Na noite da última terça-feira (14), foi celebrada Sessão Solene de Posse do Dr. Paulo Marcelo Gehm Hoff como Membro Titular. O Acadêmico passa a ocupar a Cadeira nº 58 da Secção de Medicina, vaga em decorrência da passagem a Emérito do Acadêmico Yvon Toledo Rodrigues. A cerimônia, realizada no Anfiteatro Miguel Couto, contou com a presença de familiares e amigos do novel Acadêmico, além de autoridades como o Governador do Estado de São Paulo, Dr. Geraldo Alckmin e o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. Luís Roberto Barroso.
De acordo o Regimento da instituição, uma comissão, nomeada pelo Presidente e de comum acordo com o novel Acadêmico, deverá introduzir o Dr. Paulo Hoff no recinto, simbolizando os valores fraternais da Academia. Conforme a tradição da quase bicentenária instituição, Paulo Hoff foi conduzido ao anfiteatro Miguel Couto por Comissão de Honra formada pelos Acadêmicos Silvano Mário Atílio Raia, Octávio Pires Vaz, José de Jesus Peixoto Camargo, José Osmar Medina de Abreu Pestana, Ricardo José Lopes da Cruz e Fabio Biscegli Jatene.
Ainda de acordo com a tradição Acadêmica, Paulo Hoff proferiu o Juramento Acadêmico, versando sobre os valores da instituição, seguido pela entrega da Medalha e do Diploma pelo Presidente Francisco Sampaio.
O ex-Presidente e Acadêmico Marcos Moraes proferiu emocionado discurso de saudação, manifestando sua admiração pelas lutas e conquistas da profícua carreia profissional do oncologista. Mereceram especial atenção a atuação nos Hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, além de sua colaboração na fundação do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Otávio Frias de Oliveira. O Acadêmico saudou também a família de Paulo Hoff, que preencheu quase que em sua totalidade uma das bancadas do anfiteatro.
Em seu discurso de posse, o Acadêmico evocou não só sua trajetória profissional, mas também sua trajetória pessoal e a de sua família. O primeiro contato com a Academia Nacional de Medicina, durante um Simpósio sobre Pesquisa Clínica em 2010, foi relembrado. O Acadêmico agradeceu também ao confrade Silvano Raia, que sugeriu que Paulo Hoff deveria pleitear uma Cadeira na Academia Nacional de Medicina.
Em seguida, versou sobre o patrono de sua Cadeira, Aloysio de Castro, que é considerado o precursor da Neurossemiologia no Brasil. Em seguida, apresentou a trajetória dos demais ocupantes da Cadeira: Teóphilo de Almeida, Faustino Monteiro Esposel, Odilon Vieira Gallotti e Bernardo Henrique de Nunes Couto. Por fim, destacou a trajetória do Acadêmico Yvon Toledo Rodrigues, relembrando que, quando de sua visita protocolar, encontrou-o bastante atarefado em seu consultório, em pleno sábado pela manhã. Em plena ativa aos 90 anos, qualificou Yvon Toledo como um exemplo às novas gerações de médicos em nosso país.
Sobre a Academia Nacional de Medicina, Paulo Hoff classificou como “ambiciosa” a sua missão: contribuir para o estudo, a discussão e o desenvolvimento das práticas da Medicina, além de servir como órgão de consulta do Governo brasileiro. O oncologista destacou que o sucesso da instituição muito se deve ao espírito abnegado de seus membros, colocando o bem maior da Academia acima de seus interesses pessoais.
Sobre sua candidatura, evocou um dos principais ritos da eleição, e que é pouco conhecido fora da Academia – as visitas para a entrega do currículo a todos os Membros Titulares. Segundo Paulo Hoff, apesar de árdua, a tarefa conferiu-lhe imenso prazer, pois nestas visitas, além de passar a conhecer melhor cada um de seus confrades, teve a oportunidade de conhecer o Rio de Janeiro para além da rota turística usual.
Visivelmente emocionado, Paulo Hoff fez agradecimentos especiais à sua família, ressaltando que dedicar-se à Medicina é aceitar um duro sacerdócio, que afeta o indivíduo e todos que o rodeiam. A profissão, com seu regime de trabalho extenuante, muitas vezes o retirou do convívio familiar sem que, no entanto, diminuísse o apoio incondicional de sua esposa, Ana Amélia, e suas filhas, Camilla, Julianna e Isabella.
Realizando o que chamou de quebra de protocolo, o Presidente Acadêmico Francisco Sampaio convidou o Ministro do STF Luís Roberto Barroso a proferir um pequeno discurso de saudação, que foi marcado pela profunda gratidão do Ministro ao Acadêmico, que conheceu por meio de uma consulta médica. Em seguida, ressaltou, além das incontestáveis habilidades profissionais, a humanidade com a qual o Acadêmico realiza seus atendimentos, afirmando que Paulo Hoff o fez continuar a viver.
O Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, também proferiu algumas palavras ao amigo e novel Acadêmico Paulo Hoff. O Governador, que compareceu à solenidade na companhia de sua esposa, chamou atenção para o fato de que Paulo Hoff é o médico mais bem avaliado pelos pacientes no que se refere ao atendimento. Para Alckmin, esta é uma das maiores honrarias que um médico pode esperar receber em sua carreira.
O Presidente Acadêmico Francisco Sampaio congratulou o Novel Acadêmicopor sua campanha serena, discreta e consistente. Continuou afirmando que sua formação, seus títulos e sua educação, o tornaram um candidato praticamente imbatível. O prestígio profissional inconteste pôde ser verificado na congregação de amigos e autoridades que corroboram o sucesso do oncologista.
Segundo o Presidente, tornar-se Acadêmico aos 48 anos de idade e com 26 anos de formado permitiu ao Acadêmico Hoff um ingresso suficientemente maduro na Academia Nacional de Medicina, mas sem perder características como a jovialidade, a garra e a dedicação, tão necessárias para esta Casa.
Tradicionalmente, ao final de seu discurso, fez a leitura de um trecho da “Oração a nossos pares”, do saudoso Acadêmico Álvaro Cumplido de Sant’Anna. Segundo o Presidente, o texto resume tudo aquilo que um Acadêmico deve ser e deve fazer pela Academia:
“Quem não trabalha pela Academia quando nela ingressa é como se deixado houvesse no vestíbulo a própria honra. Quem não se esforça pela Academia quando nela recebido – juntando-lhe um tijolo – trai a sua esperança. Será um judas que iludiu a sua confiança; atraiçoa aos que fraternalmente o acolheram; roubou a vez a um possível justo, a todos enganando. Quem mais ilumina o nosso templo é o seu operário, que da tribuna ofusca aos das bancadas graças ao brilho da luz do seu saber, mercê da sua compostura e alimentado pelas horas de vigília gastas sobre os livros e na inspirada e sofrida observação de seus pacientes – tanto nos catres como nos leitos afortunados. Na Academia só não será grande que já nasceu para continuar pequeno. Para isso suceder o imprevisível aconteceu. Não cremos que alguém haja traído o juramento que prestou, após as muitas lutas que travou, para conseguir atravessar o peristílo do sodalício. Se despreparado venceu, foi mercê de doloroso equívoco, o que não é próprio dela – a casa desejada. O peristílo é grandioso, e é da natureza humana tentar alcançar o que pode parecer inatingível”, concluiu o Presidente, que em seguida solicitou à Comissão de Honra que conduzisse o Acadêmico ao Salão Nobre, encerrando a solenidade.