Na última quinta-feira, 7 de novembro, a Academia Nacional de Medicina (ANM) foi palco de um evento marcante: um Simpósio dedicado ao câncer de próstata, doença que afeta milhões de homens ao redor do globo. Organizado pelo Acadêmico Ronaldo Damião, o encontro reuniu um seleto grupo de especialistas, médicos e acadêmicos, criando um espaço de intenso debate e reflexão.
Ao longo do evento, foram discutidos os mais recentes avanços na luta contra o câncer de próstata, desde inovações em diagnóstico e tratamentos de última geração até os desafios que ainda permeiam a abordagem clínica dessa doença. O Simpósio não apenas iluminou as questões mais urgentes da área, mas também projetou o futuro de uma Medicina cada vez mais precisa e personalizada no combate ao câncer.
A primeira parte do Simpósio foi dedicada a uma análise detalhada da epidemiologia do câncer de próstata, uma das neoplasias mais comuns entre os homens. Estudos recentes apontam para um aumento da incidência da doença em países desenvolvidos, o que tem levado a avanços no diagnóstico precoce e na conscientização sobre a importância do rastreamento para detecção precoce da doença. Especialistas destacaram também a relevância da predisposição genética e fatores ambientais no desenvolvimento do câncer de próstata.
O diagnóstico precoce do câncer de próstata foi um dos focos centrais do evento, especialmente com o uso crescente de tecnologias como a ressonância magnética e a tomografia PET-CT. Na ocasião, Dr. Romullo Oliveira ressaltou que essas técnicas são fundamentais não apenas para a detecção de tumores, mas também para o estadiamento da doença, permitindo um planejamento mais preciso do tratamento. A ressonância magnética, em particular, tem se mostrado uma ferramenta essencial para a visualização da próstata e das estruturas adjacentes, aumentando a precisão no diagnóstico.
A tomografia PET-CT, por sua vez, foi apontada como uma tecnologia revolucionária no mapeamento de metástases, permitindo aos médicos uma visão mais clara da extensão da doença e possibilitando tratamentos mais direcionados.
Outro tema debatido durante o Simpósio foi a genética molecular no câncer de próstata, abordando tanto a predisposição genética quanto as implicações nos métodos diagnósticos e nas opções terapêuticas. Os especialistas discutiram o papel dos biomarcadores e das mutações genéticas específicas, como aquelas relacionadas ao gene BRCA2, que têm sido cada vez mais reconhecidas como importantes fatores de risco para o câncer de próstata agressivo. A genética molecular também tem permitido personalizar tratamentos, oferecendo terapias mais eficazes e menos invasivas para os pacientes.
Em relação ao tratamento cirúrgico, a cirurgia robótica tem se consolidado como uma das grandes inovações no tratamento do câncer de próstata. Durante a discussão sobre a técnica, Dr. Victor Dubeux destacou suas vantagens – que oferece uma maior precisão e menor invasão durante o procedimento. Isso não só reduz o risco de complicações, mas também acelera a recuperação dos pacientes. Ele explicou ainda que, com o uso de robôs, os cirurgiões podem realizar operações mais complexas com maior segurança, levando a melhores resultados em longo prazo.
A radioterapia também foi discutida no Simpósio, com ênfase na radioterapia ablativa. A técnica, que utiliza altas doses de radiação para destruir células cancerígenas, tem mostrado excelentes resultados, especialmente em casos de câncer de próstata localizado. Dra. Lisa Morikawa explicou que a radioterapia ablativa pode ser uma alternativa menos invasiva em comparação com a cirurgia, com bons resultados em termos de controle da doença.
Em relação ao tratamento da doença metastática e das formas de câncer de próstata com escape hormonal, os especialistas apresentaram as últimas inovações terapêuticas. A resistência ao tratamento hormonal é um dos maiores desafios no manejo da doença, especialmente em casos avançados. Porém, novos medicamentos e terapias direcionadas estão emergindo, mostrando-se promissores no controle da progressão da doença.
O Simpósio terminou com uma reflexão sobre o futuro do câncer de próstata. O painel final, intitulado “Câncer de Próstata: O que foi, o que é e o que será?”, discutiu as perspectivas para os próximos anos, com ênfase nas novas pesquisas e nas tecnologias emergentes. A personalização dos tratamentos, o uso de inteligência artificial no diagnóstico e a promessa de terapias genéticas avançadas foram algumas das áreas apontadas como cruciais para a evolução do combate à doença.
O evento da Academia Nacional de Medicina foi uma oportunidade valiosa para atualização dos profissionais da área de saúde sobre as inovações no combate ao câncer de próstata, um problema de saúde pública de crescente importância no Brasil e no mundo.