Saúde e Ambiente

 
 
 
Coordenação:
Acad. Paulo Saldiva e Acad. Marcello Barcinski


 
     
 
15h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.
Coordenadores, Acad. Paulo Saldiva e Acad. Marcello Barcinski

   

Módulo I – Poluição do ar ambiente

   
15h10

Tipos de poluentes atmosféricos e suas fontes
Dra. Maria de Fátima Andrade
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP)

   
   
15h20

Mecanismos gerais de interação entre poluentes atmosféricos, tecidos e órgãos
Dra. Mariana Veras
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP)

   
   
15h30

Efeitos da poluição veicular sobre a saúde humana – estudos clínicos
Dr. Ubiratan de Paula Santos
Instituto do Coração (INCOR)

   
   
15h40

Efeitos da poluição do ar – modelos animais
Acad. Walter Zin

   
   
15h50 Discussão
   

Módulo II – Novos poluentes e grupos de risco selecionados

   
16h05

Poluição e gestação
Dra. Rossana Pulcinelli Francisco
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP)

   
   
16h15

Microplásticos ambientais
Dra. Thais Mauad
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP)

   
   
16h25

Queima de biomassa: composição e distribuição
Dr. Paulo Artaxo
Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF/USP)

   
   
16h35

Efeitos da queima de biomassa sobre a saúde humana
Dra. Sandra Hacon
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/RJ)

   
   
16h45 Discussão
   

Módulo III – Novos desafios: mudanças climáticas e urbanização

   
17h

Mudanças climáticas: estado atual e perspectivas futuras
Dr. José Marengo
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN)

   
   
17h10

Desenho urbano e adoecimento
Dra. Ligia Vizeu Barroso
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFCLH/USP)

   
   
17h20 Discussão
   
   
17h35 Intervalo
   

Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina XI –
Ano Acadêmico 192


   
18h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.

   
   
18h05

Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Carlos Eduardo Brandão

   
   
18h10 Comunicações dos Acadêmicos
   
   
18h20

Diálogos entre Saúde e Meio-Ambiente: oportunidades e desafios
Dr. Gilberto Natalini, médico e ambientalista

   
   
19h

Mesa Redonda
Coordenadores, Acads. Walter Zin, Paulo Saldiva e
Marcello Barcisnki
Jornalista Ana Lucia Azevedo – O Globo

   
   
19h40 Discussão com a Bancada Acadêmica
   
   
20h Encerramento
 
 

AMBIENTE E SAÚDE: DESAFIOS SEM FIM

O desafio da mídia e da comunidade médica científica é mostrar para a população a estreita correlação entre ambiente e saúde. Segundo o médico e ambientalista Gilberto Natalini, 96% reconhecem a existência de problemas ambientas, mas apenas 27% declararam-se dispostos a mudar hábitos individuais e coletivos para preservar o ambiente.

Gilberto Natalini, convidado da sessão científica sobre Ambiente e Saúde, promovida pela Academia Nacional de Medicina, no dia 20 de maio de 2021, lembrou que as cinco epidemias vivenciadas no mundo, nos últimos anos, foram motivadas por agressões à natureza. Ele ressaltou ainda  que a poluição ambiental mata 7% da população mundial todos os anos. Segundo Natalini, os médicos recebem, a cada dia, em seus consultórios, as consequências do efeito de um dos seis tipos de poluição (ar, água, solo, visual, sonora e climática). Por outro lado, nem sempre os pacientes têm consciência da estreita relação entre poluição e agravos na saúde. “Por isso, precisamos mostrar essa faceta de forma ampliada, incluindo os alunos inscritos em cursos de medicina.”

A live contou com abertura do presidente da Academia Nacional de Medicina, Rubens Belfort Jr, que apontou a importância dessa temática para toda sociedade e ressaltou sua esperança para que o assunto seja debatido por outras instituições e atitudes sejam tomadas para mudanças dos rumos atuais. A organização do evento foi dos acadêmicos Paulo Saldiva e Marcello Barcinski.

Segundo Saldiva, a poluição ambiental não agride só o corpo, agride a dignidade humana, pois o consumo da água ou do ar poluído não é uma escolha. Não temos como controlar. Sendo assim, a discussão abordada é um tema médico, científico, econômico, cultural e também de outras áreas correlatas.

Os convidados ainda abordaram a inalação da poluição doméstica com a queima de lenha, lixões, carvão, querosene e as consequências para os indivíduos, provocando danos em pessoas saudáveis e outras que já sofrem de males como doenças pulmonares, diabetes e hipertensão.

A obstetra Rossana Pulcinelli Francisco, outra convidada, abordou os efeitos da poluição em gestantes. Os efeitos na gestação ainda são mais preocupantes, pois podem afetar diretamente à formação do feto e à saúde da mãe. Segundo ela, a inflamação sistêmica da mãe, provocada por poluentes, pode influenciar o crescimento da placenta, aumentando o risco de morte fetal.

O simpósio ainda contou com apresentações de diversos convidados como a professora Maria de Fátima Andrade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, que abordou os tipos de poluentes atmosféricos e suas fontes. A professora Mariana Veras, da Faculdade de Medicina da USP, palestrou sobre poluição atmosférica e interação entre tecidos e órgãos. Durante sua apresentação, a mesma afirmou que pessoas não fumantes, mas que vivem em cidade grande, sofrem consequências pulmonares: é como se elas fumassem cinco cigarros por dia. A poluição veicular sobre a saúde humana foi discutida pelo médico Ubiratan de Paula Santos, do Incor, e o acadêmico e professor da UFRJ, Walter Zin, abordou os efeitos da poluição do ar em modelos animais.

Em um segundo bloco de discussões, o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, apresentou dados sobre a queima de biomassa afirmando que do Rio Grande do Sul até o Amapá sempre há focos de queimadas em nossos biomas. É um problema nacional, que é para além da Amazônia, causando impacto tanto ao ambiente como na saúde. De acordo com ele, em setembro de 2020, o país chegou a ficar com 60% de sua área coberta por fumaça oriunda das queimadas. Outra convidada foi a pesquisadora Sandra Hacon, da Fiocruz, que apresentou os efeitos dessa queima sobre a saúde humana, segundo ela 1/4 das mortes por doenças circulatórias e 1/3 das mortes por AVC, câncer e doenças respiratórias são causadas pela exposição à poluição.

“Novos desafios: mudanças climáticas e urbanização” foram temas debatidos no terceiro módulo do simpósio. José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, abordou o estado atual e perspectivas em mudanças climáticas. Segundo ele, todos os aspectos do clima relacionado à saúde têm avançado, já passou da época em que mudança climática era assunto apenas para climatologistas. Na atual conjuntura, o trabalho é em equipe e isso envolve também profissionais da saúde.

Por fim, uma mesa redonda com os acadêmicos Marcello Barcinski, Paulo Saldiva e Walter Zin e a repórter especial do Jornal O Globo, Ana Lúcia Azevedo, debateu de aspectos filosóficos a rotineiros impostos pelas questões ambientais e sanitárias.

O acadêmico Barcinski falou sobre conflitos de interesse do Homo sapiens e a falta de inteligênciaquando se agride o ambiente, discorrendo ainda sobre humanismo e o Universo; as tensões evolutivas e os perigos da extinção da humanidade, até então, salvas pela tecnologia.

O acadêmico Zin lembrou os estragos provocados pelas grandes civilizações no decorrer do século XIX, exemplificando com a colonização africana e a catástrofe para a Humanidade. O médico Paulo Saldiva, também acadêmico, compartilhou o horror que sente pelo atual cenário imposto com a pandemia pela covid-19 e lembrou de ações exitosas que vivenciamos como, por exemplo, da adoção da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco.

– O Brasil conseguiu reduzir o número de fumantes de 30%, na década de 80, para cerca de 10% da atual população brasileira, porque houve um controle da propaganda, além de outras medidas, o que não vemos hoje em ações para o controle da epidemia da covid.”

A jornalista Ana Lúcia Azevedo, do Globo, provocou os acadêmicos com perguntas sobre o papel dos médicos e pesquisadores em relação ao negacionismo da ciência, nesse momento, que ela considera como a “tempestade perfeita”. O que mais pode ser feito tanto pela imprensa como pela comunidade científica para conscientizar a sociedade em relação às crises ambientais e sanitárias foi a tônica dos questionamentos e reflexões.



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