No mês de conscientização ao câncer de mama, o Outubro Rosa, o tema do simpósio na Academia Nacional de Medicina (ANM) não poderia ter sido outro. Aspectos Psicossociais no Tratamento do Câncer de Mama foi organizado pelos Acadêmicos Maurício Magalhães Costa, Paulo Hoff e Daniel Tabak, ressaltando a importância de um diagnóstico precoce para o tratamento.
As apresentações foram iniciadas com o Dr. Rodrigo Guindalin, da Onco D’or Bahia, e o tema Identificação e Aconselhamento das Mulheres de Maior Risco. Ele ressaltou que esse é um assunto muito discutido nos últimos tempos e foca no fato de que os casos genéticos representam de 5% a 10% dos pacientes. Dr. Rodrigo aborda os dois genes principais, o BRCA1 e o BRCA2, presentes em quem tem predisposição ao câncer de mama e estão classificados em categorias de alto, médio e baixo risco. Essa escala foi possível com a realização de uma pesquisa feita com 180 mulheres brasileiras para entender as mutações genéticas e quais seriam as recomendações para as que possuem maior probabilidade de ter a doença. Entre as estratégias de prevenção, o médico destacou que as mudanças nos hábitos de vida são essenciais, assim como o rastreamento com ressonância nuclear magnética e as cirurgias preventivas, seguindo o exemplo de Angelina Jolie, que realizou esse último procedimento em 2015.
O simpósio teve a presença de convidado internacional, o Dr. Ben Anderson da Organização Mundial de Saúde (OMS), para ministrar o tema Estratégia Global para Controle do Câncer de Mama. A palestra foi iniciada com dados importantes, ressaltando que o câncer de mama é o tipo mais comum em mulheres e a principal causa de mortes. Dr. Anderson reforça a importância da mamografia, o principal exame para detectar a doença, e explica sobre a iniciativa global, endossada pela OMS, para que as pacientes tenham um diagnóstico precoce e tratamento eficaz. Os pilares para que os métodos para a cura sejam mais rápidos e tenham mais investimento foram abordados na apresentação.
Por meio de uma conferência online, o Dr. Fabricio Brenelli apresentou o tema Cirurgia Oncoplástica e a Preservação da Autoestima, que ressalta a importância da cirurgia conservadora de mama para a autoestima das mulheres. “Todas as decisões que nós tomamos cirurgicamente impactam a qualidade de vida das pacientes”, afirmou o médico. A cirurgia oncoplástica é o terceiro caminho no tratamento que permite uma ressecção ampla e previne defeitos estéticos com uma reconstrução imediata. Para finalizar a apresentação, ele compartilha técnicas que podem ser feitas e os diferentes tipos de casos que evitaram a mastectomia.
Tratando-se dos aspectos psicossociais envolvendo o câncer de mama, o tema A Importância dos Grupos de Mulheres no Apoio Psicossocial explica o papel fundamental do apoio nesses casos. Ele foi ministrado pela Drª. Maira Caleffi, presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), uma instituição sem fins lucrativos que luta por mudanças em políticas públicas para garantir melhor acesso, qualidade no diagnóstico e no tratamento do câncer de mama para a população. Esse projeto nasceu da indignação com o cenário do câncer no Brasil, ressaltando que o número de diagnósticos diminuiu pela falta de acesso das mulheres.
Em sua apresentação, Drª Maira contou que tudo começa pela forma que o médico deve passar o diagnóstico para a paciente, e ela recebe com um choque. Até o momento da aceitação, essa mulher passa por diferentes fases, como a negação, a tristeza e o equilíbrio. Esse processo é um sistema espiral e os sentimentos podem se sobrepor, por isso, a médica ressalta a importância do acompanhamento psiquiátrico, e nem todas possuem o mesmo acesso a uma equipe integrada. Com o IMAMA, um grupo de relacionamento com o paciente, elas têm o acompanhamento de grupos de apoio, atendimento psicológico, meditação, banco de perucas, orientação jurídica, desconto em exames, encontro com vitoriosas e muito mais. São mais de mil mulheres cadastradas, 2.603 atendimentos realizados e 400 encaminhamentos.
Para finalizar o simpósio, Dr. José Bines, do INCA do Rio de Janeiro, ministrou o tema A Esperança de Cura na Doença Metastática, sobre tratamentos e pesquisas que oferecem esperança as pacientes. Ele comparou os números de mulheres que vivem com câncer metastático no Brasil, 40%, e nos Estados Unidos, 20%. Além de diferentes pesquisas referentes a cura, tratamento e qualidade de vida. Esses estudos têm em comum o HER2 – Positivo, um tipo de células cancerígenas. Para ele, existem diferentes tipos de novos tratamentos, incluindo a opção de interromper quando não apresentam mais sinais da doença, a escolha fica a critério do paciente. Mas essas novas opções não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde, o SUS, e Dr. José finaliza: “Nós temos que brigar pelo acesso”.
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