Prevenção de Suicídio

 
 
 
     
  Coordenação:
Acad. Antonio Egidio Nardi

Organização:
Dr. Ives C. Passos
Jovem Liderança Médica da ANM e UFRGS

Dr. Pedro Mario Pan Neto
Jovem Liderança Médica da ANM e UNIFESP

Dr. Raffael Massuda
Jovem Liderança Médica da ANM e UFPR

Dr. Rafael C. Freire
Jovem Liderança Médica da ANM, Queen’s University – Canada e UFRJ
 
     
     
 
14h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.

Coordenador, Acad. Antonio Egidio Nardi

   
   
14h15

Conseguiremos prever o suicídio?
Dr. Ives C. Passos – JLM da ANM e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

   
   
14h30

Suicídio em tempos de pandemia por COVID19
Dr. Rafael C. Freire – JLM da ANM, Queen’s University – Canada e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

   
   
14h45

Suicídio em jovens no Brasil
Dra. Verônica de Medeiros Alves – Universidade Federal de Alagoas (UFAl)

   
   
15h

Marcadores inflamatórios e suicídio
Dra. Laiana Azevedo Quagliato – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

   
   
15h15

Transtornos de ansiedade e suicídio
Dr. José Alexandre Crippa – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto (USP-RP)

   
   
15h30

Suicídio nos Transtornos Psicóticos
Dr. Raffael Massuda – JLM da ANM e Universidade Federal do Paraná (UFPR)

   
   
15h45

Transtorno depressivo e suicídio
Dra. Fabiana Leão Lopes – National Institute of Mental Health (NIMH) – Brown University, USA

   
   
16h

Fatores Agravantes da Saúde Mental do Estudante de Medicina
Dr. Alberto Schaneider – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

   
   
16h15

Autoagressividade, autolesão e suicídio em jovens
Dr. Pedro Mario Pan – JLM da ANM e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

   
   
16h30

Suicide in European Union
Dr. Mauro Carta – Università degli Studi di Cagliari, Italia

   
   
16h50

Discussão

   
   
17h

Intervalo

   
 
Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina XXV
Ano Acadêmico 192
 
   
18h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina, Acad. Rubens Belfort Jr.

   
   
18h05

Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Carlos Eduardo Brandão

   
   
18h10

Comunicações dos Acadêmicos

   
   
18h30

Bases genéticas do suicídio
Dr. Gustavo Turecki – McGill University, Canada

   
   
18h50

Suicídio e transtorno bipolar
Dr. Flávio Kapczinski – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Academia Brasileira de Ciências (ABC)

   
   
19h10

Comentários
Acad. Jorge Alberto Costa e Silva

Acad. Antonio Egidio Nardi

   
   
19h30

Discussão

   
   
20h

Encerramento

 
     
 

SUICÍDIO: EPIDEMIA SILENCIOSA

“O homem inteligente resolve um problema; o sábio previne.” Com esta frase de Albert Einstein, o psiquiatra Flávio Kapczinski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, deu início a sua palestra no simpósio promovido pela Academia Nacional de Medicina sobre “Prevenção ao suicídio”, no dia 2 de setembro de 2021. 

Segundo dados apresentados por Kapczinski, a cada ano, 800 mil pessoas tiram a própria vida no mundo. A mortalidade por doenças como AVC, aids, cardiopatias, leucemias tem caído de forma expressiva. Infelizmente, a curva de mortalidade em decorrência do suicídio se mantém estagnada em um patamar elevado. No ranking mundial, o Brasil ocupa o 72o lugar na mortalidade por suicídio, mas o que tem preocupado as autoridades de saúde foi o aumento de 30% no número de casos nos últimos 25 anos, e o número crescente de jovens e adultos jovens que tiram a vida.

Kapczinski esclarece que 90% das pessoas que cometem suicídio apresentam uma doença psiquiátrica. A predisposição ao suicídio foi o tema apresentado pelo médico brasileiro Gustavo Turecki, da McGill University, no Canadá. Turecki falou sobre os fatores familiares, genéticos e as experiências traumáticas na infância como abuso, violência e abandono e, como isso, pode afetar a plasticidade cerebral, ainda na infância, e levar a transtornos como de ansiedade, depressão e predisposição ao suicídio. O importante é a prevenção com o diagnóstico precoce e tratamentos, hoje, considerados eficazes. 

A sessão científica “Prevenção ao suicídio”, promovida pela Academia Nacional de Medicina, foi coordenada pelo acadêmico Antonio Egidio Nardi e pelos jovens líderes médicos da ANM, Ives Passos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Pedro Mario Pan Neto, da Unifesp, Raffael Massuda, da Universidade Federal do Paraná e Rafael Freire, da Queen’s University, do Canadá e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Na abertura do evento, o presidente da ANM, Rubens Belfort Jr., declarou: “temos necessidade de diminuir os gaps da sociedade, entre ricos e pobres e entre os gêneros; aumentar o acesso aos serviços e saúde e sempre valorizar a vida. Esse é o papel da ANM: trazer temas relevantes para o debate.” O ex-presidente da ANM, Jorge Alberto Costa e Silva foi o comentarista da sessão e relacionou o suicídio a um campo multidisciplinar, que envolve diversas áreas como a antropologia, a biológica, a ética, a cultura, religião e, em tempo atuais, a globalização e conectividade exacerbada.

Uma epidemia silenciosa – Em sua palestrao médico Ives C. Passos (UFRGS) completou dados sobre a epidemiologia do suicídio.  “Segundo ele, nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa atual é de 10,7 suicídios por 100 mil habitantes. No Brasil, os homens cometem suicídio quatro vezes mais que as mulheres e as taxas são em torno de seis por 100 mil habitantes. Alguns autores chamam-na de a epidemia silenciosa.” Para Passos, uma forma de prevenção é instrumentalizar os médicos de atenção primária para detecção precoce dos pacientes com potencial para o suicídio. 

Na palestra “Suicídio em tempos de pandemia por covid-19”, o médico Rafael Freire fez uma revisão de epidemias passadas, como a Influenza, entre 1889 e 1893, no Reino Unido; e a SARS que ocorreu em 2003, em Hong Kong. Segundo ele, nesse período, houve um aumento de 25% nas taxas de suicídio entre as

populações afetadas. Freire conta que há uma hipótese sobre a ativação do sistema imunológico como uma repercussão na saúde mental e apontou os fatores psicossociais, ou seja, os gatilhos mais frequentes para o comportamento suicida em tempos de pandemia: dificuldade financeira; luto; uso de substâncias (lícitas e ilícitas); violência doméstica; término de relacionamentos; inatividade; acesso restrito aos serviços de saúde; isolamento social; sentimento de solidão; ansiedade relacionada à saúde; medo de contrair a covid-19. 

A epidemia silenciosa entre os jovens foi apresentada pela médica Verônica de Medeiros Alves, da Universidade Federal de Alagoas (UFAl). Ela trouxe dados do Boletim da Organização Mundial de Saúde, onde se vê que entre 19 a 29 anos o suicídio é a 4ª causa de morte entre homens e mulheres. Segundo ela, ainda existe o subregistro em muitas cidades. A médica traçou o perfil do comportamento suicida nos jovens e seus fatores de risco: depressão, ansiedade, autopercepção negativa, hostilidade, insatisfação corporal, problemas socioeconômicos, exclusão social – devido a características raciais e sexuais -, problemas familiares e amorosos, perdas de pessoas queridas, relatos de violência sexual, desemprego e problemas financeiros, bullying e uso de drogas e álcool. 

Outros fatores como a fobia social, transtornos de pânico, de estresse pós-traumático, obsessivo compulsivo, ansiedade generalizada – preocupação excessiva -, fobia, fadiga crônica e Burnout ocupacional foram outros aspectos que podem levar ao suicídio, como pontuou o médico José Alexandre Crippa, da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 

 “Suicídio é um tema delicado e muito importante, principalmente, nesse momento que estamos vivendo. Precisamos falar sobre suicídio e quebrar mitos e diminuir os estigmas,” reforçou o médico Raffael Massuda, da UFPR e também do Programa de Jovens Lideranças Médicas da ANM. Ele ressalta que, quando falamos de transtornos psicóticos, analisamos especialmente, a esquizofrenia. A prevalência da esquizofrenia na população geral é em torno de 0,5% a 1% e é a 12ª doença incapacitante do país. “Pacientes com esquizofrenia podem ter uma morte precoce em decorrência ao suicídio. Esses pacientes têm nove vezes mais risco de comportamento suicida do que a população geral”.  

“Nós, prestadores de cuidados da área de saúde, como profissão nos dedicamos a diminuir o sofrimento e salvar vidas, evitando o suicídio ao tratar eficazmente a depressão, estamos avançando na redução do suicídio, mas muitas vezes suportamos o terrível infortúnio de perder um de nossos próprios pacientes por suicídio. Isso serve como um lembrete gritante das inadequações das nossas terapias quando se trata de prevenir o suicídio”, declarou a médica Fabiana Leão Lopes, da National Institute of Mental Health, Brown University, dos Estados Unidos.

Ainda participou do evento o médico italiano Mauro Carta, da Università degli Studi di Cagliari, que falou sobre programas europeus de prevenção ao suicídio entre os adolescentes.  

Para a rever a sessão, acesse:
Parte I – https://www.anm.org.br/simposio-prevencao-de-suicidio-2-de-setembro-de-2021-parte-i/

Parte II – https://www.anm.org.br/simposio-prevencao-de-suicidio-2-de-setembro-de-2021-parte-ii/



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