Jornada Cardiovascular – Avanços e Perspectivas, no Auditório do 8º andar da ANM, paralelamente ao Simpósio Dia Mundial do Rim.

31/03/2016

Com o auditório repleto de Acadêmicos, Médicos, Residentes e Estudantes, o evento contou com a participação de alguns dos especialistas mais relevantes da área, que se dedicaram a discutir os principais desafios e avanços da cirurgia cardiovascular.

Realizada no auditório Xavier Sigaud, na sede da Academia Nacional de Medicina, a Jornada de Cirurgia Cardiovascular teve como missão, além de apresentar um histórico dos principais procedimentos da área de cirurgia cardiovascular, discutir os caminhos a serem seguidos.

Ficou a cargo dos Acadêmicos Henrique Murad e Milton Meier a moderação do Simpósio – a ausência do Acadêmico Ivo Nesralla justificou-se em razão de problemas de saúde.

Vista da audiência com Acadêmicos, Médicos e Estudantes
Moderadores Acadêmicos Henrique Murad e Milton Meier

Em sua fala introdutória, o Professor Milton Meier destacou a “pouca idade” da área; por exemplo, transplantes de coração começaram a ser realizados há apenas 50 anos – técnica esta que significou progresso notável para a área. Patologias antes consideradas incorrigíveis agora podem ser reparadas graças aos avanços logrados por meio de inúmeros estudos e o desenvolvimento de novas técnicas.

O Dr. Alexandre Siciliano iniciou sua palestra sobre Cirurgia Valvar Minimamente Invasiva demonstrando a evolução do tratamento de patologias como a insuficiência mitral. O foco, segundo o Dr. Alexandre, foi desenvolver alternativas para reduzir a extensão da incisão – o que implicava em alternativas para a visualização do procedimento (visualização indireta).

O emprego de cirurgia vídeo-assistida contribuiu, de acordo com o Dr.Siciliano, para o uso de incisões cada vez menores e para a realização de procedimentos cada vez menos invasivos. A cirurgia robótica foi também apresentada como ferramenta de auxílio, salientando-se que essas ferramentas agregam valor ao cuidado do paciente.

A palestra do Dr. Alexandre Siciliano foi encerrada com a apresentação de uma discussão sobre a real necessidade de remodelamento das novas lideranças dentro do campo da cirurgia cardiovascular, salientando a importância do desenvolvimento constante de novos modelos cirúrgicos e a capacitação das equipes.

Dr. Alexandre Siciliano

A Jornada seguiu com a contribuição do Dr. Luis Antonio de Carvalho, que abordou o Implante Percutâneo de Válvula Aórtica para tratamento de estenose aórtica. O Dr. Luis Antonio Carvalho chamou atenção para o fato de que a substituição de válvula aórtica em seu modelo convencional – cujos pacientes são, em geral, idosos – ainda se constitui em um procedimento que possui altas taxas de morbidade para o paciente.

Sendo assim, o médico chamou atenção para o fato de que, para que o implante percutâneo se constitua em uma alternativa eficaz para a cirurgia convencional, é necessária a existência de um time médico multidisciplinar, que seja capaz de analisar as características clínicas e anatômicas e, só então, escolher qual o procedimento mais adequado ao paciente.

Dr. Luis Antonio de Carvalho

Mais adiante, o Dr. Luis Alberto Dallan discorreu sobre Revascularização do Miocárdio, levando em consideração desde os primeiros estudos que consideravam o coração como órgão “intocável” até as técnicas utilizadas atualmente. O Dr. Dallan destacou que, apesar de existirem diversas opções de “pontes” para a revascularização (veia safena, artéria radial, dentre outras), a utilização da dissecção da artéria mamária se constitui em uma importante opção aos pacientes, principalmente por se tratar de um procedimento que pode ser utilizado em pacientes de qualquer idade.

Por fim, o Dr. Dallan frisou que a evolução da cirurgia cardíaca não se deu linearmente, mas como um “espiral”, onde as mais diversas técnicas foram se complementando e, por vezes, retomando algumas características daquelas que as antecederam.

Dr. Luis Alberto Dallan

Para introduzir a palestra do Dr. Paulo Pego-Fernandes, sobre Tratamento Cirúrgico da Insuficiência Cardíaca, o Acadêmico Henrique Murad destacou a relevância desse tipo de análise, tendo em vista que, durante muitos anos, os pacientes com insuficiência cardíaca não recebiam nenhum tipo de tratamento. Sobre o assunto, o Dr. Fernandes demonstrou dados comprovando que os altos níveis de mortalidade relacionados à insuficiência cardíaca só podem ser comparados aos de câncer de pulmão e que, além deste fato, os pacientes estão submetidos a um contexto de subdiagnóstico e subtratamento.

O Dr. Paulo Pego-Fernandes apresentou duas opções de tratamento cirúrgico para a insuficiência cardíaca em seus estágios mais avançados: a assistência circulatória mecânica e o transplante cardíaco. A assistência circulatória mecânica é utilizada principalmente em casos de pacientes que não se encaixam nos critérios de eleição para o transplante (em geral, a idade avançada), oferecendo uma perspectiva de vida muito positiva a esses indivíduos. No que se refere aos transplantes cardíacos, o médico fez um levantamento sobre as técnicas, complicações e fatores que influenciam o sucesso de um transplante.

Sendo assim, a palestra se encerrou concluindo que, apesar de se configurar como a primeira opção de tratamento para a insuficiência cardíaca de estágio avançado, o transplante cardíaco possui algumas limitações como a falta de sensibilização prévia da população e o número de doadores.

Dr. Paulo Pego-Fernandes

A etapa final da Jornada contou com as contribuições do Acadêmico Henrique Murad e do Dr. Felipe Murad para discutir doenças da aorta, respectivamente dissecção aórtica dos tipos A e B.

Com relação à dissecção aórtica de tipo A, o Acadêmico Henrique Murad chamou atenção para letalidade (e a rápida progressão dos níveis desta) da patologia. Após uma apresentação das características e da forma de classificação dessa doença, o Acadêmico Henrique Murad discorreu sobre o protocolo para o diagnóstico e os questionamentos cirúrgicos a serem feitos.

A criação de um Centro de Estudos para o tratamento da válvula aórtica foi apresentado como importante passo para o desenvolvimento de novos tratamentos de doenças como a dissecção aórtica.

A palestra do Dr. Felipe Murad encerrou o ciclo de palestras da Jornada. Abordando a dissecção aórtica tipo B, o Dr. Felipe Murad apresentou novas perspectivas para o tratamento desta patologia considerada menos letal, repensando antigos “caminhos certos” e propondo uma extensão do tratamento não só a pacientes classificados em um quadro complexo.

Dr. Felipe Murad

As discussões finais ficaram a cargo dos Acadêmicos Arno von Ristow, Carlos Gottschall, Milton Meier e José Eduardo Sousa.

Acadêmicos Arno von Ristow, Milton Meier e José Eduardo Souza

Todas as palestras e discussões podem ser acessadas no link abaixo, com o vídeo da Jornada na íntegra.

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