A Academia Nacional de Medicina recebeu no dia 26/07 o Dr. Celso Ferreira Ramos Filho para falar sobre dengue. Segundo ele, uma doença em expansão. Celso Ferreira traçou um panorama histórico sobre a doença desde que chegou ao Brasil na década de 80, “na época os dados eram desencontrados. Era como se o país estivesse vivendo uma regressão, uma doença medieval, que outros países tinham erradicado e que o próprio Oswaldo Cruz havia controlado o mosquito. Oswaldo Cruz não tratou de dengue, mas de febre amarela”, esclareceu.
“Dengue não é uma doença do passado, mas do futuro e, claramente, já se expandiu”, disse. Em 50 anos, explicou o conferencista, a doença aumentou mais de 30 vezes na área intertropical. “Existem 2,5 bilhões de pessoas sob risco em mais de 100 países. De acordo com dados da OMS, existem mais de 100 milhões de novos casos por ano com 500 mil formas graves, 22 mil focos e com a circulação atual dos quatro sorotipos há uma situação de hiperendemicidade, alertou.
O conferencista ainda detalhou a situação da prevalência do mosquito e as estratégias para seu combate com DDT e que, depois, foi eliminado, e que, segundo seu sob seu ponto de vista, foi uma ação inadequada. Falou ainda sobre a época em que os programas de combate ao mosquito eram centralizados e funcionavam. Relatou sobre a situação durante a segunda guerra, quando havia movimento de tropas, desorganização de estruturas, alterações ecológicas, que acabou gerando uma disseminação dos mosquitos. No fim da guerra, muitos países estavam superêndemicos, afirmou.
A seguir, lembrou do processo de descolonização, do desenvolvimento econômico muito grande no pós-guerra, com urbanização e globalização comercial. O crescimento populacional nos trópicos, a migração para as cidades, o aumento do tráfego de indivíduos por via aérea, contribuindo, segundo ele, para a disseminação do mosquito. Além disso, as condições insalubres de muitas favelas no Brasil geram a combinação de cepas virais e possibilidade de recombinação genética, afirmou. Em mapas, Celso Ramos ainda mostrou como se deu a disseminação do mosquito desde a década de 70 até os dias atuais, alertando que a área intertropical é uma região de risco para dengue.