Médico francês é Honorário Estrangeiro da ANM

28/10/2021

No dia 28 de outubro de 2021, o médico francês Marc Gentilini tomou posse como membro honorário estrangeiro da Academia Nacional de Medicina (ANM). Recepcionado pelo presidente Rubens Belfort, Gentilini foi saudado na live pelo acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, que se incumbiu do discurso em homenagem ao novo membro.

Gentilini nasceu em 31 de julho de 1929 em Compiègne. Graduado em Medicina em Reims, fez serviços militares em vários países africanos como Argélia, Sudão Francês, atual Mali, e Senegal. Dedicou-se ainda a pacientes em diversos hospitais franceses como Claude Bernard, Saint-Louis e o Pitié-Salpêtrière, onde criou unidades dedicadas ao estudo e atendimento de pacientes acometidos por doenças infecciosas e tropicais, e um Departamento de Saúde Pública, voltado para os países em desenvolvimento. 

Em seus agradecimentos, Gentilini contou um pouco de sua trajetória na África subsaariana e algumas curiosidades. Na época, como relembrou, era possível viajar acompanhado de um único guarda com um obsoleto rifle de caça – em territórios áridos e hoje reduto de jihadistas violentos. Ainda segundo seus relatos, foi lá que descobriu a medicina rural, as dificuldades de manejo cirúrgico de pacientes isolados e a gravidade da tuberculose em trabalhadores imigrantes. Além disso, confidenciou sobre sua atração pelas doenças tropicais, incluindo a malária falciparum que, na África intertropical, dizima a população – tema que o uniu, mais tarde, ao acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro. Gentilini também recordou sua atuação na operação de vacinação contra uma epidemia de meningite no Brasil, na década de 70, e que permanece em sua memória até hoje.

Em suas memórias, o acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro destacou outros aspectos marcantes da carreira de Gentilini. Segundo o acadêmico Daniel Ribeiro, o novo honorário estrangeiro da ANM criou o Comitê Médico e de Assistência Médico-Social aos Migrantes. Foi eleito presidente da Sociedade de Patologia Exótica por quatro anos. Foi ainda presidente da Cruz Vermelha francesa. Durante seus dois mandatos, desenvolveu operações internacionais e, em conjunto com a Organização Pan-Africana contra a Aids, contribuiu para a instalação dos primeiros centros de tratamento em regime ambulatorial para doentes com aids na África e desenvolveu campanha para o acesso aos anti-retrovirais, a despeito das organizações internacionais que julgavam a proposta ousada diante dos meios disponíveis, contribuindo assim para a criação do Fundo Mundial de Luta contra a Tuberculose, Malária e a Aids, em 2002.

Em 2016, Gentilini apresentou na Academia francesa de Medicina um relatório sobre “Os medicamentos falsificados – mais do que um escândalo, um crime” e que foi também respaldado pelas Academias de Farmácia e Veterinária do país.

O novo honorário estrangeiro foi ainda cumprimentado pelos acadêmicos brasileiros, Aderbal Sabrá, Celso Ferreira, Sérgio Novis e Maurício Pereira. Ao término das homenagens, o acadêmico Daniel-Ribeiro lembrou de suas incursões e vivências tanto no Pavilhão Laveran, no hospital Pitié-Salpêtrière e, atualmente, no Pavilhão Leonidas Deane, na Fiocruz, no Rio de Janeiro, e recordou a criação, há 35 anos, do Seminário Laveran-Deane – dois ícones consagrados na pesquisa da malária no mundo.

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