A Academia Nacional de Medicina recebeu na última quinta-feira (16) o Professor da University of Lille (França), Jean-Charles Fruchart, para realizar a conferência “O Conceito de Modulador PPARa Seletivo (SPPARMa) e seu Potencial para Uso Clínico”. Dr. Fruchart iniciou sua carreira de pesquisador na área de bioquímica clínica de lipoproteínas, e progressivamente se voltou para pesquisas relacionadas ao metabolismo de lipoproteínas e aterosclerose. Atualmente seu grupo desenvolve estudos sobre os fatores de transcrição que regulam o metabolismo das lipoproteínas, descobrindo o mecanismo molecular de ação dos fibratos por meio da ativação do PPAR-alfa.
Em sua introdução, o especialista apresentou um levantamento referente às principais causas globais de morte – doenças cardiovasculares aparecem com 31% – o que ele relacionou ao crescimento de doenças cardiovasculares prematuras, mais evidentes em países de baixa e média renda, e os desafios de sua prevenção. Em seguida, Professor Fruchart esclareceu o mecanismo de ação dos fibratos e os estudos que levaram à descoberta do fármaco utilizado na prevenção da arteriosclerose – doença vascular crónica e progressiva, caracterizada por inflamação crónica causada pelo acumulo e oxidação de lipoproteínas na parede arterial.
Segundo Jean-Charles Fruchart, os fibratos estimulam a síntese de PPAR-alfa pela ativação de receptor nuclear de transcrição gênica (receptor PPAR – peroxisome proliferator activated receptor). A enzima lipase das lipoproteínas é estimulada, destruindo os VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa), libertando os lipídios para consumo nos músculos, o que diminui a taxa de formação das placas ateroscleróticas nas artérias. A ativação da enzima pode se dar por meio de Transativação – atividade dependente de ligação ao DNA e da transcrição do gene alvo – ou Transrepressão – interação proteína-proteína e repressão da transcrição de genes.
O pesquisador finalizou a conferência esclarecendo o potencial uso clínico do SPPARMa como nova opção para o tratamento de arteriosclerose e expôs os principais fatores de risco para doença arterial ao redor do mundo por meio de recentes taxas de incidência – colesterol alto, diabetes e obesidade. Em sua conclusão, Dr. Fruchart ressaltou a necessidade da realização de mais testes e pesquisas sobre a substância e seu potencial para impedir o desenvolvimento e a progressão de doenças como diabetes e outras complicações vasculares.