Consideradas as mais antigas premiações na área da medicina, os prêmios da Academia Nacional de Medicina tiveram um número recorde de inscritos em 2020. Foram 63 candidaturas para as nove categorias.
Em evento no dia 06 de agosto, os agraciados fizeram apresentações no Web Hall da Academia. A sessão também foi transmitida via Facebook.
Um grupo que reúne médicos das universidades Federal do Espírito Santo, Federal de São Paulo e da Columbia University levou o grande prêmio Presidente da Academia Nacional de Medicina. Liderado pelo médico Thiago Cabral, estudo mostrou avanços para o tratamento da principal doença oftalmológica relacionada à perda da visão em adultos maiores de 55 anos: a Degeneração Macular Relacionada à Idade. O grupo estudou moléculas pró e antiangiogênica que podem contribuir para vascularização ocular e a aplicação dos sistemas CRISPR-Cas para edição do genoma, também conhecida como “cirurgia genômica” no campo da Oftalmologia.
– Estamos extremamente orgulhosos de termos sido agraciados com o maior e mais importante prêmio da Medicina Brasileira. Esse trabalho é um enorme passo para o diagnóstico e novas tratamentos nas doenças da retina, responsáveis por grande parte da cegueira nos dias atuais”, comemorou Cabral.
Com o título “Angiogênese da retina e coroide: biomarcadores e engenharia genética, o estudo conta com os coautores Luiz Guilherme Marchesi Mello e Júlia Polido, da Universidade Federal do Espírito Santo e da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp.
Transplante de fígado – Na categoria Prêmio Presidente José Cardoso de Moura Brasil, trabalho liderado por Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, aborda as técnicas para transplante de fígado. De um grupo de médicos da Unidade de Transplante de Fígado, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade do Estado de Pernambuco, o trabalho acompanhou 87 pacientes submetidos ao procedimento, entre 2018 e janeiro de 2020. Foram analisadas duas técnicas cirúrgicas e diversos parâmetros entre os pacientes. Os resultados contribuem para indicar qual técnica gera menos instabilidade pós-cirúrgica e que leva ao melhor funcionamento do enxerto após o transplante.
Com título “Revascularização retrógrada no transplante ortotópico de fígado: efeitos na estabilidade hemodinâmica e função do enxerto”, o estudo contou com os seguintes coautores: Gabriel Guerra Cordeiro, Paulo Sérgio Vieira de Melo, Américo Gusmão Amorim, Priscylla Jennie, Monteiro Rabêlo, José Olímpio Maia de Vasconcelos Filho, Pedro Renan de Melo Magalhães, Ludmila Rodrigues Oliveira Costa, Raimundo Hugo Matias Furtado, Gustavo da Cunha Cruz, Cláudio Moura Lacerda – todos da Unidade de Transplante de Fígado (UTF) – Hospital Universitário Oswaldo Cruz e Universidade de Pernambuco.
Avanços – O vencedor do Prêmio Miguel Couto foi o médico David Cohen. Com o estudo “Novo modelo in vivo para avaliar alterações macroscópicas, histológicas e moleculares da doença de Peyronie”, Cohen que é da Faculdade de Medicina do ABC, Escola Paulista de Medicina e Universidade Federal de São Paulo. O estudo contou com os coautores: Sidney Glina, Renan Pelluzzi Cavalheiro, Ana Maria do Antonio Mader, San Won Han, Maria Aparecida Silva Pinhal, Therese Rachel Theodoro, Willany Veloso Reinaldo, Vivian Barbosa Navarro Borba e Giuliana Petri, todos da mesma instituição do agraciado.
A médica, da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, Luciene Resende, foi agraciada com o Prêmio Presidente Aloysio Salles, pelo estudo “Alterações neurológicas em pacientes com linfomas” e como coautora contou com Ligia Niéro-Melo, da mesma instituição.
Já a pesquisadora do Instituto de Psiquiatria (Ipub), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laiana Azevedo Quagliato, conquistou o Prêmio Antônio Austregésilo Rodrigues Lima. Laiana estudou proteínas específicas, como as citocinas inflamatórias, e sua atuação em pacientes com transtorno do pânico, pois estão em grande quantidade no organismo desses pacientes.
Identificação da dor em neonatos: percepção visual das características faciais neonatais pelos adultos foi o tema do estudo que recebeu o Prêmio Fernandes Figueira à vencedora Marina Carvalho de Moraes Barros, da Escola Paulista de Medicina, Unifesp.
Para ela, receber o prêmio da ANM, um dos prêmios mais tradicionais em medicina, foi uma honra e certamente um grande incentivo para o grupo continuar a pesquisar, visando melhorar a assistência do recém-nascido. Como coautores, participaram deste estudo Carlos Eduardo Thomaz, Lucas Pereira Carlini, Rafael Nobre Orsi e Pedro Augusto Santos Orona Silva, do Centro Universitário Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros; e mais Giselle Valério Teixeira da Silva, Juliana do Carmo Azevedo Soares, Tatiany Medeiros Heiderich, Rita de Cássia Xavier Balda, Adriana Sanudo, Solange Andreoni e Ruth Guinsburg, da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo.
E Dani Ejzen foi o vencedor do Prêmio Madame Durocher com relato do primeiro nascimento mundial após transplante uterino com doadora falecida. Para Dani foi uma felicidade enorme:
– Me sinto honrado pelo reconhecimento de nossa pesquisa sobre transplante uterino com o Prêmio Madame Durocher 2020, da Academia Nacional de Medicina. Um trabalho que foi totalmente desenvolvido por médicos e profissionais da saúde brasileiros do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e que teve grande repercussão no Brasil e no exterior.
Os coautores desta conquista foram Wellington Andraus, José Maria Soares Jr,Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque e Edmund Chada Baracat.
Os prêmios da Academia Nacional de Medicina foram instituídos em 1829.