COVID-19: Elaboração de diretrizes para desenvolvimento de vacinas e acompanhamento da população

ANM
 
 
 
 
     
  Coordenação:

Presidente da Academia Brasileira de Ciências,
Dr. Luiz Davidovich

Coordenador da Rede Vírus MCTI,
Acad. Marcelo Marcos Morales

Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.
 
     
     
 
15h

Abertura

   
 
BLOCO I – Epidemiologia e relevância dos conhecimentos para o desenvolvimento de novas vacinas
Coordenação: Acad. Patrícia Rocco
 
   
15h10

Introdução
Acad. Patrícia Rocco

   
   
15h25

COVID-19 patogênese e tratamento
Acad. Patricia Rocco

   
   
15h40

COVID-19 – Epidemiologia, vacina e controle
Dr. Mauricio Barreto – Fiocruz – BA

   
   
15h55

As variantes do SARS-CoV2 e resposta imune
Dr. Renato S. Aguiar – Universidade Federal de Minas Gerais

   
   
16h10

O SUS e o Programa Nacional de Imunização
Acad. José Gomes Temporão

   
   
16h25

Discussão

   
 
BLOCO II – Desafios para o desenvolvimento de novas vacinas
Coordenação: Dr. Manuel Barral Neto – Fundação Oswaldo Cruz
 
   
16h40

Desenhos de estudos vacinais
Dr. Cláudio Struchiner – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

   
   
16h55

Questões regulatórias no desenvolvimento de novas vacinas
Dr. Gustavo Mendes – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

   
   
17h10

Efeito da vacinação no Brasil
Dra. Marcia Castro – Harvard

   
   
17h25

Questões éticas no desenvolvimento de novas vacinas
Dr. Luiz Vicente Rizzo – Comissão Nacional de Ética em Pesquisa

   
   
17h40

Discussão com a Bancada Acadêmica

   
   
17h55

Intervalo

   
 
Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina
XVIII – Ano Acadêmico 192
 
   
18h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina, Acad. Rubens Belfort Jr.

   
   
18h05

Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Carlos Eduardo Brandão

   
   
18h10

Comunicações dos Acadêmicos

   
 
BLOCO III – O futuro no desenvolvimento de novas vacinas
Coordenação: Dr. Luiz Davidovich – ABC
 
   
18h30

Precisamos de novas vacinas e por quê?
Dr. Jorge Elias Kalil Filho – Universidade de São Paulo

   
   
18h45

Immunobridging
Dr. Mauro Teixeira – Universidade Federal de Minas Gerais

   
   
19h

Vacinas Brasileiras (pipeline)
Acad. Marcelo Morales

   
   
19h15

A visão do Strategic Advisory Group of Experts on Immunization (SAGE) / WHO
Dra. Cristiana Toscano – Universidade Federal de Goiás (UFG) e membro do grupo de vacinas COVID-19 do SAGE/OMS

   
   
19h30

Discussão com a Bancada Acadêmica

   
   
20h

Encerramento

 
 

COVID: ESTRATÉGIAS VACINAIS ATUAIS E FUTURAS

A Academia Nacional de Medicina (ANM), Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a RedeVírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) promoveram simpósio sobre desafios que a ciência ainda enfrentará na vacinação contra a covid-19. Na abertura do evento, o presidente da ANM, Rubens Belfort, ressaltou a inquietude que nos move diante desse cenário com tantas perguntas ainda sem respostas. O presidente da ABC, Luiz Dadidovich, reforçou os laços que unem ambas as instituições.

Vacinas brasileiras contra covid, ensaios clínicos e opções terapêuticas com e sem evidências científicas foram temas debatidos por vários convidados. Entre os quais, os acadêmicos Marcelo Morales, Patrícia Rocco e o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O acadêmico Marcelo Morales, um dos organizadores do evento e secretário do MCTI, apresentou propostas de imunizantes nacionais. O projeto de vacina Spintec-MCTI-UFMG, uma parceria do MCTI com a Universidade Federal de Minas Gerais, em duas estratégias: uma vacina bivalente contra gripe sazonal e covid-19. E a outra que é Versamune MCTI com proteínas recombinantes do Sars-Cov2, já protocolada na Anvisa e em fase pré-clínica concluída, sendo capaz de ativar respostas humoral, celular e inata. 

No campo das pesquisas em vacina, outro convidado foi o médico Jorge Kalil, que mostrou o projeto de desenvolvimento de uma vacina brasileira de aplicação nasal diretamente na mucosa e não injetável com a indução de anticorpos neutralizantes das células do sistema imune, T CD4 e CD8, bem como memória longa, sem efeitos adversos graves, com ampla cobertura de proteção, estabilidade térmica, preferencialmente monodose, cujo domínio tecnológico seja completamente brasileiro para produção também à baixo custo. 

– Queremos fazer uma vacina nasal, porque o vírus entra no nariz. Muitas pessoas vacinadas continuam com o vírus no nariz e transmitindo a doença. Então, se nós tivermos uma vacina nasal, conseguiríamos parar a transmissão do vírus, pois a vacina estimula uma produção de anticorpos específicos (IgA) nas vias respiratórias

A acadêmica Patrícia Rocco falou sobre a evolução do conhecimento a respeito das manifestações clínicas provocadas pelo SARS-CoV-2 e apresentou diversos estudos sobre tratamentos com e sem evidências científicas e ressaltou, mais uma vez, a ineficácia de medicamentos do kit-covid-19. 

O ex-ministro Temporão fez um relato histórico sobre o Programa Nacional de Vacinação (PNI). Criado durante a ditadura militar, o PNI foi por muito tempo um exemplo para o mundo em virtude de sua capacidade de vacinar 300 milhões de brasileiros ao ano, seja em campanhas em um único dia contra doenças como a pólio ou em ações para enfrentar vírus como o H1N1 ou influenza. Temporão ressaltou a importância dos investimentos nos laboratórios públicos e criticou a dependência que ainda existe em importações seja de princípios ativos ou de vacinas tradicionais e modernas.

O evento ainda contou com a participação do pesquisador da Fiocruz Maurício Barreto que abordou, entre outros aspectos, os efeitos diretos e indiretos da epidemia. Como indiretos, citou as doenças mentais e a desnutrição. E apontou como decepção o papel da aliança da OMS pela distribuição equânime de vacinas. Já o pesquisador Claudio Struchiner, da Fundação Getúlio Vargas, trouxe modelos matemáticos e análises para adoção de estratégias vacinais. 

Da Anvisa, Gustavo Mendes esclareceu questões regulatórios no desenvolvimento de vacinas brasileiras e refletiu sobre futuros ensaios clínicos e como recrutar voluntários em uma população vacinada. Mendes ainda fez um apelo, solicitando à comunidade científica que colabore com a Anvisa no respaldo de estudos com fortes evidências científicas. A demógrafa brasileira Marcia Castro, professora em Harvard também participou do evento. Castro apresentou estudos sobre a curva epidemiológica de óbitos em queda a partir da vacinação por faixas etárias, demonstrando a eficácia da estratégia.

Variabilidade e resposta imune – Outro ponto debatido foram as excelentes evidências de que a resposta imune celular é eficaz contra a infecção da covid-19 e indícios mostram que é mais duradoura que a resposta imune humoral. É neste contexto que surge a necessidade de novos estudos e novas vacinas, além do fato das atuais não estarem disponíveis de forma global, como reforçou Mauro Teixeira, da UFMG que explicou a importância e o conceito de immunobridging (vacinas atuais, modificadas e novas vacianas). Outro convidado da UFMG foi o virologista molecular Renato Aguiar, que centrou sua fala nas variantes da covid, a importância do monitoramento das cepas circulantes e como a epidemia foi incendiada pela mobilidade humana.

– Determinar algum componente da resposta imune contra a vacina que vai permitir que, ao medi-la como marcador (correlato de proteção), você infira eficácia ao candidato vacinal. Assim, conseguiremos modificar vacinas existentes para lidar com as variantes emergentes, novas faixas etárias e reforço vacinal ou criar novos estudos vacinais, ressaltou Teixeira. 

Finalizando as apresentações, Cristiana Toscano – Universidade Federal de Goiás e membro do grupo de expert em vacinas covid-19 da OMS. Toscano explicou o papel, as políticas e estratégias de imunização, incluindo vacinas e tecnologia, vigilância e monitoramento, população alvo e priorização, recomendações de uso na prática de programas de vacinação com recomendações baseadas em evidências. A partir deste simpósio, os pesquisadores Esper Kallas, Jorge Kalil, Manoel Barral, Marcello Barsinski e Patricia Rocco participarão do Grupo de Trabalho da RedeVírus MCTI para delinear diretrizes que atendam o novo momento das pesquisas com vacinas contra COVID-19,  acompanhar a população vacinada, bem como avaliar o impacto das variantes nessa população. 



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