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O que pensam os cirurgiões idosos sobre seu futuro na profissão? Uma pesquisa realizada, recentemente, pelo acadêmico Henrique Murad, revelou dados importantes sobre os cirurgiões idosos da Academia Nacional de Medicina e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV).
Os resultados apontam que 25% dos cirurgiões idosos da ANM têm mais de 80 anos e, na SBCCV, 50% estão na faixa dos 65 a 70, sendo que cerca de 80% dos médicos, de ambas as instituições, ainda operam. Dentro o público-alvo da pesquisa, apenas 5% apresentam alguma doença incapacitante para o exercício da profissão e 10% têm alguma dificuldade física.
Entre as razões pelas quais continuam operando, a necessidade de sentir-se útil. Cerca de 45% dos entrevistados opinaram que não têm medo de continuar operando, 47,5% responderam que pretendem parar em cinco anos e 30% nunca parariam as cirurgias. Quando perguntados sobre o futuro, médicos apontaram o ensino (47,5%) como principal atividade em substituição à cirurgia, seguido de cargos administrativos (25%).
Os resultados da pesquisa foram apresentados durante o simpósio virtual da ANM “Reflexões sobre o cirurgião idoso”, realizado no dia 25 de junho de 2020. Foram entrevistados 40 cirurgiões idosos.
A experiência e conhecimento acumulados dos cirurgiões sênior são um ativo inestimável e, portanto, devem ser respeitados e mantidos como fonte de formação para jovens profissionais. Além disso, cirurgiões idosos compõem uma força importante de trabalho e não há um momento preciso para parar, mas eles podem e devem se planejar para realizarem outras atividades médicas, nas áreas de ensino, em cargos administrativos, em sociedades de classe ou até mesmo hobbies. Durante o evento, diversos convidados abordaram como o processo de envelhecimento afeta as habilidades cirúrgicas, quais opções estão disponíveis para o cirurgião idoso e se há momento exato para aposentar o bisturi.
100 dias de solidão – “Vivemos uma tempestade perfeita, cujos desdobramentos assistimos perplexos.” Com esta frase, o geriatra Alexandre Kalache, presidente do International Longevity Center-Brazil, abriu sua palestra nessa sessão do dia 25 de junho de 2020.
Kalache traçou elos entre algumas obras de Gabriel Garcia Marques, “A Peste”, de Albert Camus e o livro “1984” de George Orwell ao descrever o cenário da pandemia por covid-19 no Brasil onde, segundo ele, há um verdadeiro gerontocídio com o assassinato de idosos.
O convidado ainda abordou o desrespeito à ciência, à saúde e à cultura, nos tempos atuais, e ressaltou que se não fosse o SUS, teríamos o dobro ou o triplo de mortes provocadas pelo novo coronavírus.
Residência para idosos – Quais os riscos para idosos que moram em casas de repouso ou de longa permanência nesse período de pandemia por covid-19? E que experiências podem auxiliar para barrar a propagação da doença? Estas foram algumas perguntas respondidas pelo geriatra João Toniolo, da Escola Paulista de Medicina, outro convidado do simpósio promovido pela ANM, no dia 25 de junho de 2020.
Toniolo lembrou que, com o confinamento, a grande maioria dos idosos parou de se exercitar, pegar sol e fazer controle para doenças crônico-degenerativas e, com isso, houve aumento do risco de quedas por conta da osteoporose, AVCs e diabetes descontroladas, hipertensão, além de outros agravos de saúde.
O convidado mostrou dados sobre os 200 mil idosos que vivem em residências de longa permanência e quais os cuidados integrais que podem ser adotados para detecção precoce e prevenção de contágio por covid-19, segundo o modelo Kanban – uma palavra japonesa que significa registro e contribui para gerenciamento do cuidado.