Atualização em Transplante

Simpósio organizado por Acad. Silvano Raia mostra as novidades sobre Transplantes

Acad. José Galvão-Alves, Ex-Presidente Acad. Pietro Novellino, Presidente Acad. Francisco Sampaio e Acad. Silvano Raia

Após ser noticiado em agosto que o apresentador Fausto Silva necessitava de um transplante de coração, o procedimento se tornou um dos assuntos mais comentados do país. Com isso, a Academia Nacional de Medicina (ANM) esteve mais uma vez no centro da discussão ao apresentar o Simpósio Atualização em Transplante na última quinta-feira (21), organizado pelo Acadêmico Silvano Raia e com apresentações enriquecedoras sobre o assunto.

A abertura do Simpósio foi feita pelo Professor Roberto Kalil, que apresentou a visão geral sobre o Transplante de Coração, ressaltando que a insuficiência cardíaca possui 10,8% da mortalidade. Ele explica os diferentes estágios da doença até a recomendação do transplante e a linha do tempo do desenvolvimento do transplante, sendo iniciado em 1905. A média atual do Brasil é 380 transplantes, tendo um aumento na última década, afirma o professor ressaltando a importância do Sistema Único de Saúde. São destacados nesta palestra a sobrevida do paciente e a qualidade de vida após a cirurgia.

Antes de apresentar as questões do Transplante de Rim, o Acadêmico José Medina abriu a palestra com um breve resumo sobre o Projeto de Lei que está em tramitação na Câmara Federal sobre a Doação Presumida de Órgãos, sugerindo a correção da disparidade geográfica, o principal problema, para aumentar o número de casos. Com isso, o Acadêmico apresentou um levantamento sobre os números de transplantes no Brasil, explicando quanto tempo os pacientes normalmente ficam na espera e porque a fila do coração é mais rápida. O rim oferece a possibilidade de ser feito com doadores vivos, mas a predominância é com doadores falecidos, e as suas diferenças com a sobrevida do enxerto renal.

Um dos principais problemas com a doação de órgãos é a desproporção entre receptores e doadores, por isso, as pesquisas buscam alternativas para suprir a falta. O tema Transplante de Pulmão Inter Vivos, apresentado pelo Acadêmico José J. Camargo deve ser considerado como uma opção viável quando existem dois doadores familiares saudáveis e determinados a doar, doadores com compatibilidade sanguínea e quando o receptor tem a caixa torácica compatível com o tamanho dos lobos inferiores de adultos. O Acadêmico compartilhou diversos casos envolvendo crianças, ressaltando que para realizar esse procedimento com adultos é necessário cumprir mais critérios, como ter uma baixa estatura.

Acad. Silvano Raia em sua apresentação

A apresentação seguinte também abordou o transplante de pulmão, mas com visando explicar os efeitos da COVID-19 que levam o paciente a receber o órgão. O Professor Tiago Machuca apresentou o tema Transplante de Pulmão pós-COVID, em que ressaltou o aumento do número de cirurgias nos últimos anos e a expectativa até o final de 2023. “O alto volume é importante, dessa forma você treina a equipe, não principalmente a equipe médica, mas também a equipe de enfermagem, fisioterapia, equipe de reabilitação para que você possa ter sucesso com esses pacientes, que ao meu ver são os mais complexos com COVID ou com insuficiência respiratória aguda”, explicou o professor. A palestra aponta os benefícios da realização do transplante, apontando a sobrevida e a qualidade de vida do paciente, e compartilha casos recebidos no Miami Transplant Institute.

O diretor do Instituto e Correspondente Internacional da ANM, Professor Rodrigo Viana apresentou o tema Transplante com Coração Parado e Sangue Total do Doador, um assunto que ainda está em evolução mundialmente e é uma alternativa para os pacientes hepáticos à espera de doadores, em que o diferencial é o uso do órgão após o coração parar, diferentemente da morte cerebral. O tempo é primordial nesse caso e com isso surgiram tecnologias para contribuir para a preservação do organismo. Ele explicou os critérios para o receptor, sendo preferível pacientes mais jovens com menos de 30 anos, a sobrevida e afirma que ainda não existe legislação no Brasil para esse tipo de transplante.

Após o intervalo, as apresentações foram retomadas com a palestra do Professor João Seda sobre o tema Transplante de Fígado Pediátrico, abordando os principais desafios recebidos pela equipe e as adversidades iniciais enfrentadas. Ele apresentou um trabalho realizado entre 2000 e 2012 para exibir as principais indicações de transplante em crianças, as técnicas e a sobrevida dos pacientes.

Finalizando as apresentações do simpósio, o Acadêmico Silvano Raia realizou a palestra sobre o tema Xenotransplante, em que abordou as principais atualizações e notícias ao redor do mundo sobre esse tipo de transplante, principalmente com o Rim. O Acadêmico explica que o Xenotransplante surgiu como uma opção para diminuir a lista de espera por órgãos, e as principais dificuldades enfrentadas nesse procedimento, como as substâncias liberadas, o crescimento do xenoenxerto e a criação da raça “kune-kune” —  específica para esses casos. O Acad. Silvano Raia finaliza compartilhando a pesquisa em desenvolvimento na Universidade de São Paulo para a evolução do procedimento no Brasil, afirmando: “Xenotransplante já é uma realidade e que poderá beneficiar os milhares pacientes a espera”.


Para assistir o simpósio na íntegra, clique aqui e aqui.



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