José Francisco Xavier Sigaud nasceu em Marselha, França, em 2 de dezembro de 1796. Filho de Jeronymo Sigaud e de Marie Catarine Eyglument.
Era bacharel em Letras e iniciou seus estudos na Faculté de Medicine de Montpellier (França). Doutorou-se em Medicina pela Faculté de Médecine de Strasbourg, em 7 de setembro de 1818, com a tese “Recherches et observations sur la phthisie laryngée” (Pesquisas e Observações sobre a Laringite Tuberculosa).
Em decorrência da perseguição política no contexto antibonapartista do reinado (1824-1830) de Charles X na França, Sigaud emigrou para o Brasil, desembarcando na cidade do Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1825, onde se estabeleceu.
José Francisco Xavier Sigaud veio recomendado por carta de Ange Hyacinthe Maxence de Damas de Cormaillon, Barão de Damas e então Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, a Jacques-Marie Aymard, Conde de Gestas e Cônsul Geral da França no Brasil. Esta correspondência recomendava Sigaud como médico e naturalista, com interesse em clinicar e realizar estudos no campo da história natural.
Fixando-se no Rio de Janeiro, tornou-se conhecido por sua intensa atividade editorial, desenvolvida em parceria com um compatriota, o livreiro Pierre Plancher.
A dupla Sigaud-Plancher tem grande importância para a história do livro e da imprensa no Brasil do Primeiro Reinado e do período regencial. Foi deles, por exemplo, a iniciativa de fundar, em 1827, o famoso Jornal do Commercio, que se tornaria um dos mais importantes jornais de grande circulação na capital do Império.
Em 1829, Dr. José Francisco Xavier Sigaud, juntamente com Joaquim Candido Soares de Meirelles, José Martins da Cruz Jobim, Luiz Vicente De Simoni e Jean Maurice Faivre, fundou a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, cujas reuniões preparatórias foram realizadas nas residências dos médicos, inclusive na de José Francisco Xavier Sigaud, situada na rua do Rosário, n. 185. Coube-lhe a redação do projeto dos estatutos da fundação desta sociedade, sendo, ainda, seu presidente em várias ocasiões (2º trimestre de 1830, 1º e 2º trimestres de 1832, e no período 1851-1852).
Foi responsável pela fundação do primeiro periódico médico brasileiro em 1827, que ostentava o extenso título de “O Propagador das Sciencias Medicas ou Anaes de Medicina, Cirurgia e Pharmacia; para o Império do Brasil e Nações Estrangeiras”. Fundou o jornal da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, intitulado “O Semanário de Saúde Pública”, lançado em 3 de janeiro de 1831, do qual foi o editor até 1835. Em 1835, aliou-se novamente a seu amigo Plancher para editar o “Diario de Saude ou Ephemerides das sciencias medicas e naturaes do Brazil”, que existiu até 1836 – tendo como companheiros de redação o médico Francisco de Paula Cândido e Francisco Crispiniano Valdetaro, médico e professor das princesas filhas de D. Pedro II.
Nas páginas deste periódico, publicou parte do material que viria a constituir sua obra “Du climat et des maladies du Brésil ou statistique médicale de cet Empire” (1844).
Em 12 de novembro de 1833, foi nomeado, por José Bonifácio de Andrada e Silva, médico honorário da família imperial pelos serviços prestados a D. Pedro II, especialmente no tratamento de uma moléstia que acometera o Imperador. Em 1840, foi efetivado como médico da Imperial Câmara.
Em 15 de julho de 1843, viajou para a França com o intuito de buscar informações sobre a enfermidade (amaurose) que acometera a visão de sua filha e para editar seu livro “Du Climat et des Maladies du Brésil”. Nesta ocasião, em Paris, tendo em vista suas relações com Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e Angel Renzi, respectivamente membro e administrador-tesoureiro do Institut Historique de France, Sigaud foi recebido em uma das sessões desta sociedade, realizada em 17 de janeiro de 1844, e fez a leitura de sua memória “Sur les progrès de la Géographie au Brésil et sur la necessité de dresser une carte générale de cet Empire”. Esta sua memória foi publicada no periódico “L´Investigateur – Journal de institut historique”. Contou, também, com a colaboração do escritor e viajante Jean Ferdinand Denis (1798-1890), especialmente pela cessão de documentos raros para sua obra, a qual foi publicada em Paris, em 1844. Sua obra, “Du climat et des maladies du Brésil ou statistique médicale de cet Empire”, foi muito bem recebida na França, principalmente na Academie Royal de Médecine de Paris, tendo sido, inclusive, condecorado com a Cruz da Ordem Real da Legião de Honra.
O Dr. José Francisco Xavier Sigaud retornou da França para o Brasil em 10 de agosto de 1844, onde sua obra foi igualmente bem recebida, tendo o Imperador distinguindo-o com a nomeação de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e a Academia Imperial de Medicina, acolhendo-o com elogios.
Participou da criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, estabelecido pelo Decreto n. 1.428, de 12 de setembro de 1854. A criação desta instituição foi inspirada no Institut des Enfants Aveugles, em Paris, onde o jovem cego José Álvares de Azevedo, filho de Manoel Álvares de Azevedo, havia estudado. Este, ao retornar ao Brasil, se ofereceu para ser professor de Adèle Marie Louise Sigaud, filha de Sigaud, cega desde os 15 anos de idade, o que motivou a José Francisco Xavier Sigaud a empenhar-se pela criação de uma instituição nos moldes da francesa. Sigaud apresentou o jovem professor ao Imperador D. Pedro II, de quem Sigaud era médico particular, de forma a estimular a criação de tal instituição. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos recebeu o apoio do Imperador D. Pedro II, e foi inaugurado em 17 de dezembro de 1854, na Chácara n. 3, do Morro da Saúde, próximo à Praia do Lazareto, na cidade do Rio de Janeiro. Sigaud foi seu primeiro diretor e permaneceu no cargo até a data de sua morte. Adèle Marie Louise Sigaud, sua filha, foi a primeira aluna e, posteriormente, professora de primeiras letras e de música do mesmo instituto.
Em 19 de junho de 1859, foi inaugurado um pedestal em homenagem a Sigaud no salão nobre do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, com os seguintes dizeres: “J. F. X. Sigaud collaborador de J. A. Azevedo na fundação do Instituto dos Meninos Cegos e primeiro director do mesmo instituto”. Em 1890, o instituto, então denominado Instituto Benjamim Constant, foi transferido para o prédio na Praia da Saudade (atual Avenida Pasteur, bairro da Urca), na cidade do Rio de Janeiro, e, nas proximidades deste novo prédio, posteriormente, foi aberta uma rua a qual foi denominada como Rua Dr. Xavier Sigaud.
Recebeu a Cruz da Legião de Honra da França e foi condecorado pelo Imperador D. Pedro II como Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Membro Titular da Sociedade Real de Medicina de Marselha.
Faleceu em 10 de outubro de 1856, no Rio de Janeiro, pobre, dentro do Instituto Imperial dos Meninos Cegos.
Número acadêmico: 2
Membro: Fundador
Eleição: 28/05/1829
Posse: 30/06/1829
Sob a presidência: Joaquim Candido Soares de Meirelles
Falecimento: 10/10/1856
Número acadêmico: 2
Membro: Fundador
Eleição: 28/05/1829
Posse: 30/06/1829
Sob a presidência: Joaquim Candido Soares de Meirelles
Falecimento: 10/10/1856
José Francisco Xavier Sigaud nasceu em Marselha, França, em 2 de dezembro de 1796. Filho de Jeronymo Sigaud e de Marie Catarine Eyglument.
Era bacharel em Letras e iniciou seus estudos na Faculté de Medicine de Montpellier (França). Doutorou-se em Medicina pela Faculté de Médecine de Strasbourg, em 7 de setembro de 1818, com a tese “Recherches et observations sur la phthisie laryngée” (Pesquisas e Observações sobre a Laringite Tuberculosa).
Em decorrência da perseguição política no contexto antibonapartista do reinado (1824-1830) de Charles X na França, Sigaud emigrou para o Brasil, desembarcando na cidade do Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1825, onde se estabeleceu.
José Francisco Xavier Sigaud veio recomendado por carta de Ange Hyacinthe Maxence de Damas de Cormaillon, Barão de Damas e então Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, a Jacques-Marie Aymard, Conde de Gestas e Cônsul Geral da França no Brasil. Esta correspondência recomendava Sigaud como médico e naturalista, com interesse em clinicar e realizar estudos no campo da história natural.
Fixando-se no Rio de Janeiro, tornou-se conhecido por sua intensa atividade editorial, desenvolvida em parceria com um compatriota, o livreiro Pierre Plancher.
A dupla Sigaud-Plancher tem grande importância para a história do livro e da imprensa no Brasil do Primeiro Reinado e do período regencial. Foi deles, por exemplo, a iniciativa de fundar, em 1827, o famoso Jornal do Commercio, que se tornaria um dos mais importantes jornais de grande circulação na capital do Império.
Em 1829, Dr. José Francisco Xavier Sigaud, juntamente com Joaquim Candido Soares de Meirelles, José Martins da Cruz Jobim, Luiz Vicente De Simoni e Jean Maurice Faivre, fundou a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, cujas reuniões preparatórias foram realizadas nas residências dos médicos, inclusive na de José Francisco Xavier Sigaud, situada na rua do Rosário, n. 185. Coube-lhe a redação do projeto dos estatutos da fundação desta sociedade, sendo, ainda, seu presidente em várias ocasiões (2º trimestre de 1830, 1º e 2º trimestres de 1832, e no período 1851-1852).
Foi responsável pela fundação do primeiro periódico médico brasileiro em 1827, que ostentava o extenso título de “O Propagador das Sciencias Medicas ou Anaes de Medicina, Cirurgia e Pharmacia; para o Império do Brasil e Nações Estrangeiras”. Fundou o jornal da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, intitulado “O Semanário de Saúde Pública”, lançado em 3 de janeiro de 1831, do qual foi o editor até 1835. Em 1835, aliou-se novamente a seu amigo Plancher para editar o “Diario de Saude ou Ephemerides das sciencias medicas e naturaes do Brazil”, que existiu até 1836 – tendo como companheiros de redação o médico Francisco de Paula Cândido e Francisco Crispiniano Valdetaro, médico e professor das princesas filhas de D. Pedro II.
Nas páginas deste periódico, publicou parte do material que viria a constituir sua obra “Du climat et des maladies du Brésil ou statistique médicale de cet Empire” (1844).
Em 12 de novembro de 1833, foi nomeado, por José Bonifácio de Andrada e Silva, médico honorário da família imperial pelos serviços prestados a D. Pedro II, especialmente no tratamento de uma moléstia que acometera o Imperador. Em 1840, foi efetivado como médico da Imperial Câmara.
Em 15 de julho de 1843, viajou para a França com o intuito de buscar informações sobre a enfermidade (amaurose) que acometera a visão de sua filha e para editar seu livro “Du Climat et des Maladies du Brésil”. Nesta ocasião, em Paris, tendo em vista suas relações com Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e Angel Renzi, respectivamente membro e administrador-tesoureiro do Institut Historique de France, Sigaud foi recebido em uma das sessões desta sociedade, realizada em 17 de janeiro de 1844, e fez a leitura de sua memória “Sur les progrès de la Géographie au Brésil et sur la necessité de dresser une carte générale de cet Empire”. Esta sua memória foi publicada no periódico “L´Investigateur – Journal de institut historique”. Contou, também, com a colaboração do escritor e viajante Jean Ferdinand Denis (1798-1890), especialmente pela cessão de documentos raros para sua obra, a qual foi publicada em Paris, em 1844. Sua obra, “Du climat et des maladies du Brésil ou statistique médicale de cet Empire”, foi muito bem recebida na França, principalmente na Academie Royal de Médecine de Paris, tendo sido, inclusive, condecorado com a Cruz da Ordem Real da Legião de Honra.
O Dr. José Francisco Xavier Sigaud retornou da França para o Brasil em 10 de agosto de 1844, onde sua obra foi igualmente bem recebida, tendo o Imperador distinguindo-o com a nomeação de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e a Academia Imperial de Medicina, acolhendo-o com elogios.
Participou da criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, estabelecido pelo Decreto n. 1.428, de 12 de setembro de 1854. A criação desta instituição foi inspirada no Institut des Enfants Aveugles, em Paris, onde o jovem cego José Álvares de Azevedo, filho de Manoel Álvares de Azevedo, havia estudado. Este, ao retornar ao Brasil, se ofereceu para ser professor de Adèle Marie Louise Sigaud, filha de Sigaud, cega desde os 15 anos de idade, o que motivou a José Francisco Xavier Sigaud a empenhar-se pela criação de uma instituição nos moldes da francesa. Sigaud apresentou o jovem professor ao Imperador D. Pedro II, de quem Sigaud era médico particular, de forma a estimular a criação de tal instituição. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos recebeu o apoio do Imperador D. Pedro II, e foi inaugurado em 17 de dezembro de 1854, na Chácara n. 3, do Morro da Saúde, próximo à Praia do Lazareto, na cidade do Rio de Janeiro. Sigaud foi seu primeiro diretor e permaneceu no cargo até a data de sua morte. Adèle Marie Louise Sigaud, sua filha, foi a primeira aluna e, posteriormente, professora de primeiras letras e de música do mesmo instituto.
Em 19 de junho de 1859, foi inaugurado um pedestal em homenagem a Sigaud no salão nobre do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, com os seguintes dizeres: “J. F. X. Sigaud collaborador de J. A. Azevedo na fundação do Instituto dos Meninos Cegos e primeiro director do mesmo instituto”. Em 1890, o instituto, então denominado Instituto Benjamim Constant, foi transferido para o prédio na Praia da Saudade (atual Avenida Pasteur, bairro da Urca), na cidade do Rio de Janeiro, e, nas proximidades deste novo prédio, posteriormente, foi aberta uma rua a qual foi denominada como Rua Dr. Xavier Sigaud.
Recebeu a Cruz da Legião de Honra da França e foi condecorado pelo Imperador D. Pedro II como Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Membro Titular da Sociedade Real de Medicina de Marselha.
Faleceu em 10 de outubro de 1856, no Rio de Janeiro, pobre, dentro do Instituto Imperial dos Meninos Cegos.