Redução das cesarianas contra a mortalidade materna

06/03/2015

A opção pela cesariana e os riscos deste tipo de parturição tomou conta dos debates no “Simpósio Sociedade e Resolução do Parto”, realizado na última quinta-feira, 5 de março, na Academia Nacional de Medicina. O tema do evento – organizado pela Acadêmica Anna Lydia Pinho do Amaral, com a coordenação do Acadêmico Carlos Antonio Barbosa Montenegro – foi abordado por diferentes vieses pelos debatedores, os médicos Luiz Camano, Marcelo Goulart, Vera Fonseca e Terezinha de Santos. “Infelizmente a mortalidade feminina continua alta”, disse a acadêmica Ana Lydia.

Em sua apresentação, intitulada “Sociedade e Resolução do Parto”, o ginecologista Camano apresentou números que vão na contramão da alta mortalidade materna atribuída à cesariana, da ordem de 64 por 100 mil nascimentos. Dados do Hospital Santa Joana, a maior maternidade privada do Estado de São Paulo, segundo ele, indicam que num total de 140 mil partos eletivos, houve somente seis óbitos, índice que está alinhado aos dos países mais desenvolvidos. “A mortalidade materna na cesárea aumenta, mas cai expressivamente na cesárea eletiva, que é aquela a pedido do paciente”, explicou.

O segundo conferencista, Dr. Marcelo Goulart atribuiu a baixa remuneração dos médicos pelos planos de saúde e a ausência de leitos a grande incidência de partos por cesarianas no País. “Ninguém defende a grande incidência de cesarianas, que chega a 90% dos partos na rede privada”, disse.

Ao expor a posição do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) sobre o tema, que reflete a do Conselho Federal de Medicina (CFM), a diretora da Câmara Técnica de Ginecologia-Obstetrícia do órgão, professora Vera Lúcia Mota da Fonseca, demonstrou preocupação com a recente Resolução Normativa 368 da Agencia Nacional de Saúde (ANS) publicada no dia 7 de janeiro e que, entre outras, determina que as clientes de planos de saúde poderão solicitar às operadoras os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. Para o CREMERJ, as medidas anunciadas podem causar problemas e não levaram em consideração aspectos como a autonomia das pacientes.“As medidas são baseadas em informações imprecisas, em decisões divergentes que não vão reduzir o número de cesáreas”, disse.

No documento do CFM levado ao Ministro da Saúde os médicos estão propondo um conjunto de ações para reduzir o número de cesáreas, que vão desde a melhoria da estrutura hospitalar, com maior oferta de leitos públicos, até a implantação de equipes multidisciplinares nas maternidades. “Muitas maternidades fecharam nos últimos anos. Não há como fazer parto normal sem leitos”, enfatizou a Dra. Vera Fonseca

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