Cirurgias em câncer: maior precisão e menos riscos

24/06/2021

As cirurgias para retiradas de tumores avançaram de forma surpreendente, a partir de diagnósticos mais completos e que levam a cirurgias de grande precisão. O progresso representa para os pacientes menos riscos e sequelas. A última sessão científica “Desafios terapêuticos em cirurgia oncológica”, promovida pela Academia Nacional de Medicina, no dia 24 de junho de 2021, contou com especialistas nacionais e brasileiros radicados no exterior. Coordenado pelos acadêmicos José de Jesus Camargo e Rossano Fiorelli, a sessão foi recheada de histórias cirúrgicas de sucesso na oncologia, além de novas tendências.

O glioblastoma é um tipo de câncer no cérebro para o qual não há cura. Apesar disso, um paciente com esse tipo de câncer foi submetido a uma cirurgia e, em seguida, foi contaminado pelo vírus zika.  Após cinco anos, o paciente não tem mais vestígios da doença. A história foi contada pelo acadêmico Paulo Niemeyer Filho.

– Nós não podemos ignorar os progressos na terapia sistêmica do câncer que tem modificado a oncologia e somos forçados a admitir que, como todos os avanços tecnológicos, as terapias tópicas como a radioterapia e a cirurgia, aparentemente, chegaram aos seus limites de competência. Com a quimioterapia firmada e a imunoterapia batendo à porta, com ares de que vem pra ficar, num futuro próximo, os cirurgiões operarão apenas resíduos sintomáticos como sequelas de uma neoplasia dissipada pela terapia sistêmica”, afirmou o acadêmico José de Jesus Camargo.

Outro exemplo citado de avanços e tendências foi no campo da cirurgia do câncer de mama.  Segundo o acadêmico Maurício Magalhães, desde a década de 90, houve um crescimento de quase 200% na opção pela mastectomia bilateral, ou seja, o esvaziamento das duas mamas, pelas mulheres que identificaram o câncer em apenas uma das mama. Essa decisão, explicou Magalhães, leva a uma redução bastante significativa do risco de aparecimento de um nódulo na outra mama. Este tipo de cirurgia ficou mundialmente famoso a partir do caso da estrela de cinema Angelina Jolie que, ao descobrir ser portadora de uma mutação genética, optou por esse tipo de procedimento. 

O evento ainda contou com palestra do acadêmico Jacob Kligerman que apresentou diversos casos de câncer de pele avançado na face e como a cirurgia reconstrutora é uma arte que pode trazer benefícios e o aumento da autoestima. Segundo ele, 80% dos cânceres do tipo melanoma de cabeça e pescoço ocorrem em indivíduos com mais de 60 anos, brancos e que sofreram radiação ionizante. Outro convidado foi o médico da Universidade Federal de São Paulo, Luís Fernando Teixeira, que falou sobre alternativas para cirurgia do retinoblastoma – um câncer raro de olhos em crianças – e que, em muitos casos, leva a enucleação ou retirada do globo ocular. Teixeira falou de terapias tradicionais como radio e quimioterapia e também sobre o uso do laser, braquiterapia e congelamento das lesões.

A evolução histórica da esofagectomia, ou retirada do esôfago, foi o assunto abordado por Rubens Sallum, da Universidade de São Paulo. O especialista apontou os desafios desde a implantação da robótica e conquistas das cirurgias minimamente invasivas no tratamento do câncer de esôfago. 

O professorLeonardo Fonseca, do grupo de tumores gastrointestinais, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo foi outro palestrante. Fonseca falou sobreterapia sistêmica em oncologia e apresentou dados do Instituto Nacional do Câncer, dos Estados Unidos, acerca do crescimento da incidência global de alguns tipos de câncer como melanoma, tumores de mama e bexiga ligados a mudanças etárias da população, aumento da exposição a fatores de risco e a melhor capacidade diagnóstica. Contudo, ele ressaltou a comprovada redução global da mortalidade em alguns tipos da doença, consequências de uma detecção precoce e avanço nos tratamentos, sobretudo em pacientes com tumores metastáticos e que respondem satisfatoriamente a novas drogas e modalidade de terapias sistêmica como em alguns casos de câncer colorretal, melanoma metastático e carcinoma hepatocelular. 

– Existem diversas modalidades em terapia sistêmica para tratamento da doença metastática, desde a quimioterapia convencional, terapias-alvo e mais recentemente a imunotepia, que manipula o sistema imunológico no sentido de reduzir o risco de morte dos pacientes.

Olhando o presente, Leonardo avalia que a quimioterapia apresenta melhora inicial da mortalidade dos pacientes, mas houve um avanço significativo com as terapias-alvo, principalmente, em pacientes selecionados pela presença de alvos moleculares e com certas características tumorais. Ele ressaltou que o uso da imunoterapia ganhou importância e modificou radicalmente a história natural de algumas neoplasias que antes tinham um prognóstico ruim. 

O médico brasileiro e radicado nos Estados Unidos, Marcelo da Silva, e o cirurgião William Jacobsen Teixeira, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo também participaram do evento e abordaram, respectivamente, atualidades terapêuticas em mesotelioma pleural, e indicações e resultados da vertebrectomia.

Para saber mais, acesse a live completa em nosso canal no YouTube em a https://bit.ly/3qxEwwp.

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