A vida e obra de Willem Pies foram tema das conferências proferidas pelos acadêmicos Deolindo de Souza Gomes Couto e Luiz Fernando Rocha Ferreira da Silva na última sessão científica, realizada no dia 05 de julho de 2012. Os acadêmicos abordaram o IV centenário desse holandês, nascido na cidade de Leiden, em 1611, e cujo falecimento remonta ao ano de 1678, na cidade de Amsterdã.
Também conhecido como Guilherme Piso ou Willem Piso, formou-se em medicina em Caen, França (1634) e foi indicado médico pela Companhia das Índias Ocidentais, em 1636, tendo conseguido, através de alguns amigos, a formação de uma missão científica em direção ao Brasil. A missão vinha estudar aqui os mais variados aspectos da história natural e da medicina na nova colônia. Assim, tornou-se membro da expedição e médico particular de Maurício de Nassau. E foi dessa forma que se tornou responsável por uma obra monumental sobre a história natural do Brasil.
A comissão holandesa aportou no Brasil e aqui estudou medicina, farmácia, zoologia, botânica, mineralogia, sociologia, a etnografia e astronomia, tendo sido responsável inclusive por observações astronômicas, utilizando-se de um observatório montado no Recife por Maurício de Nassau.
Piso aproveitou a temporada em solo brasileiro e fez ainda importantes estudos sobre os índios e sobre miscigenação racial. Alguns estudiosos creditam a Pies a ampliação da patologia do seu tempo e estudos sobre terapêutica de medicamentos eficazes, fundando a nova nosologia daquela época.
A obra médica de Pies está descrita em quatro livros. No seu primeiro livro, Pies se mostrava extremamente preocupado com a ecologia, como observou Deolindo Couto. E dentre as preocupações ecológicas, estudou o meio físico, os tipos de alimentação que havia no Brasil e até que ponto poderiam ser utilizados por europeus. Ele ainda era um grande entusiasta da água e atribuía a ela grande valor terapêutico. Além disso, teve uma contribuição importante no estudo das plantas medicinais encontradas no país. Na época, os índios debochavam dos medicamentos europeus, pois afirmavam que eram muito complicados, disse Deolindo Couto.
O acadêmico Luiz Fernando Ferreira deteve-se mais sobre alguns aspectos do terceiro e quarto livros de Willem Pies. Nele, como contou Ferreira, Pies aborda o lado benigno da natureza. Para o holandês, o antídoto de um veneno estava no mesmo local onde foi identificada a toxina. Pies é considerado, junto com outros, um dos primeiros a estudar as patologias tropicais, afirmou.
Pies retornou à Holanda em 1644, onde ocupou importantes posições no Colégio Médico e teve a oportunidade de montar uma clínica privada até o seu falecimento em 1678.