“A medicina de precisão tenta garantir que o tratamento certo seja entregue ao paciente certo, no momento certo”. A busca da equidade por meio da inteligência Artificial (IA) foi um dos temas do simpósio Inteligência Artificial em Saúde, promovido, no dia 13 de maio de 2021, pela Academia Nacional de Medicina (ANM).
O evento contou com a abertura do Presidente da ANM, o acadêmico Rubens Belfort Jr. Belfort lembrou que a IA sem a inteligência humana não funciona e mostrar isso, sobretudo, aos jovens médicos e a todos do complexo da saúde é primordial.A coordenação do evento foi dos acadêmicos Giovanni Cerri e Rossano Fiorelli e do Jovem Líder Médico da ANM, Fabio Ynoe de Moraes.
O acadêmico Cerri destacou o impacto da IA na redução do erro médico tanto do ponto de vista do paciente como da economia. Cerri também questionou a plateia e os convidados sobre quais os caminhos que devem ser trilhados para quem tem uma ideia inovadora? Já acadêmico Rossano Fiorelli fez, dentre seus comentários, uma analogia entre o impacto da IA na atualidade e quatro marcos da história da cirurgia: o domínio da anatomia humana, a antissepsia cirúrgica, a cirurgia sem dor com o advento da anestesia e a descoberta da penicilina. O médico Fabio Ynoe de Moraes, da Queen’s University do Canadá, apontou a importância da precisão e da acurácia nos tratamentos. “Como o tempo dos médicos com pacientes está cada vez mais reduzido, a IA pode auxiliar nas relações e tratamentos, principalmente, no campo da oncologia”, disse.
O acadêmico Paulo Hoff acrescentou reflexões sobre a IA na área da oncologia. “Não sabemos se a IA será uma extensão, algo que completa, uma nova ferramenta na vida do médico, ou se será uma tecnologia substitutiva. “Um medo recorrente em diversas áreas, pois não sabemos como serão os desdobramentos futuros. Neste momento, tendo a IA como uma extensão, avançamos bastante, principalmente, na avaliação por imagens com muito mais acurácia, inclusive reduzindo o tempo de pacientes em consultórios.
Os palestrantes mencionaram os muitos desafios a serem superados na implementação de ações de IA na medicina. E uma delas é o enfrentamento das iniquidades em saúde, tais como melhorar as condições de vida diária: as circunstâncias em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem; segurança alimentar e urbanização. Expandir o conhecimento, e a conscientização pública sobre Determinantes Sociais da Saúde, além de envolver ações sociais, educacionais, econômicas e de infraestrutura.
– Um dos grandes benefícios da IA reside na sua habilidade para aprender por meio de experiências com um feedback do mundo real e a sua capacidade de melhorar o desempenho para todos. É necessário um esforço entre qualidade, segurança, custos e resultados assistenciais, com os pacientes no centro do cuidado”, enfatizou o acadêmico Maurício Magalhães.
Outro convidado do evento foi Tobias Zobel, diretor da Plataforma de Inovação em Saúde Digital, da Alemanha, que contou aos participantes sobre as leis do país para o uso de dados de pacientes, incluindo aspectos éticos, privacidade e o consentimento; e como esses dados podem ser úteis para criar prognósticos e recomendações, contribuindo para o incremento do tratamento e da qualidade de vida de todos, reduzindo ainda burocracias e criando novos empregos.
O diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo, Paulo Schor, também abordou temas como privacidade, conhecimento e inteligência artificial. “Não só os dados de pacientes, mas os nossos dados pessoais também estão sendo desafiados na atualidade.
Orquestra cirúrgica – Pioneiro em refletir sobre a utilização das técnicas de IA na cirurgia, Roger Dias, da Harvard Medical School, foi outro palestrante. Dias contou as experiências em andamento nos Estados Unidos com foco principal na performance da equipe médica no centro cirúrgico, aliada ao suporte oferecido pelos hospitais, visando a segurança do pacientes. Essa verdadeira orquestra cirúrgica, segundo ele, precisa estar completamente em sintonia com o objetivo de reduzir erros médicos. As equipes da Harvard Medical School em parceria com Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveram técnica de IA que analisa toda a movimentação dos profissionais durante um procedimento cirúrgico e, a partir dessas análises, elabora protocolos para aumentar a segurança dos pacientes.
Acesse a íntegra de todas as palestras do simpósio pelo canal da ANM no YouTube: https://www.anm.org.br/simposio-de-inteligencia-artificial-na-saude-presente-e-futuro-13-de-maio-de-2021-parte-i/