A Academia Nacional de Medicina (ANM) liderou a discussão sobre o Ensino Médico no Brasil em mais um simpósio, na última quinta-feira (06). Organizado pelo Acadêmico Giovanni Cerri, as palestras foram conduzidas por experts na área e que expressaram a preocupação com os cursos de medicina atualmente. “Eu vejo que, para a ANM, é fundamental discutir a questão de ensino médico, conteúdo, qualidade, especialização e é o que vamos fazer aqui nesse novo simpósio”, afirmou o Acadêmico Cerri.
A tecnologia foi o assunto que abriu o simpósio durante a apresentação do Acad. José J. Camargo, O Cirurgião na Era da Tecnologia, em que foi pontuado os impactos positivos do uso dela na área de saúde mas também os negativos, como a falta de individualidade entre a equipe e o paciente, e a impessoalidade. O Acadêmico aborda o uso da Inteligência Artificial e da telemedicina atualmente, e a necessidade da introdução de humanidades nos cursos de medicina. “O médico nunca será substituído porque a medicina de verdade se alimenta de compaixão”, finaliza o Acad. José J. Camargo.
O tema sobre novas tecnologias e ferramentas no ensino médico continuou durante a apresentação do professor José Knopholz sobre o tema O Papel da Simulação na Formação Médica, no qual ele exemplifica com uma história sobre outra área que a simulação foi útil. Ele explica como surgiu essa experiência na medicina e quais são os principais tipos, e o intuito é que, inicialmente, seja diminuída a fila de estudantes para examinar o paciente real. O professor finaliza ressaltando que essa é uma ferramenta extremamente poderosa, principalmente para evitar os erros.
O Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Professor Cesar Eduardo Fernandes esteve presente durante o simpósio para expor a Visão da AMB sobre o Momento Atual do Ensino Médico no País e responder questões relevantes sobre o assunto, principalmente o número de médicos no país. A apresentação mostra que o problema não está no número de médicos por habitantes no Brasil, e sim, pelo crescimento exponencial de escolas médicas. “O grande boom se deu entre 2011 e 2018. 133 escolas foram abertas, a maioria no segmento privado e vindo do programa Mais Médicos”, explicou o Presidente. São exibidas as principais estatísticas sobre a população médica, como gênero, distribuição geográfica e especialidade mais frequentes, e ainda expostas as mudanças que precisam ser feitas.
As apresentações seguintes abordaram a visão das universidades sobre o ensino. A Professora Patricia Tempski, da Universidade Federal de São Paulo (USP), ministrou o tema Qualidade na Formação Médica, em que foi abordando as principais características que fazem da escola médica suficientemente boa, como a ambiência, centrada no sistema de saúde, na segurança do paciente, tem projetos coerentes, entre outros. Um dos fatores mais importantes é a felicidade e bem-estar do aluno para que ele tenha um desempenho melhor no curso.
Em seguida, o Acadêmico Roberto Medronho, Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ministrou a palestra sobre o Programa MD – PhD: Formando Pesquisadores na Área Médica, um projeto feito pela UFRJ com o intuito formar mais pesquisadores no Brasil e estabelecer um programa de pós-graduação nos cursos de medicina. O Acadêmico explica como funciona a estrutura desse projeto, o número de egressos, exibe as conquistas do mesmo e as perspectivas para o futuro.
Após o intervalo, o Diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ, Professor Alberto Schanaider, apresentou o tema Desafios aos Docentes e Discentes no Ensino e Aprendizagem, em que foram exibidos os conflitos relevantes sofridos pelo corpo docente da universidade e os principais motivos para a desvalorização da carreira. O Professor também apresentou quais os notáveis reflexos desses obstáculos no processo de ensino-aprendizagem.
Em relação às avaliações feitas durante o curso, o Professor Carlos Collares, da Universidade Federal de Santa Catarina, apresentou o tema Avaliação em Educação Médica Baseada em Evidências, no qual abordou o formato de aplicação dos exames, explicando a fórmula da utilidade dos instrumentos de avaliação. Os diferentes formatos de avaliação também foram debatidos, assim como o seu impacto educacional.
Finalizando as apresentações do simpósio, o Professor Milton Arruda, da USP, ministrou o tema O Presente e o Futuro das Escolas Médicas Brasileiras, abordando a situação e a qualidade dos cursos de medicina no Brasil, as questões que envolvem as vagas, tanto as ociosas quanto as que são rapidamente preenchidas, principalmente no interior do país. O professor explica como estará essa situação no futuro, como os novos recursos podem ser aliados, e previne: “Não devemos ter medo do futuro e das novas tecnologias, mesmo que seja muito diferente do presente.”
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