A primeira sessão do ano na ANM inaugurou a sede original após mais de dois anos de reformas. A honra desta apresentação ficou por conta do médico Geraldo Pereira Jotz, cirurgião de cabeça e pescoço e professor de Anatomia Patológica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), onde chefia o departamento de Ciências Morfológicas. O convidado apresentou os resultados promissores de sua pesquisa, que conseguiu regenerar cartilagem usando céulas-tronco em nanofibras.
A equipe do pesquisador cultivou as células-tronco mesenquimais em moldes de polímeros biodegradáveis feitos com nanofibras – uma espécie de “tecido” absorvível com células aderidas.
O estudo utilizou porcos como modelo experimental, nos quais foram feitos três incisões na região da cartilagem tireoide, que não tem a capacidade de se regenerar. Após somente um mês, todas as lesões suturadas com o “tecido” foram preenchidas por novo material cartilaginoso. Já os moldes, por sua vez, foram totalmente absorvidos pelo organismo. Além disso, nenhum animal desenvolveu teratoma (um tumor que pode ser gerado por alguns tipos de células-tronco).
O resultado é especialmente promissor para casos de câncer de laringe. Estes pacientes não podem se beneficiar do transplante, pois não resistiriam aos imunossupressores. “Poderíamos testar o método em qualquer cartilagem”, explicou Jotz. “Porém, como cirurgião de cabeça e pescoço, há anos lido com muitos destes casos e, portanto, tenho especial interesse em desenvolver uma nova forma de restaurar esse tecido após a retirada do tumor”.
O cirurgião acrescentou ainda que o método é mais seguro e eficaz do que apenas injetar as células nos pacientes, por ser mais localizado. No entanto, afirmou estar receoso quanto à utilização terapêutica, afinal ainda não se sabe exatamente qual o mecanismo de atuação destas células para promover a restauração do tecido.
