Luiz Vicente De Simoni foi médico e professor. Nasceu em Novi, no Ducado de Gênova (Itália), em 24 de fevereiro de 1792. Filho de Giovan Battista De Simoni, natural de Gênova e farmacêutico, e de Maria Cherubina De Gaspari.
Simoni formou-se em medicina na Università di Genova, e aperfeiçoou seus estudos na Università de Pavia, em 1817. Veio para o Brasil neste mesmo ano, desembarcando no Rio de Janeiro em 14 de julho de 1817. Acredita-se que sua vinda tenha sido em decorrência de sua insatisfação com clima político sob o Império Napoleônico.
Em 18 de janeiro de 1818 foi nomeado ajudante médico do hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, função esta mantida até 1819, quando foi enviado como físico-mór para Moçambique. Em 27 de março de 1826, reassumiu suas funções neste hospital. Foi nomeado médico efetivo em 14 de fevereiro de 1827, assumiu a direção de uma das enfermarias de clínica médica, e tornou-se médico facultativo em 1849. Atuou como médico facultativo nesta instituição até 1852, quando passou a assumir, juntamente com José Theodoro da Silva Azambuja, a direção do serviço sanitário da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, encerrou suas atividades no hospital da Santa Casa da Misericórdia em 1860. No período em que atuou no hospital da Santa Casa, também eram médicos e facultativos desta instituição José Martins da Cruz Jobim, Francisco Praxedes de Andrade Pertence, Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, e Luigi Bompani, lente da Università di Modena (Itália).
Em 30 de junho de 1819 foi enviado para Moçambique, então sob colonização portuguesa, como físico-mor, e lá trabalhou no Real Hospital Militar desde 15 de setembro deste ano até 10 de julho de 1821. Sua saída de Moçambique deveu-se à conjuntura política decorrente da revolução liberal ocorrida em 1821, e dada sua relação próxima com o governador-geral deposto. Regressou ao Brasil em 3 de agosto de 1821.
No período em que Luiz Vicente De Simoni se encontrava em Moçambique elaborou o “Tratado Medico sobre Clima e Enfermidades de Moçambique” a partir de sua experiência como físico-mor.
Luiz Vicente De Simoni foi um dos fundadores, juntamente com José Francisco Xavier Sigaud, José Martins da Cruz Jobim, João Maurício Faivre e Joaquim Candido Soares de Meirelles, da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, criada em 30 de junho de 1829, com o objetivo de viabilizar o crescimento das diversas áreas da medicina e ampliar a participação desses profissionais junto ao Governo Imperial em questões referentes à higiene e políticas de saúde pública. A Ata da sessão de inauguração da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, em 24 de abril de 1830, foi redigida por Luiz Vicente De Simoni.
Em 1830 foi autor de um programa, para a realização de concurso de memórias que tratassem de qualquer objeto de estudos médicos, principalmente sobre os meios de melhorar a saúde pública no Rio de Janeiro, cujos prêmios eram oferecidos em medalha de ouro. Foi Secretário da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro desde a primeira sessão preparatória em 28 de maio de 1829, e ocupou este cargo até o ano de 1872. Em 28 de abril de 1832, por proposta de Octaviano Maria da Rosa, foi aclamado como Secretário Perpétuo, título este confirmado, por portaria governamental assinada por José Lino Coutinho, então Ministro do Império, em 21 de maio de 1832. Por sua atuação como Secretário, registrando e historiando tudo o que se passava naquela Sociedade, foi considerado o “Cronista da Academia”, nas palavras de Alfredo Nascimento, em 1929, na publicação comemorativa do centenário daquela instituição. Além de Secretário também foi Orador daquela associação, tendo sido encarregado de fazer o necrológio dos sócios falecidos nas ocasiões comemorativas da Sociedade. Posteriormente, em 1849, foi redator dos Annaes Brasilienses de Medicina, publicação da então Academia Imperial de Medicina.
Casou-se, em 1833, com Maria Ursolina de Araújo Azambuja. Registra-se que teria tido ao todo 14 filhos, entre estes Higina Henirato Benedita de Simoni, Theresa Cherubina, Paulina Adelaide, Luiz Ignácio, Maria Luiza e Placídia Clementina.
Em 1839 publicou na Revista Médica Fluminense o artigo intitulado “Importância e necessidade da criação de um manicômio ou estabelecimento especial para o tratamento dos alienados”, no qual defendia a necessidade de construção de um hospital destinado especialmente para os alienados, os quais até então se encontravam recolhidos em condições inadequadas no hospital da Santa Casa da Misericórdia.
No “Relatório sobre duas memórias do Sr. Dr. João Mauricio Faivre: uma acerca das águas thermaes de Caldas Novas na província de Goyaz, e outra acerca da morphéa; lido em sessão publica na Academia Imperial de Medicina”, publicado em 1845, Luiz Vicente De Simoni apresentou sua posição com referência à etiologia da morféia: “Segundo De Simoni, a hipótese preponderante entre os médicos no Rio de Janeiro era de considerar a morféia uma afecção das capilaridades do sistema vascular sanguíneo da pele, mas, haveria ainda aqueles que consideravam-na uma afecção das capilaridades linfáticas. O próprio De Simoni não concordava com tal hipótese, para quem a elefantíase jamais fora apenas uma «simples inflamação da pele».
Exerceu a clínica particular em um consultório instalado na Rua do Ouvidor n. 167, o qual foi transferido posteriormente, em 1855, para a Rua da Carioca n. 1-A. Instalou-se, em 1860, na Rua dos Barbonos (atual Rua Evaristo da Veiga), e em 1863 mudou-se para a Rua da Princesa n. 102. Manteve seu consultório até o ano de 1879, conforme registraram os anúncios, embora já não mais clinicasse.
Como professor e educador, foi por alguns anos professor das Princesas Isabel e Leopoldina Thereza. Integrou a Congregação de fundação do Imperial Colégio D. Pedro-II desde 1837, e em 1855 foi nomeado pelo Imperador professor de língua e literatura italiana do mesmo colégio, na cidade do Rio de Janeiro, onde lecionou também a cadeira de língua latina.
Luiz Vicente De Simoni foi autor, além dos trabalhos sobre medicina, de diversos traduções de libretos de ópera e de obras clássicas para o vernáculo. Sua paixão pelo belo canto e pela música lírica se destacaram nos libretos, como o do drama lírico “Marília de Itamaracá, ou a donzella da mangueira”, musicado por Adolpho Maersch, e publicado em 1854.
Luiz Vicente De Simoni integrou, no século XIX, o movimento pela criação do teatro nacional de música, para o qual recebeu o apoio de D. Pedro II e de Miguel Calmon Du Pin e Almeida, Marquês de Abrantes, tendo culminado com a fundação da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional em 25 de março de 1857. Em 12 de maio de 1860 esta Academia foi extinta e transformada na Ópera Lírica Nacional, na qual foram apresentadas óperas italianas traduzidas por Simoni.
Naturalizou-se como cidadão brasileiro (1855).
Faleceu aos 89 anos, a 10 de setembro de 1881, em sua residência na Travessa Marquês do Paraná n. 10, no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Seu atestado de óbito foi assinado por José Pereira Rego, então Presidente da Academia Imperial de Medicina, e registrava como causa da morte pneumonia concorrendo com cistite crônica.
Número acadêmico: 3
Membro: Fundador
Eleição: 28/05/1829
Posse: 30/06/1829
Sob a presidência: Joaquim Candido Soares de Meirelles
Falecimento: 10/09/1881
Número acadêmico: 3
Membro: Fundador
Eleição: 28/05/1829
Posse: 30/06/1829
Sob a presidência: Joaquim Candido Soares de Meirelles
Falecimento: 10/09/1881
Luiz Vicente De Simoni foi médico e professor. Nasceu em Novi, no Ducado de Gênova (Itália), em 24 de fevereiro de 1792. Filho de Giovan Battista De Simoni, natural de Gênova e farmacêutico, e de Maria Cherubina De Gaspari.
Simoni formou-se em medicina na Università di Genova, e aperfeiçoou seus estudos na Università de Pavia, em 1817. Veio para o Brasil neste mesmo ano, desembarcando no Rio de Janeiro em 14 de julho de 1817. Acredita-se que sua vinda tenha sido em decorrência de sua insatisfação com clima político sob o Império Napoleônico.
Em 18 de janeiro de 1818 foi nomeado ajudante médico do hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, função esta mantida até 1819, quando foi enviado como físico-mór para Moçambique. Em 27 de março de 1826, reassumiu suas funções neste hospital. Foi nomeado médico efetivo em 14 de fevereiro de 1827, assumiu a direção de uma das enfermarias de clínica médica, e tornou-se médico facultativo em 1849. Atuou como médico facultativo nesta instituição até 1852, quando passou a assumir, juntamente com José Theodoro da Silva Azambuja, a direção do serviço sanitário da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, encerrou suas atividades no hospital da Santa Casa da Misericórdia em 1860. No período em que atuou no hospital da Santa Casa, também eram médicos e facultativos desta instituição José Martins da Cruz Jobim, Francisco Praxedes de Andrade Pertence, Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, e Luigi Bompani, lente da Università di Modena (Itália).
Em 30 de junho de 1819 foi enviado para Moçambique, então sob colonização portuguesa, como físico-mor, e lá trabalhou no Real Hospital Militar desde 15 de setembro deste ano até 10 de julho de 1821. Sua saída de Moçambique deveu-se à conjuntura política decorrente da revolução liberal ocorrida em 1821, e dada sua relação próxima com o governador-geral deposto. Regressou ao Brasil em 3 de agosto de 1821.
No período em que Luiz Vicente De Simoni se encontrava em Moçambique elaborou o “Tratado Medico sobre Clima e Enfermidades de Moçambique” a partir de sua experiência como físico-mor.
Luiz Vicente De Simoni foi um dos fundadores, juntamente com José Francisco Xavier Sigaud, José Martins da Cruz Jobim, João Maurício Faivre e Joaquim Candido Soares de Meirelles, da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, criada em 30 de junho de 1829, com o objetivo de viabilizar o crescimento das diversas áreas da medicina e ampliar a participação desses profissionais junto ao Governo Imperial em questões referentes à higiene e políticas de saúde pública. A Ata da sessão de inauguração da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, em 24 de abril de 1830, foi redigida por Luiz Vicente De Simoni.
Em 1830 foi autor de um programa, para a realização de concurso de memórias que tratassem de qualquer objeto de estudos médicos, principalmente sobre os meios de melhorar a saúde pública no Rio de Janeiro, cujos prêmios eram oferecidos em medalha de ouro. Foi Secretário da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro desde a primeira sessão preparatória em 28 de maio de 1829, e ocupou este cargo até o ano de 1872. Em 28 de abril de 1832, por proposta de Octaviano Maria da Rosa, foi aclamado como Secretário Perpétuo, título este confirmado, por portaria governamental assinada por José Lino Coutinho, então Ministro do Império, em 21 de maio de 1832. Por sua atuação como Secretário, registrando e historiando tudo o que se passava naquela Sociedade, foi considerado o “Cronista da Academia”, nas palavras de Alfredo Nascimento, em 1929, na publicação comemorativa do centenário daquela instituição. Além de Secretário também foi Orador daquela associação, tendo sido encarregado de fazer o necrológio dos sócios falecidos nas ocasiões comemorativas da Sociedade. Posteriormente, em 1849, foi redator dos Annaes Brasilienses de Medicina, publicação da então Academia Imperial de Medicina.
Casou-se, em 1833, com Maria Ursolina de Araújo Azambuja. Registra-se que teria tido ao todo 14 filhos, entre estes Higina Henirato Benedita de Simoni, Theresa Cherubina, Paulina Adelaide, Luiz Ignácio, Maria Luiza e Placídia Clementina.
Em 1839 publicou na Revista Médica Fluminense o artigo intitulado “Importância e necessidade da criação de um manicômio ou estabelecimento especial para o tratamento dos alienados”, no qual defendia a necessidade de construção de um hospital destinado especialmente para os alienados, os quais até então se encontravam recolhidos em condições inadequadas no hospital da Santa Casa da Misericórdia.
No “Relatório sobre duas memórias do Sr. Dr. João Mauricio Faivre: uma acerca das águas thermaes de Caldas Novas na província de Goyaz, e outra acerca da morphéa; lido em sessão publica na Academia Imperial de Medicina”, publicado em 1845, Luiz Vicente De Simoni apresentou sua posição com referência à etiologia da morféia: “Segundo De Simoni, a hipótese preponderante entre os médicos no Rio de Janeiro era de considerar a morféia uma afecção das capilaridades do sistema vascular sanguíneo da pele, mas, haveria ainda aqueles que consideravam-na uma afecção das capilaridades linfáticas. O próprio De Simoni não concordava com tal hipótese, para quem a elefantíase jamais fora apenas uma «simples inflamação da pele».
Exerceu a clínica particular em um consultório instalado na Rua do Ouvidor n. 167, o qual foi transferido posteriormente, em 1855, para a Rua da Carioca n. 1-A. Instalou-se, em 1860, na Rua dos Barbonos (atual Rua Evaristo da Veiga), e em 1863 mudou-se para a Rua da Princesa n. 102. Manteve seu consultório até o ano de 1879, conforme registraram os anúncios, embora já não mais clinicasse.
Como professor e educador, foi por alguns anos professor das Princesas Isabel e Leopoldina Thereza. Integrou a Congregação de fundação do Imperial Colégio D. Pedro-II desde 1837, e em 1855 foi nomeado pelo Imperador professor de língua e literatura italiana do mesmo colégio, na cidade do Rio de Janeiro, onde lecionou também a cadeira de língua latina.
Luiz Vicente De Simoni foi autor, além dos trabalhos sobre medicina, de diversos traduções de libretos de ópera e de obras clássicas para o vernáculo. Sua paixão pelo belo canto e pela música lírica se destacaram nos libretos, como o do drama lírico “Marília de Itamaracá, ou a donzella da mangueira”, musicado por Adolpho Maersch, e publicado em 1854.
Luiz Vicente De Simoni integrou, no século XIX, o movimento pela criação do teatro nacional de música, para o qual recebeu o apoio de D. Pedro II e de Miguel Calmon Du Pin e Almeida, Marquês de Abrantes, tendo culminado com a fundação da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional em 25 de março de 1857. Em 12 de maio de 1860 esta Academia foi extinta e transformada na Ópera Lírica Nacional, na qual foram apresentadas óperas italianas traduzidas por Simoni.
Naturalizou-se como cidadão brasileiro (1855).
Faleceu aos 89 anos, a 10 de setembro de 1881, em sua residência na Travessa Marquês do Paraná n. 10, no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Seu atestado de óbito foi assinado por José Pereira Rego, então Presidente da Academia Imperial de Medicina, e registrava como causa da morte pneumonia concorrendo com cistite crônica.