EXERCÍCIO FÍSICO E SAÚDE

19/05/2016

A obesidade e a inatividade física são fatores de risco independentes para as doenças cardiovasculares. A prática contínua de exercícios físicos é recomendada como uma intervenção não farmacológica na prevenção primária e tratamento para diminuir o risco de doenças cardiovasculares, inclusive doença coronária.

A gordura (tecido adiposo) é um órgão com várias funções, inclusive inflamação e resposta imunitária. De acordo com sua localização a célula de gordura tem características metabólicas diferentes, sendo que o excesso de gordura, principalmente localizado na região abdominal, apresenta maior risco para o desenvolvimento da diabetes e de doença relacionadas ao coração. Quando comparado à gordura corporal total, a gordura visceral tem maior associação com os níveis sanguíneos de triglicérides, com a pressão arterial aumentada e com a resistência à insulina (dificuldade da insulina em manejar a glicose no sangue). O excesso ou a distribuição desfavorável de gordura são alvos para redução, pois em consequência reduzem o risco de doenças do coração.

Uma parte importante do tratamento da obesidade e suas doenças associadas é a prática de exercícios físicos. Dois tipos de treinamentos podem ser indicados, aeróbio e de alta intensidade (HIIT, da sigla em inglês de “high intensity interval training”). O objetivo é mudar o gasto calórico, mobilizar a massa corporal magra (músculos) e a gordura corporal, concorrendo para o emagrecimento (redução da inflamação, melhora da resposta imunitária e redução da resistência à insulina).

O treinamento aeróbio é uma modalidade de exercício físico eficaz para a perda de massa corporal, principalmente da massa de gordura. Esse tipo de treinamento faz com que ocorra um aumento do gasto energético durante e após o término do exercício. Um dos fatores positivos do exercício aeróbio é o aumento do consumo de oxigênio pelo organismo.

O treinamento de alta intensidade pode ser realizado por qualquer pessoa. Pode ser usado tanto para perda de massa corporal quanto para perda de gordura localizada. O principal objetivo do treinamento de alta intensidade é fazer com que o corpo “queime” mais calorias por mais tempo. Em comparação com o exercício aeróbico, que acelera o metabolismo, mas a desaceleração já ocorre minutos depois do término do exercício, o exercício de alta intensidade acelera muito mais o metabolismo, e este só desacelera após horas, ou até mesmo dias, após o término do exercício.

Sabemos que somente a prática de exercício físico não é suficiente para reverter os malefícios de uma alimentação inadequada. A má alimentação pode gerar mais malefícios do que a inatividade física, o álcool e o tabagismo juntos. Um programa de exercícios deve estar aliado à uma alimentação equilibrada que consiste no consumo de alimentos que promovam crescimento, manutenção e desenvolvimento saudáveis do organismo.

Uma alimentação adequada deve conter todos os nutrientes necessários para a formação e manutenção do organismo, a partir de uma variedade de alimentos, sem excessos ou restrições alimentares. A quantidade desses alimentos deve estar de acordo com a fase de vida, o estado nutricional, os hábitos alimentares e as condições socioeconômicas de cada indivíduo.

O aumento da prevalência de indivíduos obesos (com aumento de acúmulo de gordura abdominal) está diretamente associado com o consumo de alimentos de má qualidade, ricos em gorduras “ruins” (gordura trans presente nos fast foods e alimentos processados), e do consumo de frutose (presente em refrigerantes, xaropes e alimentos processados, que embora não leve ao ganho de peso, está relacionada com desenvolvimento de doenças crônicas relacionadas à obesidade). Leitura sugerida: Schultz et al. Differences and Similarities in hepatic lipogenesis, gluconeogenesis and oxidative imbalance in mice fed diets rich in fructose or sucrose. Food & Function 2015;6:1684-1691.

Ao contrário do que se possa imaginar, a origem das calorias consumidas é mais importante do que a quantidade. Calorias provenientes do açúcar de mesa, por exemplo, vão levar à estímulos metabólicos completamente diferentes do que a mesma quantidade de calorias provenientes das proteínas e das fibras alimentares.

Para reverter o quadro de obesidade é importante aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras alimentares, como os alimentos integrais, frutas, verduras e leguminosas que vão promover uma saciedade maior com consequente menor ingestão de calorias. Se recomenda aumentar o consumo de alimentos ricos em proteínas, como os cortes de carnes magras, ovos e derivados de leite com baixo teor de gordura, pois esses vão garantir maior gasto calórico em repouso. Também se recomenda priorizar o consumo de carboidratos de boa qualidade, ricos em fibras alimentares, que vão gerar uma menor resposta do hormônio insulina, mantendo as taxas de glicose estáveis no sangue com consequente menor acúmulo de gordura abdominal, como as leguminosas, legumes e verduras. Consumir alimentos provenientes da natureza e retornar ao hábito de cozinhar é a chave para uma alimentação saudável.

O esquema a seguir resume os principais argumentos sobre exercício físico e saúde.

As pessoas devem fazer algum tipo de exercício físico e ter uma alimentação saudável.

Autores:

Victor Faria Motta

Carolina Maria de Oliveira Chamma

Carlos A. Mandarim-de-Lacerda – Membro Titular da Academia Nacional de Medicina

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