Cento e noventa e um anos e, mais do que nunca, a Academia mantém importância estratégica, pela sua independência, maturidade e excelência, na defesa da melhor medicina e do direito à saúde para todos.
A história da Academia Nacional de Medicina, aqui resumida, traz a memória viva do passado ao presente e delineia também o futuro.
A Academia sobrevive e os 674 acadêmicos que nestes 191 anos, superaram todos os desafios sanitários e políticos não poderiam jamais deixar de encarar os de agora e, apesar da pandemia, continuam ativos e contribuindo com modernidade para a melhora de saúde da população, usando toda a experiência para contribuir ao desenvolvimento e progresso da Medicina, clínica e cirúrgica, saúde pública e ciências correlatas.
A Academia Nacional de Medicina nunca deixou de se reunir e as sessões presenciais passaram a virtuais, com maior nacionalização e internacionalização, tratando de seguir contribuindo na criação, transmissão e aplicação do melhor conhecimento médico a todos, sua missão perpétua.
De 1829 a 1889 as reuniões apresentavam a saudação “Vida Longa ao Rei”, mas também, desde 1829 a Academia Nacional de Medicina segue clamando por Vida Longa à Medicina e aos que a defendem.
Rubens Belfort Jr.
PRESIDENTE da ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA – 2020-2021
A Academia Nacional de Medicina comemora no dia 30 de junho de 2020 os seus 191 anos de existência, em meio à maior crise sanitária mundial dos últimos 100 anos, a Pandemia do Coronavírus (Covid-19). No dia de nosso aniversário, o mundo está contabilizando mais de 500.000 mortos pela Covid-19.
No momento, ainda não sabemos como lidar com esta doença. A Covid-19 não possui vacina nem tampouco tratamento comprovadamente eficaz. A única maneira de reduzir os efeitos devastadores da Pandemia nos sistemas de saúde é o distanciamento social. Dessa maneira, nossas Sessões Científicas semanais presenciais foram suspensas em 12 de março de 2020. Entretanto, nossa bicentenária instituição, que sempre associou tradição com modernidade, imediatamente respondeu ao enorme desafio que estamos vivendo e iniciou as Sessões remotamente, online e ao vivo, reunindo os Acadêmicos de todos os estados em suas reuniões semanais. Também, atendendo às enormes dificuldades do momento, nossa Instituição tem realizado dezenas de Simpósios remotos sobre a Pandemia da Covid-19 e seus desdobramentos, com especialistas de todos os estados, bem como de diversos países, como China, EUA, Reino Unido, Portugal, França e todas as Academias de Medicina da América Latina.
A Academia Nacional de Medicina não parou; muito pelo contrário, está mais ativa do que nunca.
Pietro Novellino (2003-2005, 2009-2011, 2013-2015)
Presidente
Francisco J. B. Sampaio (2015-2017)
Presidente
Jorge Alberto Costa e Silva (2017-2019)
Presidente
Em uma enfermaria do Hospital da Misericórdia, atual Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, foi lançada pelo Dr. Joaquim Candido Soares de Meirelles a ideia da fundação de uma Sociedade de Medicina.
Formado pela Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, em 1822, o Dr. Soares de Meirelles foi enviado a Paris para aperfeiçoar os estudos médicos e, lá, testemunhou os primeiros passos da Academia de Medicina de Paris.
Regressando ao Brasil, quis fundar uma associação semelhante à Academia Francesa. Entusiasmados com a ideia, associaram-se: De Simoni, José Martins da Cruz Jobim, José Francisco Xavier Sigaud e Jean Maurice Faivre, criando em 30 de junho de 1829 a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, posteriormente Academia Imperial de Medicina (1835) e finalmente Academia Nacional de Medicina.
Em 15 de janeiro de 1830, decreto Imperial com a presença do Imperador D. Pedro I, que compareceu à sessão inaugural e a várias outras reuniões, reconhece a Sociedade, aprova seus estatutos que estabelecem objetivos filantrópicos e a finalidade de melhorar o exercício da medicina e colaborar com o governo nas questões de saúde.
A Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro instalou-se, publicamente, em sessão solene realizada em 24 de abril de 1830, presidida pelo Marquês de Caravelas e com a presença do Imperador D. Pedro I, que compareceu a várias reuniões seguintes.
Joaquim Candido Soares de Meirelles foi eleito Presidente da Sociedade e teve como secretário Luiz Vicente De Simoni, arquivista e tesoureiro José Martins da Cruz Jobim.
Entre outras personalidades, encontravam-se Francisco de Lima e Silva (Regente), José Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca da Independência do Brasil) e outros Grandes do Império.
Nesta ocasião, o Dr. Meirelles anunciou a instituição de prêmios, a serem conferido aos trabalhos cujo temas constituíssem meios de melhorar a saúde pública.
Com o tempo, a definição dos assuntos sugeridos para concorrer aos prêmios passou a ser estabelecida nas solenidades anuais de comemoração do aniversário da Instituição. Estes prêmios existem até a atualidade.
Em 1831, D. Pedro I, isolado no poder, decide abdicar do trono em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, então uma criança, futuro D. Pedro II. O ato marcou o fim do Primeiro Reinado e o início do período regencial no Brasil.
Sob a direção e iniciativa do primeiro presidente eleito, em novembro de 1833, nasceu a proposta de transformar a Sociedade em Academia. Em 1835, por decreto, a Sociedade de Medicina foi elevada à categoria de Academia Imperial de Medicina.
A sua primeira sessão após o ato teve a participação do jovem Imperador D. Pedro II como presidente, na ocasião com 9 anos de idade. O Paço Imperial passou a receber as sessões comemorativas da Academia, sempre com a presença do Imperador que tomou parte de todas as sessões aniversárias até 1889.
Nomeada parteira da Casa Imperial, em 1866, assistindo à Imperatriz Tereza Cristina no parto da Princesa Leopoldina, filha de D. Pedro II, Marie Josephine Mathilde Durocher, conhecida como a primeira parteira do país, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Imperial de Medicina, em 1871.
Com a instauração do regime republicano, instituído pelo Governo Provisório, em novembro de 1889, o título “imperial” foi suprimido das instituições dependentes do Ministério dos Negócios do Interior, entre elas a Academia Imperial de Medicina, que passou a ser denominada Academia Nacional de Medicina.
Exilado após a proclamação da República, D. Pedro II morreu em 5 de dezembro de 1891, na França. Ao seu lado estava o Dr. Cláudio Velho da Motta Maia, que assinou o atestado de óbito do Imperador, juntamente com outros dois grandes nomes da medicina mundial, Charles Bouchard e Jean-Martin Charcot. O original do atestado de óbito encontra-se em perfeito estado no Arquivo da Academia Nacional de Medicina.
A Instituição teve várias sedes desde sua fundação até a atual. Em 1830 em um prédio alugado à Irmandade do Rosário, posteriormente, na Igreja do Rosário, onde permaneceu até 1834. Entre 1834 e 1861 ficou instalada na Escola militar, no Largo de São Francisco; em seguida no Paço Municipal até 1874 e no Recolhimento do Parto até 1899, quando se transferiu para o Museu Pedagógico. De 1901 a 1902, instalou-se na rua Evaristo da Veiga e de 1902 a 1903 no Liceu de Artes e Ofícios. Em 1903, passou a funcionar no Colégio Pedro II, e de 1904 a 1958 a Academia funcionou no prédio do Silogeu Brasileiro.
Em 1958, foi instalada na sua sede atual, em sessão que contou com a presença do presidente médico Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Durante dois anos funcionou na Academia Brasileira de Ciências e em 2013 voltou à sua sede própria reformada.
Esta Academia se constitui de cem Membros Titulares, todos brasileiros, além de médicos nacionais e estrangeiros, eleitos Honorários ou Correspondentes. Os Membros Titulares são admitidos nas secções de Medicina, Cirurgia ou de Ciências Aplicadas à Medicina. São Membros Eméritos, os titulares que solicitem, depois de 25 anos de sua posse.
Em 1866 ficou estabelecido que se comemoraria anualmente no dia 30 de junho o aniversário de fundação da Instituição.
Os primeiros periódicos, publicados pela Sociedade entre os anos de 1831 e 1833 e reunidos sob o título de “Semanário de Saúde Pública”, tinham por finalidade estabelecer e ampliar a audiência da medicina, como meio efetivo de interlocução com a aristocracia do Rio de Janeiro.
Em seu primeiro número, datado de 3 de janeiro de 1831, foi apresentado o objetivo da publicação, elaborado por José Francisco Xavier Sigaud.
Em abril de 1835, foi lançada a Revista Médica Fluminense em que 1841 passou a ser chamada Revista Médica Brasileira. Entre 1885 e 1906, passou a denominar-se Annaes da Academia Imperial de Medicina.
Sob a denominação atual, Anais da Academia Nacional de Medicina, as publicações são divulgadas de forma própria, consolidando sua autonomia como corporação científica.
Um espaço onde a história da ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA segue como uma linha do tempo, acompanhando o desenvolvimento da medicina brasileira frente às necessidades da evolução humana e social.
ARQUIVO BIBLIOTECA E MUSEU
A Academia Nacional de Medicina conta com arquivo – biblioteca, criada em 1830, a partir da doação de livros pelo Marquês de Maricá.
O museu teve origem em 1898 e a biblioteca
e o arquivo foram individualizados em 2005.
As três unidades foram reunidas no Centro da Memória Médica, inaugurado em 2018, para abrigar em um só espaço os grandes símbolos da instituição, que refletem significativamente a memória da Medicina no país.
O Acadêmico Sylvio de Abreu Fialho iniciou, e durante décadas, nos meados do século XX, foi montando esta coleção, única, mantida na Santa Casa do Rio de Janeiro e posteriormente doada à Academia Nacional de Medicina, onde vem sendo progressivamente cuidada e atualizada.
Há mil anos lentes já eram usadas de rotina para melhorar a visão principalmente para perto nas grandes bibliotecas da Europa e, no século XIII. No Brasil, os óculos surgiram já no século XVI.
Hoje em dia existem os mais variados tipos de óculos, de diferentes tamanhos, cores, estilos, e para os mais variados gostos, servindo mais do que para ajudar a enxergar, também com finalidade de proteção e estética, e sendo escolhidos com frequência para embelezar ou harmonizar a expressão facial.
Desde sua fundação, há 191 anos, semanalmente, os membros da Academia Nacional de Medicina se reúnem todas as quintas-feiras, às 18 horas, de março a novembro, respeitando a tradição monárquica. É a única entidade cultural e científica a reunir-se regularmente por tanto tempo, sendo também a mais antiga do Brasil.
Foi assim desde o império e apesar de todas as crises, a ANM seguiu se reunindo. Foi assim de novo agora em 2020 com a pandemia quando, usando recursos tecnológicos, foi inaugurado o Web Hall da ANM para propiciar em reunião virtual as sessões normais de quinta-feira, frequentemente também associada às outras atividades de ensino e defesa política da Medicina.
Atenta ao novo cenário global, a Diretoria da Academia Nacional de Medicina instituiu a migração integral das atividades da instituição para o home office durante a pandemia da COVID-19, inaugurando, para as sessões de quinta-feira, o Web Hall da Academia Nacional de Medicina, em plataforma 100% digital.
Dessa forma, além de manter ininterrupta sua atividade científica, a Academia Nacional de Medicina mostra, mais uma vez, que a inovação é a coluna vertebral da mais antiga entidade cultural e científica do Brasil.
Há 6 anos fomentando novas lideranças na medicina brasileira, com 50 médicos de menos de 40 anos, privilegiando diferentes perfis de liderança com participação ativa na geração, implantação e viabilização de ações inovadoras e norteadoras de novos caminhos para a medicina brasileira, de forma inspiradora, estimulante e dinâmica.