No 14º ano em que se comemora o Dia Mundial do Rim na Academia Nacional de Medicina, o Acad. Omar da Rosa Santos organizou Simpósio abordando as principais questões relacionadas à saúde renal, nomeando o evento “Lição Nestor Schor”, em homenagem ao saudoso Acadêmico, falecido em 3 de fevereiro de 2018. Em sua fala introdutória, Omar da Rosa Santos destacou que Nestor Schor foi exemplo da prática da “medicina da bancada até a clínica”, atualmente conhecida como Medicina Translacional.
O Simpósio, realizado na quinta-feira (28), contou com a presença de inúmeros especialistas de saúde renal no Brasil, incluindo a Presidente da Sociedade Nefrológica do Estado do Rio de Janeiro (SONERJ), Dra. Beatriz Penedo Leite, que reiterou a importância da realização de eventos como esse na Academia Nacional de Medicina.
Com palestra intitulada “Panorama dos Transplantes no Hospital São Francisco na Providência de Deus”, a Dra. Tereza Matuck (HSF) ressaltou que o Serviço de Transplante Renal do HSF, inaugurado em fevereiro de 2013, conta com uma média de 1.100 consultas ambulatoriais por mês, em um sistema que oferece cirurgias, consultas e exames ambulatoriais tanto para o paciente que aguarda um órgão compatível quanto para aqueles que estão na fase de acompanhamento pós-cirúrgico. Considerado hospital de referência em transplantes renais e de fígado, o HSF oferece, ainda, o serviço de Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO), que tem como objetivo exercer atividades de identificação, manutenção e captação de potenciais doadores para fins de transplantes de órgãos e tecidos.
O Acad. José Suassuna, que também é Diretor do Departamento de Insuficiência Renal Aguda da Sociedade Brasileira de Nefrologia, fez apresentação abordando a “Epidemiologia na Insuficiência Renal Aguda no Rio de Janeiro”, chamando atenção para o fato de que, apesar de se tratar de uma doença agressiva, de alta morbidade e alta mortalidade, a Insuficiência Renal Aguda é uma das doenças que mais carece de uma base robusta de dados epidemiológicos. Segundo o nefrologista, uma boa base de estudos epidemiológicos é essencial para o planejamento e avaliação de estratégias de prevenção e também de orientação para pacientes nos quais a doença já se desenvolve.
Na sequência, o Acad. Mauricio Younes abordou o “Estudo Clínico Patológico da Leptospirose Humana”, ressaltando que existem importantes peculiaridades da insuficiência renal aguda na leptospirose, como o distúrbio eletrolítico com hipocalemia paradoxal, antibióticos efetivos na fase inicial da doença e o fato de que diálise precoce interfere no desfecho da doença. Acerca das peculiaridades no tratamento, destacou a importância da reposição do potássio corporal e da prevenção da depleção de potássio causada por diuréticos, diálises e insulinoterapia. Além deste fato, apontou a prevenção da lipotoxicidade como um importante fator para monitorar a reposição de albumina e o tratamento hemodialítico.
Sobre os “Avanços na Fisiopatologia da Leptospirose Humana”, o Acad. Manassés Claudino Fonteles ressaltou que uma das maiores dificuldades no trabalho da fisiopatologia da leptospirose é a baixa dosagem das amostras com as quais é possível trabalhar. Apesar deste fato, apontou que os estudos desenvolvidos já possuem resultados contundentes. A leptospira apresenta dupla menbrana celular que apresenta importante papel patogênico. Os fatores de virulência ainda não são totalmente definidos, mas sabe-se que os lipopolissacárides da leptospira interagem com o receptor Toll-like ou TLR4 e iniciam os mecanismos da cascata da sepse. Outros mecanismos implicados na patogênese da leptospirose são a indução de apoptose, a existência de proteína que se liga à fibronectina e a interferência em canais Na-K-ATPase dependentes em segmentos isolados de néfrons.
Ao final das apresentações seguiu-se profícua sessão de discussões, da qual participaram, os Drs. Walter Gouvea (AMRJ), Murilo Leite Junior (UFRJ), João Luiz Ferreira da Costa (Unirio) e o Correspondente Nacional Valdebrando Lemos.