Na última quinta-feira (18), a Academia Nacional de Medicina (ANM) apresentou o simpósio sobre Literatura e Medicina, organizado pelo Acadêmico Gilberto Schwartsmann com o intuito de discutir sobre as representações médicas no universo literário. A abertura foi feita pelo Presidente da ANM Francisco Sampaio e pelo Acad. Gilberto, no qual a importância desse assunto foi exaltada por conta do momento político atual, pois “arte e filosofia são luz, assim como as apresentações da tarde”.
A primeira palestra foi feita pelo Acadêmico Natalino Salgado Filho sobre a obra Cais da Sagração, de Josué Montello, ganhador do Prêmio Intelectual do Ano oferecido pela Folha de São Paulo. O Acad. Natalino abordou a narrativa que o livro estabelece, com os personagens, ênfase no médico, e nas situações condizentes com a época em que foi escrito. Além disso, também foram lidas passagens da publicação e a apresentação foi finalizada com uma reflexão sobre a medicina ser uma ciência humana.
Dando continuidade ao simpósio, a palestra seguinte foi ministrada pela escritora Lúcia Bettencourt sobre as obras de Proust e Molière. Doentes reais e Médicos Imaginários. Ela abordou as menções aos tratamentos da época nesses livros, dos personagens inspirados nos médicos da corte real e a retratação dos costumes da época. Para contextualizar as representações na literatura, Lúcia também cita outras produções notáveis que constam médicos em destaque, entre eles, grandes autores como Machado de Assis, Guimarães Rosa e Luís Fernando Veríssimo.
Na segunda parte do simpósio, as apresentações foram retomadas com o tema “As Intermitências da Morte” de José Saramago, ministrada pelo Acadêmico José Camargo, uma linda análise com o intuito de falar sobre como as pessoas não encaram a morte com naturalidade ou parte do ciclo de vida. O Acadêmico ressaltou que essa obra possui uma fuga dos textos clássicos da medicina, que não expressam tristeza e solidão como na literatura. Esse livro é sobre um reino em que o falecimento estava proibido e as suas consequências para os moradores e trabalhadores, tendo até mesmo A Morte como um personagem na narrativa, oferecendo uma poderosa reflexão: “Só o amor nos salva da morte”, finalizou o Acadêmico.
Por fim, o Acad. Gilberto Schwartsmann encerrou as apresentações do simpósio com uma análise da obra “Olhai os Lírios do Campo” de Érico Veríssimo, um dos maiores sucessos da literatura brasileira há mais de 80 anos. O livro aborda questões problemáticas para época, com casos extraconjugais, aborto e anti-semitismo durante a Era Vargas, mostrando que Érico foi um escritor a frente do seu tempo e muito corajoso para a década de 30, por isso, pagou o preço do conservadorismo ao ser perseguido e ameaçado pela oposição. O Acadêmico explicou as questões dos personagens principais, a vergonha de Eugênio em ser pobre, o destino de Olivia, o casamento por interesses e a metáfora inserida nos lírios do campo, uma referência a Bíblia e sobre os dias felizes em que o protagonista imagina ao lado do seu amor verdadeiro.
Depois dessas apresentações, a bancada acadêmica pode fazer seus comentários sobre as obras. Para assistir na íntegra, visite nosso canal no Youtube.