Nasceu em São Paulo do Amazonas, em 1911. Veio para a capital da República para estudar na Faculdade Nacional de Medicina. Rezende foi formado na Maternidade-Escola de Laranjeiras. Recebeu muito da doutrina do Acadêmico Fernando Augusto Ribeiro de Magalhães, mas foi como interno daquela Escola Obstétrica que o jovem Rezende se achegou em 1929, aninhando-se ao Professor Octávio Rodrigues Lima, para seguir seu noviciado obstétrico.
Ao se graduar, em 1931, a despeito de ter conquistado conhecimentos clínicos na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, é na Obstetrícia que vai pontificar sua assistência. Nunca se afastou da pesquisa, publicando em 1933 seu primeiro artigo científico: Icterícia e gravidez.
Logo tornou-se assistente de Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, transferindo-se em 1933, junto com o Professor Rodrigues Lima, para a Clínica Obstétrica da Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemaniano (atual Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Escola de Medicina e Cirurgia). Lá, galga os postos de assistente e chefe de clínica.
Entre 1938 e 1939 é assistente da Maternité Baudelocque, outrora Maternité Port-Royal e Maison d’Accouchements Baudelocque, então dirigida por Alexandre Couvelaire, discípulo do grande Adolphe Pinard.
Em 1941, publica Contribuição ao estudo da operação cesariana abdominal: sobre uma experiência pessoal de 114 casos, memória laureada pela Academia Nacional de Medicina, com o prêmio Madame Durocher. O prefácio desse ensaio, assinado pelo Acadêmico Fernando Magalhães, realça o brilhantismo do autor e antevê nessa cirurgia, outrora infame, a batalha acadêmica que consagraria a vida do Acadêmico Jorge de Rezende.
Em 1943, com a transferência do Professor Rodrigues Lima da Escola de Medicina e Cirurgia para a Maternidade-Escola de Laranjeiras, a fim de ocupar a cátedra e suceder o Acadêmico Fernando Magalhães, o Acadêmico Jorge de Rezende lança-se então ao concurso para a Cátedra de Clínica Obstétrica da Escola de Medicina e Cirurgia, apresentando a tese Eritroblastose fetal, problema obstétrico. É a tese magnífica, e o autor coroado com a cátedra disputada em 1944.
A operação cesariana sempre foi um de seus temas prediletos. Descrente das técnicas não peritoneais, foi na proposição da incisão estética de Pfannenstiel que conseguiu cristalizar a tomotocia, apresentando experiência de seu grupo em 26 de novembro de 1958, no Centro de Estudos da Maternidade Carmela Dutra.
Tal cabedal técnico que de há muito o distinguia entre seus pares, atingida a maturidade profissional, é eleito em 1957 membro titular da Academia Nacional de Medicina, agremiação das mais antigas e tradicionais neste país.
Em 1o de outubro de 1959, tendo sido fundada a 33a Enfermaria para abrigar a Maternidade da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, que funcionava formalmente desde 1847, de acordo com o decreto do provedor José Clemente Pereira, mas que desde 1582 já acudia os partos distócicos nas terras coloniais, a Jorge de Rezende são entregues seus rumos.
Rodeado por uma plêiade de assistentes, Jean Claude Nahoum, Carlos Antonio Barbosa Montenegro e José Maria Pinto Barcellos (ambos titulares da Academia Nacional de Medicina), Wilson Mercadante, Isaac Amar, Simão Coslovsky, Paulo Belfort, entre outros, pontifica na Casa de Anchieta o maior centro de tocologia do país. De sua lavra foram exaustivamente estudadas as anomalias do líquido amniótico, a fonocardiografia fetal, a doença trofoblástica gestacional, a tocurgia vaginal, as infecções maternas e perinatais.
Toda essa escola obstétrica é sistematizada em 1962, em tratado apelado sucintamente Obstetrícia. Publicação em dois tomos, abundante de gravuras, principiada por desenho original de Portinari, Mãe brasileira, rapidamente torna-se um clássico na língua de Camões. Edições sucessivas atestam o sucesso da obra.
Tendo se aposentado o Professor Rodrigues Lima, assume o Acadêmico Jorge de Rezende, em 1971, a cátedra de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), mediante transferência da Escola de Medicina e Cirurgia. Dirige de imediato a Maternidade-Escola de Laranjeiras, onde iniciara seu noviciado obstétrico. Lá, dá início, em colaboração com Jorge Rodrigues Lima e o Acadêmico Carlos Montenegro, a movimento que trouxe para a especialidade os préstimos da ultrassonografia. Em 1973, difundiu os conhecimentos da dinâmica uterina por influência de Caldeyro-Barcia, da Escola Obstétrica de Montevidéu/Uruguai, propagou as técnicas da cardiotocografia e a avaliação da vitabilidade fetal com dosagem de estriol e a microanálise do sangue fetal.
Ao se aposentar em 1981, de longe gozar descanso merecido, continua a fomentar os avanços da Obstetrícia moderna. Na Maternidade da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro era o mais assíduo de todos.
Sua morte, em 2 de maio de 2006, quase aos 95 anos de profícua atividade intelectual, dono de uma trajetória brilhante, deixa órfã a Obstetrícia brasileira, que perde ao mesmo tempo professor ilustre, tocólogo diligente e mestre amigo.
Dos seus sucessores, merece cita, e por sem dúvida, a figura apostolar do Acadêmico Carlos Montenegro, não se olvidando de Jorge Fonte de Rezende Filho, cuja genética privilegiada fora lapidada de modo estrênuo por seu pai e já se faz brilhar na Cátedra da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Número acadêmico: 426
Cadeira: 63 Vicente Cândido Figueira de Saboia (Visconde de Saboia)
Membro: Emérito
Secção: Cirurgia
Eleição: 07/11/1957
Posse: 24/04/1958
Sob a presidência: Deolindo Augusto de Nunes Couto
Saudado: Cláudio Amorim Goulart de Andrade
Emerência: 11/04/1985
Antecessor: Achilles Ribeiro de Araújo
Falecimento: 02/05/2006
Número acadêmico: 426
Cadeira: 63 Vicente Cândido Figueira de Saboia (Visconde de Saboia)
Membro: Emérito
Secção: Cirurgia
Eleição: 07/11/1957
Posse: 24/04/1958
Sob a presidência: Deolindo Augusto de Nunes Couto
Saudado: Cláudio Amorim Goulart de Andrade
Emerência: 11/04/1985
Antecessor: Achilles Ribeiro de Araújo
Falecimento: 02/05/2006
Nasceu em São Paulo do Amazonas, em 1911. Veio para a capital da República para estudar na Faculdade Nacional de Medicina. Rezende foi formado na Maternidade-Escola de Laranjeiras. Recebeu muito da doutrina do Acadêmico Fernando Augusto Ribeiro de Magalhães, mas foi como interno daquela Escola Obstétrica que o jovem Rezende se achegou em 1929, aninhando-se ao Professor Octávio Rodrigues Lima, para seguir seu noviciado obstétrico.
Ao se graduar, em 1931, a despeito de ter conquistado conhecimentos clínicos na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, é na Obstetrícia que vai pontificar sua assistência. Nunca se afastou da pesquisa, publicando em 1933 seu primeiro artigo científico: Icterícia e gravidez.
Logo tornou-se assistente de Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, transferindo-se em 1933, junto com o Professor Rodrigues Lima, para a Clínica Obstétrica da Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemaniano (atual Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Escola de Medicina e Cirurgia). Lá, galga os postos de assistente e chefe de clínica.
Entre 1938 e 1939 é assistente da Maternité Baudelocque, outrora Maternité Port-Royal e Maison d’Accouchements Baudelocque, então dirigida por Alexandre Couvelaire, discípulo do grande Adolphe Pinard.
Em 1941, publica Contribuição ao estudo da operação cesariana abdominal: sobre uma experiência pessoal de 114 casos, memória laureada pela Academia Nacional de Medicina, com o prêmio Madame Durocher. O prefácio desse ensaio, assinado pelo Acadêmico Fernando Magalhães, realça o brilhantismo do autor e antevê nessa cirurgia, outrora infame, a batalha acadêmica que consagraria a vida do Acadêmico Jorge de Rezende.
Em 1943, com a transferência do Professor Rodrigues Lima da Escola de Medicina e Cirurgia para a Maternidade-Escola de Laranjeiras, a fim de ocupar a cátedra e suceder o Acadêmico Fernando Magalhães, o Acadêmico Jorge de Rezende lança-se então ao concurso para a Cátedra de Clínica Obstétrica da Escola de Medicina e Cirurgia, apresentando a tese Eritroblastose fetal, problema obstétrico. É a tese magnífica, e o autor coroado com a cátedra disputada em 1944.
A operação cesariana sempre foi um de seus temas prediletos. Descrente das técnicas não peritoneais, foi na proposição da incisão estética de Pfannenstiel que conseguiu cristalizar a tomotocia, apresentando experiência de seu grupo em 26 de novembro de 1958, no Centro de Estudos da Maternidade Carmela Dutra.
Tal cabedal técnico que de há muito o distinguia entre seus pares, atingida a maturidade profissional, é eleito em 1957 membro titular da Academia Nacional de Medicina, agremiação das mais antigas e tradicionais neste país.
Em 1o de outubro de 1959, tendo sido fundada a 33a Enfermaria para abrigar a Maternidade da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, que funcionava formalmente desde 1847, de acordo com o decreto do provedor José Clemente Pereira, mas que desde 1582 já acudia os partos distócicos nas terras coloniais, a Jorge de Rezende são entregues seus rumos.
Rodeado por uma plêiade de assistentes, Jean Claude Nahoum, Carlos Antonio Barbosa Montenegro e José Maria Pinto Barcellos (ambos titulares da Academia Nacional de Medicina), Wilson Mercadante, Isaac Amar, Simão Coslovsky, Paulo Belfort, entre outros, pontifica na Casa de Anchieta o maior centro de tocologia do país. De sua lavra foram exaustivamente estudadas as anomalias do líquido amniótico, a fonocardiografia fetal, a doença trofoblástica gestacional, a tocurgia vaginal, as infecções maternas e perinatais.
Toda essa escola obstétrica é sistematizada em 1962, em tratado apelado sucintamente Obstetrícia. Publicação em dois tomos, abundante de gravuras, principiada por desenho original de Portinari, Mãe brasileira, rapidamente torna-se um clássico na língua de Camões. Edições sucessivas atestam o sucesso da obra.
Tendo se aposentado o Professor Rodrigues Lima, assume o Acadêmico Jorge de Rezende, em 1971, a cátedra de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), mediante transferência da Escola de Medicina e Cirurgia. Dirige de imediato a Maternidade-Escola de Laranjeiras, onde iniciara seu noviciado obstétrico. Lá, dá início, em colaboração com Jorge Rodrigues Lima e o Acadêmico Carlos Montenegro, a movimento que trouxe para a especialidade os préstimos da ultrassonografia. Em 1973, difundiu os conhecimentos da dinâmica uterina por influência de Caldeyro-Barcia, da Escola Obstétrica de Montevidéu/Uruguai, propagou as técnicas da cardiotocografia e a avaliação da vitabilidade fetal com dosagem de estriol e a microanálise do sangue fetal.
Ao se aposentar em 1981, de longe gozar descanso merecido, continua a fomentar os avanços da Obstetrícia moderna. Na Maternidade da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro era o mais assíduo de todos.
Sua morte, em 2 de maio de 2006, quase aos 95 anos de profícua atividade intelectual, dono de uma trajetória brilhante, deixa órfã a Obstetrícia brasileira, que perde ao mesmo tempo professor ilustre, tocólogo diligente e mestre amigo.
Dos seus sucessores, merece cita, e por sem dúvida, a figura apostolar do Acadêmico Carlos Montenegro, não se olvidando de Jorge Fonte de Rezende Filho, cuja genética privilegiada fora lapidada de modo estrênuo por seu pai e já se faz brilhar na Cátedra da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.