Cirurgias assistidas por robôs, simuladores virtuais, cibercirurgia e outras maravilhas da robótica, como num ambiente de ficção científica, deram a tônica, nesta quinta, 07 de maio, na Academia Nacional de Medicina (ANM), durante o IV Seminário Internacional de Atualização em Cirurgia. No evento – organizado pelo Presidente da ANM, Professor Pietro Novellino, o professor Rossano Fiorelli, da Unirio, e Paulo Cupello, Diretor de Marketing de Relacionamento da Amil – o professor Tomas Salerno tomou posse como Honorário Estrangeiro da ANM.
Na primeira sessão do dia, sob a presidência do Acadêmico Fernando Vaz, o palestrante Dr. Raphael Rocha, abordou a “Prostatectomia radical assistida por robô – experiência do Hospital Samaritano”. Em sua exposição o Dr. Rocha observou que, desde que foi realizada pela primeira vez, no ano 2000, em Frankfurt, a cirurgia robótica evoluiu para novas tecnologias que as tornarão cada vez menos invasivas. No Brasil, segundo ele, há 13 equipamentos robóticos em atividade, sendo três deles no Rio de Janeiro. Ao descrever em detalhes o procedimento minimamente invasivo na cirurgia de próstata, o médico enfatizou a excelência do Samaritano, que já realizou 201 cirurgias robóticas. O hospital chegou a enviar cinco de seus cirurgiões para treinamento em centros de excelência na Flórida.
Na sessão 2, sob a presidência do Acadêmico Orlando Marques Vieira, o cirurgião Leandro Totti Cavazzola descreveu a experiência do Programa de Cirurgia Robótica, sob sua coordenação, implementado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre. O médico defendeu o treinamento em sistemas virtuais de simulação como condição essencial para o sucesso da cirurgia robótica. “O pior ambiente para aprender uma nova técnica é a sala de cirurgia”, disse, ao lembrar que o treinamento simulado virtual exclui a necessidade de cobaias humanas, cadáveres e animais.
A simulação virtual é realizada através de uma parceria com o Instituto Simutec, empresa de capital português e israelense que também fornece os equipamentos e instrutores para o treinamento dos alunos e cirurgiões inscritos no programa. O Hospital das Clínicas já realizou procedimentos nas áreas de Urologia, Ginecologia, Cirurgia Geral e Cirurgia do Aparelho Digestivo, entre outros. O objetivo, segundo o cirurgião, é realizar mais de 800 treinamentos com simulação para outras áreas médicas.
Na Sessão 3, sob a presidência do Acadêmico Sérgio Novis, o Diretor do Departamento de Ciências Radiológicas Ronald Reagan UCLA Medical Center, em Los Angeles/Califórnia, Fernando Viñuela, apresentou conclusões, segundo explicou, “de uma equipe que trabalhou junto durante mais de 30 anos”.
Viñuela abordou em sua palestra a contribuição da Neuroradiologia Intervencionista no manejo moderno do Acidente Vascular Cerebral Agudo, na qual se destaca o tratamento do aneurisma pelo método endovascular, sem cirurgia, utilizando-se de molas destacáveis batizadas de GDC (Guglielmi Detachable Coils), em homenagem ao seu criador, o neurocirurgião italiano Guido Guglielmi. “O treinamento para este tipo de terapêutica é de pelo menos três anos”, alertou.
Na última sessão do dia, presidida pelo Acadêmico Octávio Vaz, o Eduardo Parra, do Florida Hospital Celebration Health, tratou do futuro da cirurgia robótica. Segundo explicou, as intervenções serão cada vez menos invasivas, chegando-se mesmo à realidade virtual, com cirurgias comandadas por robôs, remotas e a utilização de novas tecnologias de imagens em 3D e GPS.
Texto: Rubeny Goulart/Fotos: Ivanoé Pereira