ciência a desvendar as alterações inflamatórias causados pelo vírus no cérebro e também sobre tratamentos e a importância da reabilitação pós-covid que causará um impacto enorme tanto nos sistemas públicos de saúde como nos privados.

Outros convidados – Participaram ainda do Simpósio Síndrome Pós-covid vários outros convidados. Os acadêmicos Celso Ramos abordou a visão do Infectologista; Patrícia Rocco descreveu os agravos pulmonares; Omar Lupi apontou as afecções na pele; José Medina descreveu o cenário dos transplantes renais na pós-covid; José Suassuna enfocou os acometimentos no rim; Antônio Egídio Nardi fez reflexões sobre a psiquiatria; Dr. Jair de Castro, da Santa Casa do Rio de Janeiro, e os problemas da otorrinolaringologia; Dra. Heloisa Nascimento, do Instituto Visão, Unifesp e Jovem Liderança Médica da ANM; e Dr. Fabricio Braga Silva, do Laboratório Performance Humana abordou a importância da reabilitação.

A integra da sessão com todas as palestras está disponível no canal da ANM no YouTube. Vale conferir.

AMOR EM TEMPOS DE PANDEMIA

Como manter a vida sexual ativa em tempos de pandemia? E para aqueles que não tem parceiros (as) fixos (as)? Usar ou não máscaras durante o ato sexual? Há vírus da covid no sêmen e no fluxo vaginal? Estas foram algumas das questões debatidas pela psiquiatra e sexóloga, a professora da USP Carmita Abdo, em live promovida pela Academia Nacional de Medicina, no dia 8 de abril de 2021.

Carmita trouxe dados científicos de estudos brasileiros e outros internacionais sobre comportamento sexual desde que a pandemia pelo coronavírus se espalhou pelo mundo. Para as perguntas acima, há ainda lacunas. São poucos os estudos e com número reduzido de indivíduos analisados com relação à presença do vírus no sêmen e na vagina. Diante disso, novas pesquisas são necessárias. Carmita Abdo falou ainda sobre novas características que passaram a ser importantes nas relações sexuais como a necessidade de um preparo cuidadoso antes do ato sexual e o uso de máscaras durante o ato.

Com as medidas restritivas de confinamento, houve aumento dos casos de depressão e redução do interesse sexual, especialmente entre as mulheres, disse a pesquisadora. Por outro lado, ela contou que alguns hábitos cresceram como novos usuários em plataformas virtuais de relacionamento. Segundo Abdo, em março e maio de 2020, houve um incremento de mais de 150% de homens cadastrados em sites de encontro virtuais no Rio de Janeiro e em São Paulo, além do crescimento de tráfego em sites pornográficos. Por outro lado, identificou-se uma queda de 70% no movimento de motéis e decréscimo de 20% na compra de preservativos. Pesquisas internacionais ainda apontaram a queda no desejo de engravidar e, de forma semelhante, no uso de preservativo.

A pesquisadora ainda comentou sobre sequelas da covid, focando na prevalência da disfunção erétil em homens que tiveram covid, em estudo que comparou aqueles não acometidos pela doença. Outro dado científico aponta que indivíduos com disfunção erétil foram mais propensos a ter covid-19. 

Abdo também abordou a violência interpessoal e sexual causadas pelo confinamento, desemprego, sobrecarga de trabalho e reestruturação dos papeis familiares. Em Portugal, segundo ela, a violência física sofrida pelos homens foi maior do que sobre as mulheres.

Ao final do evento, o acadêmico e ex-presidente da Academia Nacional de Medicina, Jorge Alberto Costa e Silva, sugeriu que Carmita e seu grupo da USP desenvolvam uma cartilha sobre sexo seguro em tempos de pandemia.



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