Considerada uma epidemia mundial pelas autoridades de saúde, a discussão sobre a Obesidade acontece anualmente na Academia Nacional de Medicina (ANM) e no mundo. E nesta quinta-feira (10), foi tema principal do simpósio Obesidade: Um Enfoque Translacional, organizado pela Acadêmica Eliete Bouskela e o Professor Luiz Guilherme Kraemer de Aguiar, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com o intuito de discutir “tanto os aspectos de pesquisa básica e os aspectos que acontecem após a cirurgia bariátrica”, explicou a Acad. Bouskela. Na primeira parte do simpósio as apresentações foram dedicadas ao entendimento sobre a doença e suas características, enquanto a segunda parte abordou a cirurgia bariátrica como a possível cura disponível.
A Professora Thereza Christina Barja-Fidalgo, da UERJ, abriu a Sessão com o tema Contribuição do Tecido Adiposo na Progressão Tumoral e Remodelação, em que explica o papel do tecido adiposo para que a doença seja considerada inflamatória e os resultados da sua pesquisa sobre o assunto. Seguindo a mesma linha, o Acadêmico Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda apresentou alguns processos que ocorrem no corpo humano com o tecido adiposo marrom e a termogêneses em pessoas obesas, e como isso pode ser usado para tratar a doença. O tema foi Obesidade, Tecido Adiposo Marrom e Termogênese e explicou como foram feitos os estudos sobre o “browning” do tecido.
Sobre os fatores de risco para obesidade, em sua apresentação sobre o tema Origem da Obesidade: Fatores de Risco e Período da Vida que podem nos tornar Obesos, o Professor Egberto Gaspar de Moura mencionou que a alimentação ultraprocessada e calórica, o sedentarismo e a genética são os principais contribuintes para as pessoas se tornarem obesas, além de citar as consequências que podem surgir, como diabetes, hipertensão, dislipidemias e alguns tipos de câncer. O Brasil é o quinto país com maior número de pessoas que sofrem com essa doença, é o campeão do BRICs, e o estilo de vida do ser humano atual é o principal motivo para isso, assim como os primeiros mil dias de vida, estresse e até mesmo as mudanças climáticas e ambientais.
Finalizando a primeira parte, a Acadêmica Eliete Bouskela apresentou o tema Panorama Atual da Obesidade no Brasil e no Mundo, em que declarou seu fascínio pela doença desde sempre. “Porque é um desafio constante, a começar pelo fato que muitas vezes o obeso não se considera doente”. Ela explica o panorama mundial, principalmente a mudança do relacionamento entre o ser humano e a comida, e a influência do aspecto econômico e social. A preocupação está com o aumento do número de crianças obesas atualmente e que a prevalência global da obesidade aumenta anualmente, dobrando desde 1980. A Acadêmica aponta o surgimento dos problemas econômicos e aponta soluções para a doença com remédios e cirurgias.
A abertura da segunda parte do simpósio foi feita pelo Professor Luiz Guilherme Kraemer de Aguiar, com o tema Mecanismos de Reganho Ponderal – Um Grande Desafio para o Tratamento Cirúrgico da Obesidade, em que foi abordado a alta taxa de reincidência dos pacientes e o negligenciamento do tratamento. O professor afirma que a obesidade não é apenas uma questão metabólica, mas também econômica, social e de infraestrutura, favorecendo o desbalance energético. Então ele explica sobre a cirurgia bariátrica, a solução mais indicada para tratar a doença, e a possibilidade do reganho ponderal, que pode ocorrer devido a diferentes fatores.
Reganho ponderal foi também um dos assuntos abordados na palestra seguinte da Professora Karynne Grutter Lopes, da UERJ, com o tema Inflamação, Reganho Ponderal e Disfunção Endotelial em Bariátricos. Nesta apresentação foi feita uma introdução sobre a cirurgia bariátrica e os seus benefícios, como a melhora das comorbidades relacionadas a obesidade. Ela também explica como foi feita a pesquisa no Hospital Universitário Pedro Ernesto para entender o perfil metabólico, entre outras informações, sobre pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica, com um espaço de 10 anos. O intuito foi explicar os resultados desse estudo, relatando sobre o reganho ponderal dos pacientes e a disfunção endotelial.
Finalizando a tarde de apresentações, o Professor Paulo Falcão Leal, da UERJ, ministrou a palestra Cirurgias Revisionais para Reganho Ponderal após a Bariátrica, em que foi explicado os estigmas do paciente obeso e a necessidade da realização de cirurgias revisionais. Além de esclarecer as técnicas usadas no Brasil, com alternativas para que o paciente não tenha sequelas futuras.