Eduardo Chapot-Prévost

Eduardo Chapot-Prévost nasceu na cidade Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro, em 25 de junho de 1864, filho de Louis Chapot-Prévost, cirurgião dentista, de nacionalidade francesa, e de D. Louisa Lend Chapot-Prévost, de nacionalidade belga.

Fez os cursos preparatórios no Colégio Pedro II, matriculou-se no curso de medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1880, e, devido a atritos escolares, doutorou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1885, defendendo a tese intitulada “Formas clínicas do puerperismo infeccioso e seu tratamento”.

Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, foi Professor Adjunto interino de Anatomia, em 1886, e de Histologia, em 1888, tendo logrado conquistar a cátedra de Histologia em 1890, com a tese “Pesquisas histológicas sobre a inervação das vias biliares extra-hepáticas”.

Considerado o “iniciador da pesquisa médica no Brasil” e o “precursor da iniciação cientifica em nosso país”, dedicava-se com entusiasmo ao ensino, fazendo que seus alunos desenhassem as lâminas durante as aulas de ensino prático de Histologia. Conhecedor profundo do método histológico de Cajal, foi considerado um dos melhores histologistas da época, por nomes famosos como Krause (Alemanha) e Prenant (França).

Participou de diversas comissões, entre elas a que foi a Berlim estudar o processo proposto do Doutor Robert Koch para a cura da tuberculose (1890); a que foi identificar uma suposta epidemia de cólera no Vale do Paraíba, em 1894; e outra, presidida por Domingos Freire, para debelar a febre amarela, em 1899. Ainda em 1899, chefiou a comissão da Diretoria Geral de Saúde Pública que foi a Santos investigar e combater um surto de peste bubônica, da qual fez parte Oswaldo Cruz. Dessa empreitada nasceriam o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, e o Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo.

Cirurgião experiente, ganhou notoriedade mundial ao realizar, pela primeira vez na história da Medicina, em 1900, na Casa de Saúde São Sebastião do Rio de Janeiro, uma intervenção operatória que constituiu um marco na evolução da cirurgia mundial: a separação das meninas toracoxifópagas, Maria e Rosalina, de 7 anos de idade, numa mesa cirúrgica por ele desenhada especialmente para essa operação, preparando pinças hemostáticas especiais e criando um processo próprio de hemostasia hepática. Vários cirurgiões de grande vulto formaram a equipe médica encabeçada pelo Dr. Chapot-Prévost, dentre eles: Paulino Werneck, Ernani Pinto, Álvaro Rodrigues, Dias de Barros, Azevedo Monteiro e Chardinal D’Arpenans. Nesta ocasião, usou, pela primeira vez, a máscara que hoje é de uso universal. Naquela época, eram limitados os processos da assepsia, entretanto, o Dr. Chapot-Prévost fez o mais rígido preparo e cuidado asséptico, que incluía desde a apurada imunização da sala, até banhos de lisol do cirurgião e seus auxiliares.

Nascidas em 21 de abril de 1893, em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, as irmãs ao atingirem sete anos de idade foram levadas pelos pais para o Rio de Janeiro, para uma consulta médica, tendo sido encaminhados ao Dr. Álvaro Ramos. Durante um ano, as meninas ficaram em observação. A primeira tentativa de operação das irmãs toracoxifópagas fracassou quando o médico constatou que não estavam ligadas apenas por músculos ou cartilagem.

Nessa ocasião, foi consultado o médico e professor Eduardo Chapot-Prévost que acabou assumindo as pacientes. Durante mais de um ano, as irmãs ficaram novamente em observação. Foram aplicados remédios em uma das irmãs a fim de verificar se a outra sentia os efeitos. Foi dessa forma que Chapot-Prévost concluiu que o órgão que as ligava era o fígado. Como não havia radiografia naquela época, foram necessários vários meses para descobrir se elas possuíam um único fígado ou não.

Chapot-Prévost esculpiu em gesso, no tamanho natural, o modelo das irmãs toracoxifópagas. Após realizar os mais minuciosos estudos sobre a operabilidade desse caso de toracoxifopagia, esgotando os métodos de investigação e exame possíveis, Chapot-Prévost criou processos para as várias fases da inovadora cirurgia.

Maria faleceu cinco dias após a cirurgia vitimada por um quadro infeccioso que a medicina da época não dispunha de meios para debelar. Porém, a sobrevivência de Rosalina foi suficiente para atestar o êxito da cirurgia. Eduardo Chapot-Prévost consagrou o Brasil com o caso das irmãs toracoxifópagas que serviu de tema a várias conferências médicas pelo mundo.

O sucesso da cirurgia ultrapassou as fronteiras do Brasil e o Dr. Chapot-Prévost escreveu vários artigos sobre o caso e passou a participar de conferências pelo mundo. Em 1901, partiu para a Europa, desta vez a fim de aperfeiçoar seus estudos no Instituto Pasteur.

Foi eleito Membro Honorário Nacional da Academia Nacional de Medicina, em 1905.

É o Patrono da Cadeira 81.

O Dr. Chapot-Prévost escreveu diversos trabalhos, destacando-se: “Pesquisas Histológicas” (1890), “A bouba e a sífilis” (1892), “Nota sobre uma simplificação na confecção das placas de àgar-àgar” (1894), “O carbúnculo no matadouro” (1900), “Novo xifópago vivo” (1901), “Xifo-tóracopago operado” (1902), “Cirurgie des teratopages” (1901), e “Novo teratópago brasileiro vivo” (1905).

Chapot-Prévost era casado com Laura Caminhoá e da união nasceu um único filho, falecido em tenra idade. Rosalina, a gêmea xifópaga sobrevivente, passou a morar com o médico que se tornou seu padrinho. Ela foi tratada como filha pelo casal.

Após longa enfermidade, Eduardo Chapot-Prévost faleceu precocemente em 19 de outubro de 1907, na cidade do Rio de Janeiro, aos 43 anos de idade. Nessa ocasião, Rosalina tinha 14 anos. Ela se casou, teve seis filhos e viveu por mais de 80 anos.

Acad. Francisco Sampaio

Informações do Honorário

Cadeira homenageado: 81

Eleição: 15/06/1905

Indicação: Joaquim Pinto Portella

Membro: Titular

Secção (patrono): Ciencias aplicadas à Medicina

Classificação: Nacional

Falecimento: 19/10/1907

Informações do Honorário

Cadeira homenageado: 81

Eleição: 15/06/1905

Indicação: Joaquim Pinto Portella

Membro: Titular

Secção (patrono): Ciencias aplicadas à Medicina

Classificação: Nacional

Falecimento: 19/10/1907

Eduardo Chapot-Prévost nasceu na cidade Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro, em 25 de junho de 1864, filho de Louis Chapot-Prévost, cirurgião dentista, de nacionalidade francesa, e de D. Louisa Lend Chapot-Prévost, de nacionalidade belga.

Fez os cursos preparatórios no Colégio Pedro II, matriculou-se no curso de medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1880, e, devido a atritos escolares, doutorou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1885, defendendo a tese intitulada “Formas clínicas do puerperismo infeccioso e seu tratamento”.

Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, foi Professor Adjunto interino de Anatomia, em 1886, e de Histologia, em 1888, tendo logrado conquistar a cátedra de Histologia em 1890, com a tese “Pesquisas histológicas sobre a inervação das vias biliares extra-hepáticas”.

Considerado o “iniciador da pesquisa médica no Brasil” e o “precursor da iniciação cientifica em nosso país”, dedicava-se com entusiasmo ao ensino, fazendo que seus alunos desenhassem as lâminas durante as aulas de ensino prático de Histologia. Conhecedor profundo do método histológico de Cajal, foi considerado um dos melhores histologistas da época, por nomes famosos como Krause (Alemanha) e Prenant (França).

Participou de diversas comissões, entre elas a que foi a Berlim estudar o processo proposto do Doutor Robert Koch para a cura da tuberculose (1890); a que foi identificar uma suposta epidemia de cólera no Vale do Paraíba, em 1894; e outra, presidida por Domingos Freire, para debelar a febre amarela, em 1899. Ainda em 1899, chefiou a comissão da Diretoria Geral de Saúde Pública que foi a Santos investigar e combater um surto de peste bubônica, da qual fez parte Oswaldo Cruz. Dessa empreitada nasceriam o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, e o Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo.

Cirurgião experiente, ganhou notoriedade mundial ao realizar, pela primeira vez na história da Medicina, em 1900, na Casa de Saúde São Sebastião do Rio de Janeiro, uma intervenção operatória que constituiu um marco na evolução da cirurgia mundial: a separação das meninas toracoxifópagas, Maria e Rosalina, de 7 anos de idade, numa mesa cirúrgica por ele desenhada especialmente para essa operação, preparando pinças hemostáticas especiais e criando um processo próprio de hemostasia hepática. Vários cirurgiões de grande vulto formaram a equipe médica encabeçada pelo Dr. Chapot-Prévost, dentre eles: Paulino Werneck, Ernani Pinto, Álvaro Rodrigues, Dias de Barros, Azevedo Monteiro e Chardinal D’Arpenans. Nesta ocasião, usou, pela primeira vez, a máscara que hoje é de uso universal. Naquela época, eram limitados os processos da assepsia, entretanto, o Dr. Chapot-Prévost fez o mais rígido preparo e cuidado asséptico, que incluía desde a apurada imunização da sala, até banhos de lisol do cirurgião e seus auxiliares.

Nascidas em 21 de abril de 1893, em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, as irmãs ao atingirem sete anos de idade foram levadas pelos pais para o Rio de Janeiro, para uma consulta médica, tendo sido encaminhados ao Dr. Álvaro Ramos. Durante um ano, as meninas ficaram em observação. A primeira tentativa de operação das irmãs toracoxifópagas fracassou quando o médico constatou que não estavam ligadas apenas por músculos ou cartilagem.

Nessa ocasião, foi consultado o médico e professor Eduardo Chapot-Prévost que acabou assumindo as pacientes. Durante mais de um ano, as irmãs ficaram novamente em observação. Foram aplicados remédios em uma das irmãs a fim de verificar se a outra sentia os efeitos. Foi dessa forma que Chapot-Prévost concluiu que o órgão que as ligava era o fígado. Como não havia radiografia naquela época, foram necessários vários meses para descobrir se elas possuíam um único fígado ou não.

Chapot-Prévost esculpiu em gesso, no tamanho natural, o modelo das irmãs toracoxifópagas. Após realizar os mais minuciosos estudos sobre a operabilidade desse caso de toracoxifopagia, esgotando os métodos de investigação e exame possíveis, Chapot-Prévost criou processos para as várias fases da inovadora cirurgia.

Maria faleceu cinco dias após a cirurgia vitimada por um quadro infeccioso que a medicina da época não dispunha de meios para debelar. Porém, a sobrevivência de Rosalina foi suficiente para atestar o êxito da cirurgia. Eduardo Chapot-Prévost consagrou o Brasil com o caso das irmãs toracoxifópagas que serviu de tema a várias conferências médicas pelo mundo.

O sucesso da cirurgia ultrapassou as fronteiras do Brasil e o Dr. Chapot-Prévost escreveu vários artigos sobre o caso e passou a participar de conferências pelo mundo. Em 1901, partiu para a Europa, desta vez a fim de aperfeiçoar seus estudos no Instituto Pasteur.

Foi eleito Membro Honorário Nacional da Academia Nacional de Medicina, em 1905.

É o Patrono da Cadeira 81.

O Dr. Chapot-Prévost escreveu diversos trabalhos, destacando-se: “Pesquisas Histológicas” (1890), “A bouba e a sífilis” (1892), “Nota sobre uma simplificação na confecção das placas de àgar-àgar” (1894), “O carbúnculo no matadouro” (1900), “Novo xifópago vivo” (1901), “Xifo-tóracopago operado” (1902), “Cirurgie des teratopages” (1901), e “Novo teratópago brasileiro vivo” (1905).

Chapot-Prévost era casado com Laura Caminhoá e da união nasceu um único filho, falecido em tenra idade. Rosalina, a gêmea xifópaga sobrevivente, passou a morar com o médico que se tornou seu padrinho. Ela foi tratada como filha pelo casal.

Após longa enfermidade, Eduardo Chapot-Prévost faleceu precocemente em 19 de outubro de 1907, na cidade do Rio de Janeiro, aos 43 anos de idade. Nessa ocasião, Rosalina tinha 14 anos. Ela se casou, teve seis filhos e viveu por mais de 80 anos.

Acad. Francisco Sampaio

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