Simpósio na Academia Nacional de Medicina aborda suicídio: Causas, tratamentos e prevenção

07/10/2024

Na última quinta-feira, 3 de outubro, a Academia Nacional de Medicina recebeu um Simpósio sobre suicídio, organizado pelos Acadêmicos Antonio Egidio Nardi e Flávio Kapczinski. O evento teve início com a discussão sobre a temática ao longo da história, que teve base nas reflexões do artigo “Memórias e Suicídio na Literatura”, escrito pela Acadêmica Margareth Dalcomo; e na obra clássica “Inferno de Dante”. Este primeiro momento foi ministrado pelo Professor Antônio Braga (UFRJ/UFF).

Professor Antônio Braga (UFRJ/UFF) abre discussão sobre suicídio sob perspectiva histórica

Entre os tópicos abordados, destacou-se também a aplicação da Inteligência Artificial (IA) na detecção de riscos de suicídio. Doutor em modelagem computacional com especialização em sistemas biológicos e neurociência computacional, Felipe Dalvi enfatizou como algoritmos podem analisar dados de forma mais profunda, revelando características do suicídio que muitas vezes passam despercebidas. Essa abordagem inovadora promete aprimorar a identificação de indivíduos em risco.

Felipe Dalvi enfatizou como algoritmos da IA podem analisar dados sobre suicídio de forma mais profunda

Outro ponto importante discutido foi a estimulação cerebral no contexto do risco de suicídio. A técnica, que utiliza estímulos eletromagnéticos para modificar a atividade cerebral, mostrou-se eficaz em até 40% dos tratamentos, especialmente em casos de depressão. A possibilidade de integrar essas novas tecnologias ao tratamento da saúde mental foi considerada crucial para enfrentar o aumento das taxas de suicídio.

Os estudos apresentados também abordaram a relação entre suicídio e homicídio, identificando o público mais propenso a essa dupla tragédia. Alexandre Valença, professor do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Saúde Mental do IPUB/UFRJ, argumentou a favor de uma ampliação no tratamento de saúde mental e no controle de armas de fogo, evidenciando a intersecção entre esses problemas.

Professor Alexandre Valença discute sobre os aspectos forenses do homicídio seguido de suicídio

Particularmente alarmante foi a crescente taxa de suicídio entre adolescentes no Brasil. Entre 2018 e 2023, a taxa de suicídio entre jovens de 10 a 24 anos subiu de 6,8 para 10,7 por 100 mil habitantes. O suicídio já é a segunda causa de morte em indivíduos de 10 a 14 anos. Embora não exista uma explicação clara para esse aumento, pesquisas apontam que a pandemia da Covid-19 teve um impacto significativo, exacerbando os problemas de saúde mental entre os jovens.

Os fatores de risco associados ao suicídio também foram tema de debate, com ênfase nos transtornos alimentares, especialmente no segmento intitulado “O Comer Compulsivo e Suicídio”. Além disso, a discussão sobre como o suicídio é retratado em filmes, elencado pelo Acadêmico Nardi, ressaltou a importância da representação midiática e seu impacto na percepção pública do problema.

Acadêmico Antonio Egidio Nardi fala sobre suicídio com ênfase na abordagem de filmes e séries

O Simpósio foi concluído com um apelo à sociedade para que se engaje na prevenção do suicídio, enfatizando a necessidade de um olhar atento e solidário para com aqueles que enfrentam essas questões. O evento marcou um passo significativo na busca por soluções para um problema que continua a desafiar a saúde pública em todo o mundo.

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