O movimento que associa a espiritualidade à religiosidade, segundo a Dra. Marlene Nobre, tem inspiração no trabalho desenvolvido pelo médico e filósofo americano William James, defensor do pragmatismo, método que ele próprio definiu como “o assentamento de disputas metafísicas que, de outro modo se estenderiam interminavelmente”. A abordagem pragmática e sua extensão na filosofia teve grande influência no movimento funcionalista da psicologia do século XIX.
Segundo a presidente da AME, o neurocientista Mario Beauregard, da Universidade de Montreal (Canadá), autor dos livro Spiritual Brain, tem vários estudos, que relacionam a mente às emoções humanas e às experiências transcendentais com excelentes contribuições à teoria da consciência não local e às funções quânticas do cérebro .
Para a Dra. Marlene, houve, nos últimos quatro séculos, um aprofundamento do fosso entre ciência e religião, mas que começa a ser estreitado. “Felizmente, porém, já se constata que, nas quatro últimas décadas, ao lado desta corrente majoritária, cresce o número de ‘minorias criativas’, conforme previu o historiador Arnold Toynbee, que pensam diferentemente do modelo predominante, e que oferecem novos rumos ao progresso humano”.
Estão na base dessa nova visão do ser e do mundo, segundo a médica, as mudanças conceituais que revolucionaram a Física, desde as primeiras décadas do século XX. “Com o advento da Teoria da Relatividade e da Física Quântica, surgiram novos e revolucionários conceitos sobre matéria e energia, que já deveriam ter mudado o paradigma materialista dos cientistas”, diz a Dra. Marlene Nobre. No Brasil já há, segundo ela, estudos nesta direção, como os realizados pela doutora em Física Quântica, Célia Dantas, da Universidade de Goiás. “Nossos 25 mil genes não explicam a complexidade do ser humano, que é bem mais do que o seu corpo biológico”, disse a presidente da AME.
Segundo a Dra. Marlene Nobre, um movimento novo vem ocorrendo, particularmente, na última década, com a introdução do fator Espiritualidade nos estudos, pesquisas, e na própria práxis médica. Nos Estados Unidos, quase dois terços das escolas médicas mantém cursos obrigatórios ou eletivos sobre religião, espiritualidade e medicina..
Formada em medicina em 1962, na Faculdade de Uberaba, a médica Marlene Nobre foi estagiária de 1963 a 1967, do Professor. Dr. José Medina, no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo, depois, em 1967, estagiou nos Hospitais Broca e Boucicault, em Paris.
Especializada em obstetrícia, a Dra. Marlene Nobre trabalhou durante 30 anos no Instituto de Previdência (INAMPS) no serviço de prevenção do câncer em senhoras. Aposentada, assumiu em 1995 a presidência da Associação Médico-Espírita do Brasil, acompanhando-a desde a sua fundação até os dias de hoje. Também tomou parte na primeira Diretoria da Associação Médico-Espírita de São Paulo, da qual se originaram as outras AMEs, inclusive a brasileira.