Avanços em simulações cirúrgicas

19/10/2013

A formação dos cirurgiões requer muito treinamento, porém, a partir de que etapa é considerado ético treinar residentes em pacientes? Atualmente, os simuladores de voo são indispensáveis à aviação em todo o mundo – e inspiram novos avanços tecnológicos no âmbito cirúrgico. Os recentes progressos nesta área foram apresentados na ANM, no dia 17 de outubro, pelo acadêmico Henrique Murad, professor titular em cirurgia cardíaca da UFRJ e PUC-Rio e chefe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital São Vicente de Paulo, no RJ.

O Dr. Murad explicou que as operações ao vivo em congressos, cursos e concursos têm sido muito questionadas pela comunidade médica e já foram proibidas em diversos países. Por outro lado, também é cada vez mais restrito o acesso a cadáveres humanos para fins didáticos, assim como o uso de animais de experimentação. Como alternativa, já existem no mercado alguns simuladores cirúrgicos, que estão cada vez mais sofisticados. Existem os simuladores mecânicos (mais baratos) e virtuais (mais complexos e caros). “Os virtuais dão uma sensação muito grande de estar numa cirurgia real (…) e agora vêm com possibilidades de imagens em três dimensões e de sensação tátil”, explicou. Além disso, essa tecnologia oferece uma vasta gama de situações que podem ocorrer nas cirurgias, permitindo um treinamento bastante completo.

Alternativas mais acessíveis financeiramente são os simuladores mecânicos (com modelos de plástico) e o treinamento com órgãos de animais. “Na Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, nós fizemos moldes de cavidade pericárdica usando corações de boi e porco, provenientes da indústria alimentícia. Neles, fizemos todo tipo de cirurgia: plástica e troca de válvula mitral e transplante cardíaco, com simulação bem perto do real”, acrescentou Murad. Além disso, as demonstrações cirúrgicas também são uma forma de aprendizado importante, que ganharam muito com as novas possibilidades de gravação em vídeo. Assim, as novas tecnologias permitem a variação das capacidades técnicas e competências em cirurgia. O acadêmico ressalta o papel fundamental do mentor – um cirurgião experiente que orienta o aprendiz, quando este finalmente passa a operar diretamente o paciente. “É preciso saber guiar, dando liberdade suficiente para promover autonomia, porém, garantindo a segurança do paciente”.

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