Os chineses trouxeram oito lições de como enfrentar a pandemia por Covid-19, incluindo a resposta científica; as medidas recomendadas pela saúde pública; quais foram os gargalos e as soluções para os momentos críticos; como conseguiram a mobilização da sociedade; a importância na transparência e circulação de informações sobre a evolução da epidemia; a cooperação internacional e o suporte logístico para combater o coronavírus.
Dr. Zunyou apresentou as quatro linhas de defesa contra a propagação do vírus que foram adotadas em Wuhan, nas cidades vizinhas da província de Hubei e em Beijing. Entre as ações, todas foram realizadas de forma precoce, com destaque para detecção, notificação, isolamento e tratamento. Além disso, ações foram implementadas “para as pessoas e pelas pessoas”, desinfecção das comunidades, buscando o engajamento e educação em saúde, em diferentes plataformas e com a parceria de instituições científicas e a cooperação dos meios de comunicação tradicionais, redes sociais e companhias de celulares. O resultado foi o alcance de 188 milhões de chats para esclarecimento de dúvidas.
O Centro de Controle de Doenças na China produziu 35 guias de saúde e 31 vídeos para diferentes públicos com enfoques sobre prevenção para população em geral, grupos de risco, profissionais de saúde e viajantes. Se proteja e proteja os outros. Esta é a principal mensagem.
Wuhan na guerra contra a Covid-19 – O que os médicos chineses podem nos ensinar? Dr. Wei Chen, membro da equipe médica anti-Covid-19, em Wuhan, também participou de sessão científica promovida pela Academia Nacional de Medicina, em abril, e expôs o esquema de guerra que foi montado para o atendimento dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus.
Chen ressaltou, principalmente, o cuidado dispensado às equipes de profissionais de saúde dos hospitais de Wuhan, tendo treinamentos para uso de EPIs individuais, além de um responsável exclusivamente para proteção dos médicos e enfermeiros, evitando possíveis contaminações. As alas do hospital foram separadas em contaminadas e limpas com regras diferenciadas. Mais de 42 mil profissionais de saúde foram enviado para Wuhan durante a epidemia e nenhum, segundo ele, foi contaminado pelo vírus, segundo Chen.
Dr. Chen, oriundo do Shanghai Ruijin Hospital e da Universidade Shanghai Jiao Tong, contou que, entre fevereiro e março de 2020, 90 pacientes deram entrada em um dos hospitais em Wuhan, sendo 68 pacientes graves e 22 críticos. Cerca de 90% dos pacientes tinham outras doenças associadas. Ao final, 90% se curaram.
Sobre o momento atual (abril 2020), a China faz um controle rígido da circulação do vírus com testagem e monitoramento dos indivíduos antes da entrada em transporte público e durante o expediente no trabalho. Qualquer alteração, o indivíduo é encaminhado para um serviço de saúde.
Coalizão Covid-19 Brasil – Aliar a pesquisa clínica, cujos custos são bastante altos, à assistência já prestada ao doente é uma das propostas do médico Renato Delascio Lopes, da Duke University, nos Estados Unidos, que foi outro dos convidados da sessão científica, em abril de 2020.
Delascio Lopes é especialista em síndrome respiratória aguda em idosos e mostrou dados da Coalizão Covid-19 no Brasil, que visa acompanhar, a longo prazo, participantes de diferentes localidades, através do registro de casos suspeitos e confirmados da doença.
O projeto começou em março de 2020, os protocolos da pesquisa foram submetidos à Plataforma Brasil para pesquisa com seres humanos e aprovados imediatamente. Ao final de 19 dias, os participantes começaram a ser recrutados dentro dessa Coalizão Covid-19.
A Coalizão dividirá os doentes em quatro grupos. No total participarão 1.800 indivíduos que serão tratados com a associação de diferentes medicamentos para Covid-19.
Participam deste projeto, os hospitais Albert Einstein, do Coração, Sírio Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa de São Paulo. Delascio Lopes espera, no futuro breve, apresentar os resultados sobre os desfechos clínicos e qualidade de vida.
As sessões científicas estão disponível no canal da Academia Nacional de Medicina no YouTube em https://bit.ly/3eByjYS.