Na prática médica, enfrentar perguntas difíceis de pacientes pode ser um desafio significativo, especialmente para médicos em início de carreira. Para oferecer suporte a esses profissionais, médicos da Academia Nacional de Medicina (ANM) compartilharam na última quinta-feira (18), durante Simpósio, estratégias eficazes para lidar com questões complexas e expectativas frustradas.
O Impacto das redes sociais nas expectativas físicas
O fenômeno das redes sociais têm transformado as expectativas dos pacientes em relação ao corpo ideal. O Acadêmico José Horácio Aboudib ressalta a importância de ser honesto com os pacientes sobre o que é realisticamente alcançável. Ele sugere que o diálogo aberto é crucial para estabelecer um consenso entre o médico e o paciente sobre as metas possíveis e a abordagem mais adequada para atingi-las.
Desafios na carreira médica
Outro aspecto importante é o aconselhamento para novos médicos que estão considerando abandonar a carreira. O Acadêmico Fábio Jatene destaca que é fundamental que médicos mais experientes ofereçam orientação e apoio a esses profissionais. Aconselhar sobre o melhor caminho a seguir, pode ajudar a evitar desistências prematuras e garantir que os jovens médicos tomem decisões bem-informadas sobre seu futuro na profissão.
Lidando com diagnósticos incertos
Quando pacientes questionam por que um diagnóstico não foi encontrado após inúmeros exames, o Acadêmico Marcelo Marcos Morales sugere uma abordagem tranquilizadora. Segundo ele, a medicina é uma jornada contínua de descobertas. Mesmo quando o diagnóstico não é imediato, a evolução das tecnologias médicas pode, eventualmente, fornecer respostas. A honestidade e o otimismo sobre as futuras possibilidades ajudam a manter o paciente calmo e confiante no processo.
Tratamento sem cura: A importância da persistência
Um questionamento comum é a razão para continuar com o tratamento quando a cura parece impossível. O Professor Morales esclarece que, mesmo sem uma cura definitiva, o tratamento é essencial. Cada etapa não apenas alivia os sintomas, como também protege a qualidade de vida do paciente. Reforçar a importância da continuidade do tratamento, ajuda a manter o paciente motivado e focado na gestão da sua condição.
Durante o evento, o Acadêmico Antônio Egídio Nardi analisou a desmotivação entre médicos jovens e ofereceu insights sobre suas possíveis causas. Segundo Nardi, a sensação de desânimo entre os profissionais recém-formados pode ser atribuída, em grande parte, à natureza dos ensinamentos recebidos durante a formação acadêmica.
O especialista aponta que o currículo das faculdades de medicina tende a ser excessivamente técnico, focando intensamente nas competências clínicas e científicas, enquanto aspectos mais humanizados da prática médica são negligenciados. Ele acredita que uma educação médica mais equilibrada, que valorize tanto a competência técnica, quanto habilidades humanas, poderia ajudar a reverter esse quadro e aumentar a satisfação e o engajamento dos profissionais da saúde em início de carreira.