“É evidente que, sem o SUS, estaríamos em uma situação muito pior na pandemia, mas também é evidente que sem a iniciativa privada, estaríamos em uma situação muito ruim.” O professor e presidente da Academia Nacional de Medicina, Rubens Belfort, deu o tom do Simpósio “Parceria Público-Privada”, realizado no dia 10 de setembro de 2020.
Inegavelmente, o fortalecimento do SUS e da parceria público-privada precisam ter continuidade. Ações nesse sentido vem sendo feito por uma força-tarefa que acredita na proposta de um sistema democrático que oferece medicina e saúde de qualidade, de forma gratuita, para a população.
Covid-19 – Exemplos de parceria público-privada na medicina durante a pandemia por covid foram abordados durante o evento. O diretor da empresa Diagnósticos da América, Gustavo Campana, mostrou os projetos apoiados com a doação de cerca de R$ 15 milhões para o Ministério da Saúde. Já o médico Nacime Salomão Mansur apresentou os excelentes resultados de gestão entre a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina e as secretarias de saúde, buscando o gerenciamento de programas do SUS na atenção primária, secundária e terciária.
A Rede D’Or São Luiz e o Instituto D’Or de Pesquisa, por sua vez, apontaram as contribuições, incluindo parcerias com a Fiocruz, Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e a de São Paulo (Unifesp) e o Brazilian Clinical Research Institute.
Ainda durante o simpósio, o professor Tarcísio Eloy Barros Filho contou como o Hospital das Clínicas da USP conseguiu, em apenas uma semana, mobilizar e transformar, o instituto central da universidade para atendimento de pacientes com covid.
Outro convidado da sessão foi o médico Carlos Garcia que expôs o modelo de parceria público-privada no Hospital Regional de Sorocaba, onde a pandemia acabou por acelerar a implantação de tecnologia em procedimentos que contribuem no atendimento de pacientes.
O médico Claudio Luiz Lottenberg, presidente do Instituto Coalizão Saúde, falou ainda sobre a dinâmica de organizações sociais e propôs novos modelos de contratações e gestão.
O simpósio foi coordenado pelos acadêmicos Carlos Alberto Barros Franco e Jerson Lima Silva.
Evidências científica e crenças – Durante a sessão ordinária, um instigante debate foi levantado pelo médico Luis Cláudio Lemos Correia, da Escola Bahiana de Medicina. Ele abordou as crenças dos pacientes e as prerrogativas dos médicos em seguir a medicina baseada em evidência científica.
– Em medicina, nós médicos não temos como decidir pelo caminho certo. Temos que tomar a melhor decisão. O certo só saberemos depois. Assim, o correto seria trocarmos a medicina baseada em evidências por uma medicina baseada em probabilidades. Medicina é bússola e não GPS, disse Lemos Correa.
As crenças e os vieses de profissionais médicos no atendimento de pacientes foram o foco da palestra do pesquisador Ronado Pilati, da Universidade de Brasília. Segundo ele, as crenças elaboradas por profissionais podem também impactar em uma decisão médica.
Pseudociência e saúde pública – Casos curiosos e, porque não tristes, sobre o desconhecimento de políticos acerca de aspectos da ciência e da saúde e, que muitas vezes, levam a tomada de decisões errôneas em políticas públicas foram abordados pela bióloga e divulgadora científica Natalia Pasternak, professora da USP e diretora do Questão de Ciência.
Pasternak lembrou de inúmeros casos como o da pílula do câncer, a proibição de uso de celulares em postos de gasolina, a lei paulista que permite a mulheres decidirem qual tipo de parto preferem, a recomendação do uso da cloroquina e hidroxicloroquina contra covid, entre outros.
– Quando se fala do coletivo, de políticas públicas de gastos em um orçamento limitado, a nossa obrigação é escolher o melhor e o rigor é fundamental.
Os debates da sessão ordinária da Academia Nacional de Medicina foram coordenados pelo acadêmico Cláudio Tadeu Daniel Ribeiro e tiveram como comentaristas os acadêmicos Antonio Egídio Nardi, Raul Cutait e Walter Zin.
Assista ao simpósio a baixo:
E caso queira rever a sessão ordinária: