No dia 31de agosto, o Curso de Atualização em Ciências Médicas da ANM, teve como palestrante o ex-Presidente da ANM, Acad. Francisco Sampaio, que ministrou a aula “Urgências em Urologia para o Clínico”.
O Acad. Francisco Sampaio é graduado em Medicina pela UERJ, especialista em Urologia pela Soc. Brasileira de Urologia (SBU), Mestre em Ciências Morfológicas pela UFRJ e Doutor em Ciências pela UNIFESP. Atualmente é Professor Titular do Centro Biomédico da UERJ, membro do corpo editorial de diversos periódicos internacionais de urologia, andrologia, cirurgia e morfologia, autor de mais de 200 artigos científicos em revistas de circulação internacional. É membro e ex-Presidente da ANM para o biênio 2015-2017, ocupando a cadeira de nº 92.
O palestrante iniciou sua apresentação nos mostrando que as principais urgências urológicas que chegam até o clínico no ambulatório ou nos serviços de emergência são: litíase urinária, retenção urinária, pielonefrite, escroto agudo, uretrite, priapismo e fratura de pênis.
Em relação à Litíase Urinária, o Acadêmico conferencista caracterizou o quadro clínico característico desta patologia, mostrando que a dor em cólica lombar, que pode irradiar para região inguinal ipsilateral, é o principal sintoma. Também expôs a importância da analgesia inicial, com dipirona, AINEs e alfa-bloqueador. Quanto ao diagnóstico, mostrou a importância dos exames laboratoriais e dos exames de imagem como Ultrassonografia, Rx simples e Tomografia Computadorizada. Em relação à instituição do tratamento definitivo, o Prof. Sampaio lembrou que o tamanho e a localização do cálculo têm grande importância para a conduta de cada caso e que em muitas situações há necessidade do encaminhamento para o tratamento cirúrgico.
Ainda em relação à Litíase Urinária, o professor nos apresentou duas informações pouco difundidas entre os clínicos: a) que a Dipirona é um excelente e potente analgésico, sendo muitas vezes menosprezada no tratamento; b) e que quando a terapia expulsiva é indicada, estudos mostram que a prática de sexo 3 a 4 vezes por semana tem um resultado de stone free de 83,9% (contra 34,8% do grupo controle).
Sobre o quadro de Retenção Urinária o palestrante abordou os seus fatores desencadeantes, lembrou que a retenção causa uma distensão dolorosa da bexiga e que a cateterização é a principal forma de tratamento quando da retenção urinária aguda.
Quanto à Pielonefrite, o Prof. Sampaio afirmou a importância de as classificarmos de forma correta. Estas podem ser: não-complicadas, cujo tratamento será a base de quinolonas; e complicadas, em que, além da antibioticoterapia, haverá necessidade de procedimento cirúrgico (nefrostomia).
O Escroto Agudo foi mais um tema abordado pelo Acadêmico em sua palestra. Dentre as causas mais comuns, o palestrante destacou a torção testicular e a orquiepididimite, mostrando a importância da anamnese e do exame físico para realizar esta distinção: quando a dor se instala em menos de 24h, há ausência do reflexo cremastérico e há uma posição elevada do testículo, tal quadro fala a favor de uma torção testicular, cujo tratamento é geralmente cirúrgico; já quando há febre, piúria, dor de início súbito ou gradual, melhora da dor ao elevar o testículo e sintomas urinários, tal quadro deve ser uma orquiepididimite, cujo tratamento consiste de suspensório escrotal, esquema antibiótico e AINEs.
Ainda sobre o Escroto Agudo, o professor afirma que os exames complementares são importantes, principalmente a Ultrassonografia de pênis e bolsa escrotal. E continuou nos mostrando que a importância deste diagnóstico é fundamental para salvar o testículo após torção, pois após 2h há isquemia do tecido, após 04h há necrose e em 24h a perda do testículo é praticamente irreversível.
Sobre a Uretrite, o Prof. Sampaio afirmou que os patógenos mais comuns para esta infecção são a chlamydia trachomatis e neisseria ghonorreae. E que os principais sintomas são: ardência ao urinar e secreção uretral. Quanto ao diagnóstico, nos lembrou da necessidade de definirmos se a Uretrite é gonocócica ou não-gonocócica, pois o esquema medicamentoso (antibioticoterapia) utilizado depende desta correta definição. O tratamento do parceiro também não pode, jamais, ser negligenciado nesses casos.
Quanto ao Priapismo, além de abordar alguns aspectos deste quadro, o professor transmitiu uma importante informação para o clínico geral distingui-la da ereção fisiológica: observar se a glande está flácida ou não.
A Fratura de Pênis foi a última situação de urgência abordada pelo palestrante. O professor expôs que este quadro ocorre sempre quando o pênis está ereto, ocorrendo uma lesão da veia dorsal e do corpo cavernoso. Cursa com dor, hematoma e o paciente relatando que “ouviu um estalo” advindo da região peniana. É importante o reconhecimento pelo clínico e o encaminhamento para a avaliação da necessidade do tratamento cirúrgico, segundo o Prof. Sampaio.
No decorrer da aula houve apresentação de casos clínicos e os alunos puderam interagir e retirar suas dúvidas.
– Aula muito prática e objetiva, mostrando aquilo que vamos usar em nosso cotidiano – afirmaram alguns alunos, durante a atividade de discussão.