Acadêmico Jorge Fonte de Rezende Filho
Declaração de Consenso (SGORJ/SOGISC) para Vacinação contra SARS-Cov-2
(18 de janeiro de 2021)
As vacinas COVID-19 não devem ser negadas aos grupos de gestantes mais vulneráveis, desde elas que sejam capazes de tomar uma decisão informada, após terem acesso a informações atualizadas sobre a segurança e eficácia da vacina (incluindo informações sobre a indisponibilidade de dados, pela ausência de resultados de pesquisa com gestantes e lactantes, até o presente momento) e informações sobre os riscos de infecção por COVID-19 no ciclo grávido puerperal.
A falta de dados de segurança e eficácia ainda nos impede recomendar a vacinação COVID-19 universal para todas as mulheres grávidas e lactantes.
As vacinas COVID-19 devem ser oferecidas às mulheres que amamentam, quando atenderem aos critérios para recebimento da vacina com base no risco de contaminação ou se fizerem parte de grupos de gestantes mais vulneráveis.
O teste de gravidez não deve ser requisito antes de receber qualquer vacina COVID-19 aprovada pelos órgãos reguladores. As gestantes que recusam a vacinação devem ser apoiadas em sua decisão.
Gestantes elegíveis para vacinação contra a COVID-19 devem ter acesso às informações disponíveis sobre a segurança e eficácia da vacina, incluindo informações sobre a indisponibilidade de dados, pela ausência de resultados de pesquisa com gestantes e lactantes, até o momento desta publicação. Uma conversa entre a gestante e seu obstetra pode auxiliar nas decisões sobre o uso de vacinas aprovadas pela ANVISA para a prevenção de COVID-19 em pacientes grávidas.
Mulheres que engravidaram durante a série de vacinas devem seguir os mesmos procedimentos do acompanhamento pré-natal de rotina. Quando a gravidez é detectada durante a série da vacina (ou seja, após a primeira dose, mas antes da segunda dose), a decisão de completar a série da vacina durante a gravidez deve ser baseada em uma avaliação dos riscos potenciais de não ser completamente vacinado durante gravidez versus os riscos potenciais de receber a vacina durante a gravidez.
A vacinação inadvertida deverá ser notificada no sistema de notificação e-SUS notifica como um “erro de imunização” para fins de controle.
As gestantes que fizeram a primeira dose da vacina e evoluíram para parto devem fazer a segunda dose no puerpério/aleitamento, respeitando-se as condições previamente discutidas.
O médico assistente deve registrar a data da primeira dose e recordar à sua paciente o período em que ela deverá receber a segunda dose. A paciente deve reportar ao seu médico eventuais efeitos colaterais da aplicação.
Para aquelas que planejam uma gravidez, é recomendado completar toda a série de vacinação COVID-19 (quando possível) para atingir a eficácia máxima da vacina antes da gravidez. Não se conhecem os benefícios de se postergar a gravidez após receber a vacina e uma discussão de risco-benefício para aquelas que planejam a gravidez deve ocorrer semelhante à discussão para mulheres grávidas e lactantes4.
Gestantes e lactantes menores de idade, e/ou incapazes, devem receber ou não autorização de seus responsáveis, após as mesmas recomendações indicadas anteriormente.
Gestantes e lactantes em situação de rua não devem ser excluídas das mesmas preocupações, oferecimento orientações e possível vacinação, respeitando o já assinalado anteriormente.
Considerando a ausência de estudos de coadministração, neste momento não se recomenda a administração simultânea das vacinas COVID-19 com outras vacinas. Desta forma, preconiza-se um intervalo mínimo de 14 dias entre as vacinas COVID-19 e as diferentes vacinas do Calendário Nacional de Vacinação.
Será necessário, no entanto, que o obstetra ou médico pré-natalista auxilie a gestante/lactante na tomada de decisão no que pesem os riscos e benefícios, de modo que possam chegar a uma decisão bem informada e autônoma. Tal discussão deve priorizar a autonomia da gestante e deve incluir, mas não se limitar à avaliação de:
● Epidemiologia local e risco de aquisição de COVID-19 pela comunidade.
● Risco de aquisição de COVID-19 no trabalho.
● Risco individual de morbidade relacionada à COVID-19, incluindo consideração para comorbidades como: idade materna avançada, condições imunossupressoras, diabetes preexistente, hipertensão arterial crônica, obesidade ou condições respiratórias crônicas.
● Idade gestacional.
● Dados disponíveis relacionados à segurança da vacina durante a gravidez e a lactação.
● Dados que ainda não estão disponíveis relacionados à segurança e eficácia da vacina para grávidas e lactantes.
● Crenças individuais e avaliação de risco pessoal dos dados disponíveis.
● Os efeitos colaterais esperados devem ser explicados como parte do aconselhamento às pacientes, incluindo que eles são uma parte normal da reação do corpo à vacina para desenvolver anticorpos protetores contra a doença COVID-19.