Cirurgia de transgenitalização foi tema de abertura do simpósio “Cirurgia fora da caixa”, dentro da programação dos Cursos de Extensão em Cirurgia, coordenado pelo acadêmico José de Jesus Camargo, em liveda Academia Nacional de Medicina. O assunto da transgenitalização foi abordado pelo médico Eloísio Alexsandro da Silva Ruellas, da Uerj. O médico contou sobre o pioneirismo do processo transexualizador do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, primeiro do Estado do Rio de Janeiro a ser credenciado pelo Ministério da Saúde, oferecendo assistência integral à população transgênero no processo cirúrgico de adequação à identidade de gênero.
Outro convidado foi o cirurgião João Recalde, do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia. Recalde abordou os 12 anos de experiência da Secretária Estadual de Saúde do Estado do Rio de Janeiro em reimplante de extremidade, citando casos clínicos de sucesso. O médico foi destaque nacional há alguns anos pelo reimplante do braço de um menino de 6 anos.
Com o ECMO cada vez mais em voga, especialmente durante a pandemia, o especialista Pablo Sanches, da Universidade de Pittsburgh, abordou os usos da tecnologia como suporte em cirurgias complexas de via área. A sigla, que designa a oxigenação por membrana extracorporal, pode ser usada para falência cardíaca ou respiratória. Suas principais vantagens são a fácil instalação, tolerância de longos períodos de apneia intraoperatória, funcionamento sem anticoagulante e a possibilidade de extubação na sala de operação ou na UTI.
Da Florida Health, o médico Tiago Noguchi Machuca palestrou sobre transplante pulmonar pós-covid-19 – procedimento liderado por sua universidade no ranking estadunidense. Segundo o especialista, há um consenso entre as principais instituições que realizam o procedimento sobre 10 critérios fundamentais que definem a possibilidade do transplante, tais como idade menor ou igual a 65 anos, ausência de comorbidades, falência única dos pulmões e pelo menos um mês de ECMO sem sinais de recuperação.
Recentes progressos foram apresentados pelo acadêmico Rui Haddad e o uso da tecnologia 3D no planejamento de cirurgias torácicas. A partir da tomografia computadorizada com contraste de um paciente, dois dias antes de uma cirurgia, é possível reconstruir o órgão a ser operado e esquematizar uma cirurgia personalizada. As imagens realistas dão nítida impressão de manipulação de um modelo computadorizado em 3D da anatomia do paciente, facilitando a execução de cirurgias mais complexas.
Outro convidado foi Marcelo Cypel, da Universidade de Toronto e Universidade Health Network, do Canadá, que abordou a perfusão pulmonar in vivo– tecnologia que permite a perfusão pulmonar do órgão isolado com mais proteção, abrindo novas oportunidades para tratamentos específicos no câncer e na lesão pulmonar aguda, embora ainda seja necessário muito trabalho para determinar a eficácia clínica dessas terapias.
Por fim, os acadêmicos Arno Von Ristow e Paulo Niemeyer também participaram da sessão, falando, respectivamente, sobre dissecção aguda da aorta toracoabdominal e neurocirurgia funcional.