Pedro Francisco da Costa Alvarenga

O Dr. Pedro Francisco da Costa Alvarenga nasceu em Oeiras, Piauí, em 1826 e faleceu em Lisboa, Portugal, em 14 de julho de 1883. Era neto do português Francisco José da Costa Alvarenga, homem culto e inteligente que, embora sem as láureas acadêmicas, fazia as vezes de médico na província.

Em 1834, deixou Oeiras, então capital do Piauí (capital de 1759 a 1852), com apenas 8 anos de idade, mudando-se com toda a família para Portugal e nunca mais retornou à sua terra natal.

Em Lisboa, ainda adolescente, cursou Matemática na Escola Politécnica e Zoologia na Academia de Ciências. Em 1845 matriculou-se no curso de Medicina da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, concluindo-o com louvor em 1850. Depois de formado, rumou para a Bélgica, doutorando-se com brilhantismo pela conceituada Universidade de Bruxelas, em 1852.

De retorno a Portugal, iniciou o trabalho de atendimento clínico, tornando-se médico efetivo do Hospital de São José, da Santa Casa de Misericórdia, subdelegado de saúde e médico honorário da Câmara de Sua Majestade Fidelíssima. Foi, entretanto, inexcedível em sua luta de amparo aos enfermos durante as duas grandes epidemias de “cholera morbus” e de febre amarela, que assolaram a capital portuguesa (1853 – 1856), assumindo a direção de vários hospitais especialmente montados naquela oportunidade. Por esse tempo adquiriu grande reputação, sendo chamado a toda parte. Era o médico de Lisboa. Segundo a imprensa da época, se não bastasse a sua profícua produção acadêmica, bastava ouvi-lo “para se reconhecer o médico que sabe fazer o diagnóstico das doenças de peito com precisão quase matemática. A auscultação, a percussão, a mensuração, assim como os demais meios de descobrir as doenças, têm no Sr. Alvarenga um apaixonado cultor”. E mais, “em tão breves anos não é fácil adquirir neste país maior soma de conhecimentos teóricos e práticos do que possui o Sr. Dr. Alvarenga” (A Revolução de setembro, nº 6045, de 8.7.1862; A crença, de 9.7.1862).

Concomitantemente ao atendimento clínico, dedicou-se com afinco e denodo ao ensino e à pesquisa, encetando vitoriosa carreira acadêmica. Em 1862, depois de consagradora aprovação em concurso público, assumiu a Livre-Docência de Matéria Médica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde se formara doze anos antes.

Em 1853, fundou e tornou-se o principal redator da Gazeta Médica de Lisboa, conceituada revista que circulou até o ano de 1875, de onde vários artigos foram traduzidos e divulgados em outras importantes publicações científicas europeias. Dada à sua notoriedade acadêmica, ingressou como sócio efetivo na Academia Real de Ciências e Correspondente na Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro, além de mais de trinta associações de ciências e letras da Europa. Foi agraciado com títulos e comendas em diversos países.

Realizou inúmeras descobertas científicas. Porém, o que mais notabilizou o seu nome foi a descoberta, em 1856, do sinal do duplo sopro crural da Insuficiência Aórtica, também conhecido como “Sinal Alvarenga-Duroziez”. Ocorre que aquele conhecido cardiologista francês observara o mesmo sinal seis anos depois e então estava sendo ensinado na escola francesa com o nome exclusivo deste. Entretanto, Costa Alvarenga reivindicou seus direitos e a Academia de Paris, passou a denominá-lo homenageando os dois cientistas. Entretanto, alguns tratadistas, entre os quais o italiano Castellino e o brasileiro Miguel Couto, reconhecem apenas a primazia do luso-brasileiro denominando-o apenas por “Sinal de Alvarenga”.

Em 1872, permaneceu no Rio de Janeiro participando dos debates na Academia Imperial de Medicina, que resultaram na publicação de um livro em 1873. Quando Regressou a Portugal, Costa Alvarenga passou pela Bahia, oportunidade em que medicou o jovem Rui Barbosa, diagnosticando anemia cerebral e subnutrição.

Quando faleceu, rico e famoso, em 1883, em Lisboa, o Dr. Pedro Francisco da Costa Alvarenga era um respeitadíssimo médico e cientista em dimensão Europeia.

Em um de seus legados, destinou uma quantia à Província do Piauí para a construção de uma Escola em Oeiras. Quando a “Corte Imperial” fez a mudança da capital, em 1852, de Oeiras para Teresina, fez também, a mudança de suas duas escolas para a nova capital, deixando Oeiras sem nenhuma; assim, pode-se avaliar a importância do gesto do cientista para com a sua terra natal, ao consignar o legado. E não diminui em nada o valor da intenção o fato de o governo piauiense ter usado o dinheiro e postergado, por cerca de quarenta anos, a criação do “Grupo Escolar Costa Alvarenga”. Provando, também, nunca ter renegado suas raízes piauienses, o cientista instituiu, com sua herança, o “Prêmio Alvarenga do Piauí” para as Academias de Medicina de Paris, Lisboa, Bruxelas, Viena, Berlim, Filadélfia, Estocolmo e Rio de Janeiro.

O Dr. Costa Alvarenga faleceu em 14 de julho de 1883, em Lisboa, vítima de lesão aórtica fulminante, o mal que estudara por grande parte de sua vida. Possuía apenas 57 anos de idade e já era um dos mais respeitados cientistas da Europa.

Acad. Francisco Sampaio

Informações do Correspondente

Cadeira homenageado: 10

Eleição: 03/04/1865

Secção (patrono): Medicina

Classificação: Nacional

Falecimento: 14/07/1883

Informações do Correspondente

Cadeira homenageado: 10

Eleição: 03/04/1865

Secção (patrono): Medicina

Classificação: Nacional

Falecimento: 14/07/1883

O Dr. Pedro Francisco da Costa Alvarenga nasceu em Oeiras, Piauí, em 1826 e faleceu em Lisboa, Portugal, em 14 de julho de 1883. Era neto do português Francisco José da Costa Alvarenga, homem culto e inteligente que, embora sem as láureas acadêmicas, fazia as vezes de médico na província.

Em 1834, deixou Oeiras, então capital do Piauí (capital de 1759 a 1852), com apenas 8 anos de idade, mudando-se com toda a família para Portugal e nunca mais retornou à sua terra natal.

Em Lisboa, ainda adolescente, cursou Matemática na Escola Politécnica e Zoologia na Academia de Ciências. Em 1845 matriculou-se no curso de Medicina da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, concluindo-o com louvor em 1850. Depois de formado, rumou para a Bélgica, doutorando-se com brilhantismo pela conceituada Universidade de Bruxelas, em 1852.

De retorno a Portugal, iniciou o trabalho de atendimento clínico, tornando-se médico efetivo do Hospital de São José, da Santa Casa de Misericórdia, subdelegado de saúde e médico honorário da Câmara de Sua Majestade Fidelíssima. Foi, entretanto, inexcedível em sua luta de amparo aos enfermos durante as duas grandes epidemias de “cholera morbus” e de febre amarela, que assolaram a capital portuguesa (1853 – 1856), assumindo a direção de vários hospitais especialmente montados naquela oportunidade. Por esse tempo adquiriu grande reputação, sendo chamado a toda parte. Era o médico de Lisboa. Segundo a imprensa da época, se não bastasse a sua profícua produção acadêmica, bastava ouvi-lo “para se reconhecer o médico que sabe fazer o diagnóstico das doenças de peito com precisão quase matemática. A auscultação, a percussão, a mensuração, assim como os demais meios de descobrir as doenças, têm no Sr. Alvarenga um apaixonado cultor”. E mais, “em tão breves anos não é fácil adquirir neste país maior soma de conhecimentos teóricos e práticos do que possui o Sr. Dr. Alvarenga” (A Revolução de setembro, nº 6045, de 8.7.1862; A crença, de 9.7.1862).

Concomitantemente ao atendimento clínico, dedicou-se com afinco e denodo ao ensino e à pesquisa, encetando vitoriosa carreira acadêmica. Em 1862, depois de consagradora aprovação em concurso público, assumiu a Livre-Docência de Matéria Médica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde se formara doze anos antes.

Em 1853, fundou e tornou-se o principal redator da Gazeta Médica de Lisboa, conceituada revista que circulou até o ano de 1875, de onde vários artigos foram traduzidos e divulgados em outras importantes publicações científicas europeias. Dada à sua notoriedade acadêmica, ingressou como sócio efetivo na Academia Real de Ciências e Correspondente na Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro, além de mais de trinta associações de ciências e letras da Europa. Foi agraciado com títulos e comendas em diversos países.

Realizou inúmeras descobertas científicas. Porém, o que mais notabilizou o seu nome foi a descoberta, em 1856, do sinal do duplo sopro crural da Insuficiência Aórtica, também conhecido como “Sinal Alvarenga-Duroziez”. Ocorre que aquele conhecido cardiologista francês observara o mesmo sinal seis anos depois e então estava sendo ensinado na escola francesa com o nome exclusivo deste. Entretanto, Costa Alvarenga reivindicou seus direitos e a Academia de Paris, passou a denominá-lo homenageando os dois cientistas. Entretanto, alguns tratadistas, entre os quais o italiano Castellino e o brasileiro Miguel Couto, reconhecem apenas a primazia do luso-brasileiro denominando-o apenas por “Sinal de Alvarenga”.

Em 1872, permaneceu no Rio de Janeiro participando dos debates na Academia Imperial de Medicina, que resultaram na publicação de um livro em 1873. Quando Regressou a Portugal, Costa Alvarenga passou pela Bahia, oportunidade em que medicou o jovem Rui Barbosa, diagnosticando anemia cerebral e subnutrição.

Quando faleceu, rico e famoso, em 1883, em Lisboa, o Dr. Pedro Francisco da Costa Alvarenga era um respeitadíssimo médico e cientista em dimensão Europeia.

Em um de seus legados, destinou uma quantia à Província do Piauí para a construção de uma Escola em Oeiras. Quando a “Corte Imperial” fez a mudança da capital, em 1852, de Oeiras para Teresina, fez também, a mudança de suas duas escolas para a nova capital, deixando Oeiras sem nenhuma; assim, pode-se avaliar a importância do gesto do cientista para com a sua terra natal, ao consignar o legado. E não diminui em nada o valor da intenção o fato de o governo piauiense ter usado o dinheiro e postergado, por cerca de quarenta anos, a criação do “Grupo Escolar Costa Alvarenga”. Provando, também, nunca ter renegado suas raízes piauienses, o cientista instituiu, com sua herança, o “Prêmio Alvarenga do Piauí” para as Academias de Medicina de Paris, Lisboa, Bruxelas, Viena, Berlim, Filadélfia, Estocolmo e Rio de Janeiro.

O Dr. Costa Alvarenga faleceu em 14 de julho de 1883, em Lisboa, vítima de lesão aórtica fulminante, o mal que estudara por grande parte de sua vida. Possuía apenas 57 anos de idade e já era um dos mais respeitados cientistas da Europa.

Acad. Francisco Sampaio

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