13-7-1927 – 4-4-2021
É com imensa tristeza que a Academia Nacional de Medicina comunica o óbito do acadêmico Fúlvio José Carlos Pileggi, aos 93 anos, ocorrido no dia 4 de abril de 2021.
Natural de São Carlos, no interior de São Paulo, o acadêmico Fúlvio José Carlos Pileggi, graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 1952. Realizou, entre 1955 e 1957, estágio no Instituto Nacional de Cardiologia do México – na época, importante centro da cardiologia mundial. Lá, começou como médico interno, tornando-se, mais tarde, responsável por todo o curso de Cardiologia e Nefrologia.
No quarto ano do curso de medicina, Pileggi interessou-se pela cardiologia, especialidade que o consagraria como um dos mais respeitados cardiologistas do país, tendo sido um dos responsáveis pela implementação da eletrocardiografia no Brasil.
Ao lado de Euryclides de Jesus Zerbini, Pileggi teve papel fundamental na comissão de planejamento do Instituto do Coração (InCor) de São Paulo, denominado inicialmente de Instituto de Doenças Cardiopulmonares e considerado como um centro de excelência em todo o país. E posteriormente, em 1978, participou da missão de criar a Fundação Zerbini – uma entidade de direito privado para dar suporte financeiro ao InCor, garantindo a modernização do Instituto com equipamentos de ponta e médicos de excelência.
Nos anos 90, foi responsável pelo curso de especialização em Cardiologia do Instituto, onde foi professor titular por duas décadas. Foi ainda diretor-geral do InCor do Hospital das Clínicas, entre 1981 a 1997, onde também presidiu seu conselho diretor.
Nos 50 anos de exercício da medicina, o cardiologista publicou mais de 500 artigos em revistas científicas nacionais e cerca de 200 em periódicos internacionais. Sua trajetória acadêmica foi marcada pela prática médica associada à ciência e à administração hospitalar, sendo considerado um homem de grande visão administrativa.
Ao longo de sua carreira, foi homenageado com dezenas de condecorações e prêmios, dos quais destacam-se as três vezes que ganhou o Prêmio Ovídio Pires de Campos (1964, 67 e 72), a Medalha Carlos Chagas (1986), o Prêmio Nacional de Cirurgia Cardíaca (1987) e o Prêmio Dr. Hélio Magalhães (1992). Foi ainda agraciado com a Grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.
Foi membro de diversas instituições, como as Sociedades Brasileira de Cardiologia, Mexicana de Cardiologia, de Médicos Internos e Becários do Instituto Nacional de Cardiologia do México, Brasileira de Nefrologia, Peruana de Cardiologia, de Cardiologia de Tucuman (membro estrangeiro) e de Cardiologia do Noroeste Argentino (membro honorário). Fez parte também da New York Academy of Sciences, do Comitê Internacional de Eletrocardiografia, do American College of Cardiology, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (sócio fundador) e da Interamerican Medical and Health Association.
Na ocasião de sua candidatura a Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, apresentou memória intitulada “Experiência Clínica com Estreptoquinase e Procedimentos Sequenciais para o Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio”. Fúlvio Pileggi ocupava a cadeira 53, cujo patrono é Heitor Pereira Carrilho.
Pileggi faleceu aos 93 anos. Deixa quatro filhos, dois homens e duas mulheres, mas nenhum seguiu a profissão do pai.