ANM realiza conferências sobre medicina nuclear e genética

28/06/2018

Na última quinta-feira, 28 de junho, os professores Cláudio Tinoco (UFF) e Luiz Fernando Jobim (UFRGS) apresentaram, respectivamente, as conferências “Recentes Progressos em Medicina Nuclear” e “Como o Estudo do DNA Transformou a Medicina”, a convite dos Acadêmicos José Galvão-Alves e Carlos Antônio Gottschall, na Academia Nacional de Medicina.

Os Acads. José Galvão-Alves (Secretário-Geral) e Jorge Alberto Costa e Silva (Presidente) na mesa diretora

O Acad. José Galvão-Alves iniciou o evento introduzindo o palestrante Cláudio Tinoco, Professor da Universidade Federal Fluminense e Chefe do Serviço de Medicina Nuclear dos Hospitais Antônio Pedro, Pró-Cardíaco e Samaritano. O convidado realizou a conferência “Recentes Progressos em Medicina Nuclear”, sobre as novidades apresentadas no Congresso da Society of Nuclear Medicine and Molecular Imaging de 2018.

Dando início à sua aula, o Professor Tinoco abordou cintilografia com leucócitos marcados, procedimento o qual o sangue coletado do paciente é separado dos leucócitos, que são marcados com uma pequena quantidade de radiação, e reinjetado no paciente algumas horas após a coleta. Prosseguindo a apresentação do caso e do desenvolvimento do tratamento realizado no paciente, o especialista ressaltou que o diagnóstico só foi possível em razão da aplicação da técnica no exame de imagem.

Segundo Cláudio Tinoco, a Tomografia Computadorizada por Emissão de Pósitrons e a Cintilografia com Leucócitos Marcados foram incorporados em 2015 pela Sociedade Europeia de Cardiologia na avaliação de pacientes com endocardite infecciosa. Junto ao Ecocardiograma, os exames de imagem molecular em medicina nuclear são os principais auxiliares na identificação de processos infecciosos no coração e suas complicações.

O especialista apontou também algumas das novidades apresentadas no Congresso da Sociedade de Medicina Nuclear e Imagem Molecular, entre eles o novo radiofármaco, Fluoromaltotriose, e o conceito de “Teranóstico”, a combinação de terapia e diagnóstico, o que representa um avanço para a Medicina Nuclear, que passa a atuar nos dois campos. O mecanismo utilizado para localizar a doença irá auxiliar na seleção do tratamento adequado para o paciente.

Dr. Tinoco apresentou estudos sobre a eficácia do uso de PET-CT com PSMA – técnica de diagnóstico por imagem que, além de mostrar imagens da anatomia do corpo humano, avalia alterações metabólicas do organismo – tanto em exames para detecção de câncer de próstata quanto no tratamento da doença. Demonstrou, ainda, a atuação do radiofármaco Gálio-68 em tumores neuroendócrinos.

Em sua conclusão, Cláudio Tinoco explicou novo tratamento apresentado no Congresso, o chamado PRCRT (Peptide Receptor Chemotherapy Radiotherapy), que consiste na combinação de quimioterápicos e radionuclídeos para o tratamento de metástases agressivas mal diferenciadas e para metástases bem diferenciadas, respectivamente. Por fim, ressaltou a importância de uma equipe multidisciplinar no tratamento de tumores neuroendócrinos, a fim de que se alcance o melhor resultado diagnóstico e terapêutico.

Para apresentar a segunda conferência da noite, o Acadêmico Carlos Antônio Gottschall convidou o Professor Luiz Fernando Jobim – Diretor do Laboratório de Imunologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Medicina do Rio Grande do Sul, Ex-Presidente da Academia Sul-riograndense de Medicina e Professor Titular de Medicina Interna da UFRGS – que realizou a conferência “Como o Estudo do DNA Transformou a Medicina”.

Em sua introdução, o especialista discorreu sobre seu primeiro contato com Tipagem por DNA – processo que envolve a identificação e a avaliação do material genético de um indivíduo -, a história dos estudos moleculares e a evolução das técnicas de amplificação de DNA por PCR (reação em cadeia pela polimerase), Taq (enzima polimerase termoestável) e Termociclador em Tempo Real. Demonstrou ainda como ocorre o processo de reação em cadeia da Polimerase, o estudo de sequência dos alelos e genes, a construção de kits para avaliação molecular e como é feita a tipagem de antígenos leucocitários humanos.

O Dr. Luiz Fernando Jobim versou então sobre sua experiência com frequências genotípicas dos alelos da população de índios Tukunas, na Amazônia. Apresentando dados de estudo realizado por ele em 1981, o geneticista indicou a presença de polimorfismos na população branca e negra estudada, enquanto a população indígena apresenta apenas três alelos HLA, comprovando a descendência dos povos mongólicos, da Rússia, semelhante à de outros índios latino-americanos e esquimós. Esse tipo de estudo explica por exemplo, a propensão para determinadas doenças por parte desta população.

Em seguida, ressaltou a contribuição dos estudos genéticos na realização de transplantes e relembrou alguns dos primeiros transplantes feitos no Brasil, como o de rim, cardíaco e medula óssea. Abordou também o auxílio da indústria no avanço da biomedicina, por meio da criação de equipamentos cada vez mais eficientes e modernos, e o incentivo e investimento em uma melhor capacitação profissional na área.

Por fim, Dr. Luiz Fernando pontuou alguns dos usos da genética como recurso médico, como os testes preditivos de doenças, a genética forense e os testes de investigação de paternidade. Concluiu explicando a utilização do estudo genético na infectologia, por meio da análise molecular de patógenos no líquido cefalorraquidiano pela reação em cadeia da polimerase em pacientes infectados pelo HIV.

Para melhorar sua experiência de navegação, utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes. Ao continuar, você concorda com a nossa política de privacidade.