Judicialização em Medicina

A Academia Nacional de Medicina convida a participar de Simpósio a ser realizado no Web Hall da Academia Nacional de Medicina, na plataforma ZOOM Meetings.

https://acknetworks.zoom.us/my/anmbr

O EVENTO COMEÇA EM …
 
     
     
 
Coordenação:
Acad. José de Jesus Camargo
 
     
 
14h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina, Acad. Rubens Belfort Jr.
Acad. José de Jesus Camargo

   
BLOCO I
   
14h10

Judicialização em Obstetrícia
Acad. Jorge de Rezende Filho

   
   
14h25

Judicialização em Cirurgia Plástica
Acad. José Horácio Aboudib Jr.

   
   
14h40

Judicialização em Traumato-Ortopedia
Prof. Tarcísio E. P. de Barros Filho

   
   
14h55

Judicialização em Cirurgia
Acad. Raul Cutait

   
   
15h10

Judicialização em Cirurgia Oncológica
Prof. Alfredo Guarischi

   
   
15h25

Judicialização em Psiquiatria
Acad. Antonio Egídio Nardi

   
   
15h40

Debate com a Bancada Acadêmica

   
BLOCO II
   
16h20

Por que o Paciente Judicializa?
Dra. Maíra Dantas (BA)

   
   
16h40

A Ética como Profilaxia da Judicialização
Acad. Silvano Raia

   
   
17h Debate com a Bancada Acadêmica
   
   
17h30 Intervalo
   
Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina
XXXVI – Ano Acadêmico 191
   
18h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina
Acad. Rubens Belfort Jr.

   
   
18h05

Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Ricardo Cruz

   
   
18h10 Comunicações dos Acadêmicos
   
   
18h30

SESSÃO RECENTES PROGRESSOS

Tema: A Cápsula Endoscópica no Diagnóstico das Doenças do Intestino Médio

Relatora: Dra. Fabiana Sartore Guimarães
Especialista em Endoscopia Terapêutica (HSL)

Comentários: Acad. José Galvão-Alves

   
   
18h50

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como elemento de qualificação das demandas de saúde
Dra. Candice Jobim – Juíza Federal e Conselheira do Conselho Nacional de Justiça
Arnaldo Hossepian – Procurador de Justiça do MPSP e ex conselheiro do CNJ

   
   
19h30 Debate com a Bancada Acadêmica
   
   
20h Encerramento
   
 
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JUDICIALIZAÇÃO NA SAÚDE: A VISÃO DOS MÉDICOS

“O principal agente das demandas judiciais é a ausência de afeto na relação médico-paciente”. Esta foi a citação que destacou o discurso do acadêmico José Jesus Camargo, que abriu o simpósio da Academia Nacional de Medicina, realizado na última quinta-feira (19), que abordou a judicialização em medicina – tema de grande relevância, visto que dados do Conselho Nacional de Justiça apontam aumento de 1.600% no número de processos judiciais por supostos erros médicos no país em um intervalo de 10 anos.

Para discursar sobre a especialidade de ginecologia e obstetrícia, o acadêmico Jorge Rezende Filho, da UFRJ, dividiu o assunto em três grandes eixos: obstetrícia médico-legal forense, erro médico e defesa profissional. O especialista pontuou aspectos legais de questões controversas como reprodução assistida e aborto e encerrou sua apresentação com 12 cuidados que poderiam evitar processos éticos-legais, dentre os quais se destacam a boa relação com o paciente, a postura ética e a transparência.

O cirurgião plástico e acadêmico José Horácio Aboudib, da UERJ, adentrou a discussão legal na cirurgia plástica, enfatizando que a especialidade em questão é a única em que o médico deve provar que não errou, e não o contrário. Um outro ponto de relevância em sua apresentação foi a problematização dos ditos “vendedores de resultados” – profissionais que utilizam de conduta antiética e desrespeitam os regulamentos do Conselho Federal de Medicina, prejudicando a percepção popular sobre a cirurgia plástica. Por fim, Aboudib afirma que o atendimento humanizado e a atenção ao paciente são tão ou mais importantes do que a eficiência técnica.

Sobre a judicialização em ortopedia, o médico Tarcísio Barros Filho, da USP, alerta para a tendência da “superespecialização” na especialidade – em outras palavras, se utilizar de títulos de especialista em mão, ombro e coluna, por exemplo –, que pode prejudicar a credibilidade do profissional e gerar conflitos. Barros Filho também aponta que as principais queixas com relação a conduta médica na área são mau posicionamento de materiais de implante e de fixação, e afirma que é importante tratar o paciente como gostaria de ser tratado.

A presença do acad6emico Raul Cutait, da USP e do Hospital Sírio-Libanês, levantou tópicos de relevância na judicialização da cirurgia. Em especial, Cutait relata que alguns procedimentos necessitam de grande competência técnica, estrutura hospitalar e profissionais especializados, mas que, muitas vezes, limitações fazem com que cirurgiões que não se sentem totalmente aptos se submetam à realização, podendo gerar conflitos. O especialista afirma que alinhar expectativas e ser transparente é a base de toda a resolução.

Já o cirurgião geral e oncológico Alfredo Guarischi, da UFRJ, abordou a judicialização na oncologia, destacando as principais causas: a frequência e a complexidade da doença, além da natureza experimental de alguns tratamentos, que podem ser paliativos ou curativos.

O acadêmico Antonio Egídio Nardi, da UFRJ, endossou a relação médico-paciente como fundamental para evitar questões de judicialização na psiquiatria. Outros pontos levantados foram a facilidade do acesso a tratamentos farmacológicos caros pelo SUS como uma alternativa bem-sucedida e a deficiência na assistência psiquiátrica pública como causa da judicialização em internação compulsória.

O acadêmico Silvano Raia foi outro convidado e enfatizou quejudicialização da saúde deve respeitar os princípios éticos e legais”. O acadêmico destacou dois conceitos: a ética do dever e a da responsabilidade. A primeira é para cumprir nosso dever como membros de uma sociedade; o outro conceito, da responsabilidade, é mutável e visa obter o bem.

“O número de ações judiciais vem aumentado progressivamente no Brasil em decorrência da falta de recursos e de acesso aos serviços de saúde, mas a lei da medicina tem que zelar pela saúde do ser humano”, enfatizou o acadêmico.

Mas por que o paciente judicializa? A médica Maíra Dantas, do Conselho Regional de Medicina da Bahia, tentou responder a essa questão. Segundo ela,isso ocorre para que o paciente tenha acesso aos serviços de saúde que a constituição garante, mas não provém. “A medicina não pode se submeter ao Código de Defesa do Consumidor, pois a medicina não pode ser mercantilista, porém, infelizmente, as filas do judiciário estão mais céleres do que as filas da saúde”.

 “A legislação foi um ganho social inquestionável e inexorável. Mas, prometemos algo que não conseguimos cumprir. A prática conflita com as dificuldades do nosso sistema de saúde. Há uma enorme desproporção entre as demandas da população e a oferta desses serviços. Além disso, nos últimos anos perdemos muitos leitos na esfera pública, privada, filantrópica e suplementar”. Dantas finalizou sua apresentação citando Carl Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

Para ter acesso à sessão completa, veja o vídeo em nosso canal no YouTube https://bit.ly/33cVl55 ou aqui no nosso site.

JUDICIALIZAÇÃO NA SAÚDE: A VISÃO DE JUÍZES E PROMOTORES

Quando o assunto é saúde, e em muitos casos, isso significa gravidade, a justiça e os juízes brasileiros têm sido colocados diante de um enorme desafio, uma verdadeira escolha de Sofia, segundo o Procurado do Estado de São Paulo, Arnaldo Hossepian. A judicialização da saúde foi tema da sessão científica da Academia Nacional de Medicina, no dia 19/11.

O evento contou com a abertura do presidente da ANM, Rubens Belfort Jr, e a coordenação dos acadêmicos José de Jesus Camargo e José Galvão Alves. 

Outra participante foi a juíza Candice Jobim que expôs uma linha do tempo sobre o processo que levou o Conselho Nacional de Justiça a criação dos e-NatJus – um cadastro nacional de pareceres, notas e informações técnicas para auxiliar os magistrados com fundamentos científicos para decidir se concede ou nega determinado medicamento ou tratamento a quem aciona à Justiça.

O sistema, hoje nacional, conta com 27 NatJus, espalhados pelo Distrito Federal e unidades da Federação, com mais de 3 mil notas técnicas que, além de contribuírem nas sentenças, tem ampliando a oferta de medicamentos e serviços no SUS. 

Para ser elaborado, o sistema contou com parcerias dos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein e visa avaliar as evidências científicas de um medicamento prescrito por médicos e mais do que apenas a efetividade: o custo x benefício também são avaliados. Ao conceder um medicamento a um doente, a Justiça poderá estar contribuindo também para a desorganização do SUS. Medicamentos com preços exorbitantes e sem comprovação de eficácia, privilegiam aqueles que conseguem impetrar mandatos na Justiça e impactam o sistema e o atendimento de vários dependentes do SUS.  

Através dos seus simpósios virtuais semanais, a ANM trouxe à tona em 2020 temas relevantes do cenário da pandemia pelo coronavírus e da saúde, para debates com a comunidade médica, cientifica e a sociedade em geral, visando gerar reflexões importantes na contemporaneidade.

Confira a íntegra das palestras no canal da ANM: https://bit.ly/3fz0hGL.



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