Doenças Emergentes e Reemergentes

ANM reúne especialistas em simpósio de Doenças Emergentes e Reemergentes

Professora Alda Maria da Cruz, Presidente Acad. Francisco Sampaio, Acad. Paulo Buss e Acad. Margareth Dalcolmo

Na última quinta-feira (11), a Academia Nacional de Medicina (ANM) apresentou um simpósio de suma importância a nível global. O tema Doenças Emergentes e Reemergentes, organizado pelo Acadêmico Paulo Buss, reuniu especialistas no tema para debater o assunto que  “é, nesse momento, compromisso social, técnico da maior importância. E essa Academia se coloca nessa condição, por trazer um tema que está nos assolando de uma maneira absolutamente impensável há 10 anos atrás, 15 anos atrás. Nós considerávamos as doenças infecciosas resolvidas”, afirmou o Acadêmico.

A apresentação de abertura foi a imersão inicial do simpósio com o tema O que são Doenças Emergentes e Reemergentes?”. O Acadêmico Roberto Medronho explicou sobre o surgimento dessas enfermidades e o impacto delas em diferentes áreas, como a econômica. Em seguida, foi pontuada uma questão que perpetuou durante todo o simpósio: o papel da desigualdade social nas doenças emergentes e reemergentes. O Honorário Estrangeiro da ANM Sir Michael Marmot apresentou o tema Determinantes Sociais das Doenças Emergentes, em que foram abordados os principais aspectos da sociedade, com um recorte social focado na Inglaterra, com dados pré e pós pandêmicos. “Nós dissemos desde o início que a pandemia ia mostrar as linhas de desigualdade da sociedade e amplificá-la”, explicou o Honorário. 

Outro conceito abordado nas palestras foi o One Health e o impacto das questões socioambientais nas doenças emergentes e reemergentes. O professor Luís Augusto Galvão ministrou o tema Doenças Emergentes e Ambiente, em que foi explicado os efeitos das mudanças climáticas no aparecimento de doenças. Seguida pela apresentação One Health: Onde a medicina humana, a medicina veterinária e as ciências ambientais se encontram, ministrado pela Professora Cristina Schneider, ressaltando a importância trabalhar diferentes disciplinas em conjunto para enfrentar desafios atuais. A palestra foi pautada através de estudos sobre leptospirose e vírus do Oropouche, e finalizada com sugestões para um mundo pós-Covid com o entendimento que convivemos com os animais e a desigualdade.

Entre as doenças emergentes mais conhecidas, está a AIDS. E a professora Beatriz Grinsztejn abordou o assunto na palestra AIDS: Uma doença emergente que permanece, no qual foi explicado o início das pesquisas e estudos sobre o vírus e as medidas tomadas pelo Brasil para isolar o HIV, destacando a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) nesse processo. A Professora Grinsztejn explicou estudos sobre a profilaxia pré-exposição e as novas tecnologias nos tratamentos. Ela ressaltou que a AIDS é uma epidemia e possui grande relação entre tuberculose e causas de morte entre os pacientes com HIV.

Professora Beatriz Grinsztejn em sua apresentação

A segunda parte do simpósio foi aberta com a palestra do Acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, no tema Malária: Uma Doença Milenar, mas Emergência Global. Ele começou ressaltando que essa é a parasitose de maior impacto no mundo e possui uma evolução potencialmente grave quando não tratada rapidamente. “Quando tratada rapidamente, ela pode ser banal”. O Acadêmico exibiu dados sobre financiamento de pesquisa, diagnóstico e tratamento, e o número de casos nos últimos anos. “A maneira mais eficiente de combater a malária é combatendo naqueles municípios onde a transmissão se passa de forma mais importante”, explica o Acad. Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro ao exemplificar que 30 municípios da Amazônia Legal abrigam 80% dos casos.

Dengue, chikungunya e zika também foram doenças emergentes abordadas neste simpósio pelo Acadêmico Celso Ramos Filho. O tema Doenças Emergentes Virais Vetoriais: Dengue, Chikungunya e Zika explicou sobre o surgimento, transmissão, a epidemiologia, manifestações clínicas e o número de casos nos últimos anos. O Acadêmico pontuou estudos para a produção da vacina da dengue e ressaltou: “Clinicamente é muito difícil fazer o diagnóstico diferencial entre essas três doenças, além disso, pode haver co-circulação e co-infecção dos vírus, dificultando o diagnóstico”.

Considerada a mais grave doença emergente, a Covid-19 também foi tema de uma das palestras do simpósio apresentada pela Acadêmica Margareth Dalcolmo. Em Covid-19: A mais grave doença emergente da história está em declinío?, foi explicado o surgimento da doença, a origem do SarsCov2, sua evolução clínica e a transmissão como um marcador clínico. A Acadêmica abordou os principais fatores de risco para essa Infecção Viral Grave, como a obesidade, as sequelas deixadas pela doença, conhecida como Covid Longo, e apresentou dados que comprovam o impacto da vacinação na taxa de mortalidade no Brasil. Para o futuro, a Acadêmica Margareth afirmou: “Sim, a doença está em declínio, mas ela não vai desaparecer das nossas vidas. A Covid-19 permanecerá endêmica entre nós, ela hoje faz parte do painel viral que usamos em pacientes hospitalizados com doença viral, faz parte do diagnóstico diferencial, provavelmente nós teremos micro-epidemias”. 

Finalizando as apresentações, a professora Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Infecciosas do Ministério da Saúde, foi ao púlpito para ministrar a palestra sobre Doenças Emergentes no Brasil, em que inicia abordando casos de difteria e relembra a Síndrome da Zika Congênita nas crianças, um desafio de saúde pública no país. Professora Alda ressalta que a baixa cobertura vacinal foi o contexto principal para o retorno de doenças já erradicadas, como o Sarampo, com isso, ela explica o que é a Vigilância em saúde, um processo que visa o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública. A apresentação também mencionou a relação do homem com a agropecuária, animais domésticos e animais silvestres, e doenças parasitológicas. Ao final, foi explicado por que o Brasil deve investir na abordagem de Saúde ùnica e os seus benefícios ambientais, econômicos, sociodemográficos e territoriais, saúde humana e diversidade.  


Para assistir o simpósio na íntegra, clique aqui e aqui.



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