Aula de Saúde Pública para o Clínico no Curso de Atualização da ANM

18/05/2017

No dia 18 de maio, dando continuidade ao Curso de Atualização em Ciências Médicas da ANM, o Acadêmico Prof. Paulo Buss, Coordenador da atividade, ministrou a aula “Saúde Pública para o Clínico”.

Paulo Buss é graduado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), especialista em Saúde Pública pela FIOCRUZ e mestre em Medicina Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi Presidente da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Federação Mundial de Saúde Pública. Atualmente é Diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz e consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS). É membro titular da ANM, ocupando a cadeira nº 44.

O Acadêmico Paulo Buss durante sua apresentação

O Prof. Paulo Buss dividiu a sua apresentação em três partes. Na primeira, expôs a íntima relação existente entre Saúde Pública, Medicina e Sociedade, além de apresentar conceitos inerentes à Saúde Pública. Na segunda parte, apresentou e debateu os chamados Determinantes Sociais da Saúde. E no último terço da aula discutiu a importância de conhecermos a História Natural da Doença e como o clínico deve atuar em seu cotidiano, sempre visando a prevenção do próximo estágio da doença em seus pacientes.

Quanto a relação entre Saúde Pública, Medicina e Sociedade, o Acadêmico nos lembrou que a saúde e os riscos que a afetam, a doença, além dos cuidados individuais e coletivos em saúde, são socialmente produzidos. Afirmou ainda que conceitos e práticas em saúde pública são indissociáveis da organização social (política, poder, ideologia e cultura) e do conhecimento de diversos campos (epistemes).

Ainda nesta primeira parte, o palestrante conceituou alguns termos importantes da área, como “saúde”, “enfermidade”, “medicina” e “saúde pública”. Sobre esta última, afirmou que trata-se do campo de conhecimentos e práticas cujos compromissos sociais e históricos são o de identificação das condições de saúde da população e de seus determinantes sociais, econômicos e ambientais, bem como a formulação e implementação de políticas e propostas de intervenções resolutivas, principalmente através de instituições públicas, visando enfrentar as mencionadas condições e seus determinantes e para melhorar, promover, proteger e restaurar a saúde da população, com a mobilização de diversas forças sociais e setores governamentais.

Na segunda parte da apresentação, o Acadêmico debateu os chamados “Determinantes Sociais da Saúde”. Mostrou, através de um gráfico extremamente didático, que os determinantes começam no indivíduo, ao analisarmos fatores como idade, sexo, hereditariedade e outros fatores individuais. Em seguida, explicou que o estilo de vida de cada indivíduo influencia na sua condição de saúde, demonstrando que já neste momento se inicia a influência dos determinantes sociais na saúde deste indivíduo. Ao analisar as redes sociais, comunitárias e de relacionamento deste cidadão, é possível notar a influência destes aspectos na maior ou menor probabilidade de cada indivíduo vir a ser acometido, ou não, por determinada patologia. As condições de vida e trabalho são outros determinantes sociais que têm associação com as condições de saúde deste cidadão. E envolvendo todos esses aspectos, figuram os determinantes sociais de ordem geral, como condições socioeconômicas, culturais e ambientais de uma comunidade, sociedade ou país.

Curso de Atualização em Ciências Médicas da ANM

Na terceira e última atividade da apresentação, o Professor discutiu os desafios contemporâneos da promoção da saúde e da prevenção, na clínica e na saúde pública. Lembrou que a Promoção da Saúde tem caráter não-específico, atacando os determinantes sociais mais gerais, como aumento da renda, melhoria das condições de trabalho, sociais, ambientais etc. E complementou afirmando que a Prevenção, esta sim, é mais específica para uma determinada situação de risco ou patologia.

Ainda sobre a questão da prevenção, expôs que o clínico sempre está, durante sua atuação, praticando a prevenção, seja esta primária (promoção da saúde e prevenção específica), secundária (diagnóstico e tratamento precoce ou limitação da invalidez) ou terciária (reabilitação). Mostrou que as principais estratégias de prevenção, na clínica médica, são: o rastreamento clínico-laboratorial, que visa a detecção precoce de problemas de saúde (exames periódicos como papanicolau, palpação da mama, realização de exames laboratoriais de colesterol, triglicerídeos etc); os aconselhamentos durante as consultas, atividade que visa contribuir para a mudança de condutas ou comportamentos pessoais nocivos (como sedentarismo, uso de álcool ou tabaco, comportamento sexual etc); e as imunizações e profilaxias (como vacinação, o uso de AAS para evitar o infarto agudo do miocárdio etc).

Ao fim, o Prof. Paulo Buss apresentou o seguinte link para o aprofundamento dos alunos: https://www.uspreventiveservicestaskforce.org/BrowseRec/Index/browse-recommendations.

Esta página da web, segundo o professor, contêm muitos programas e guidelines, de várias instituições mundiais, todos baseados em evidências, para a consulta dos alunos quanto a procedimentos de promoção e prevenção de agravos à saúde.

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