Na noite da última quinta-feira (07), Acadêmicos e convidados se reuniram no Anfiteatro Miguel Couto para a Conferência “Endocrinologia e Exames de Imagem: Solução ou Problema? ”, sob organização dos Acadêmicos José Carlos do Valle e Mônica Gadelha. Além da Acadêmica, o endocrinologista Leandro Kasuki, do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, e o Acad. Jacob Kigerman realizaram palestras sobre o assunto.
Dando início ao evento, a Acadêmica Monica Gadelha abordou a prática clínica em relação ao Incidentaloma Hipofisário, lesão na região hipofisária, descoberta em exame de imagem solicitado por motivo não relacionado com a mesma, podendo ser um microincidentaloma (menor que dez milímetros) ou um macroincidentaloma (maior que dez milímetros). Segundo ela, os microincidentalomas não são raros, apresentando-se com prevalência em exames de ressonância magnética, já os macroincidentalomas são raros em exames de imagem.
Em seguida, a endocrinologista apresentou os procedimentos mais adequados e indicados para cada situação, alertando para o risco de erros diagnósticos e falsas hipocaptações. Abordou ainda a hiperplasia hipofisária – aumento das dimensões da glândula hipófise na puberdade – presente em 25 a 50% das mulheres entre 18 e 35 anos.
A especialista indicou as condutas diagnósticas e terapêuticas que podem ser aplicadas à doença, incluindo a realização de exames para excluir hiperfunção e hipopituitarismo. A respeito da realização de cirurgia, a Acadêmica informou o método é o mais adequado em casos de Doença de Cushing, acromegalia, defeito de campo visual e lesão próxima ao quiasma óptico, e quando há planejamento de gravidez. Concluiu destacando a importância do acompanhamento médico sequencial ao tratamento.
Em palestra intitulada “Conduta nos Nódulos de Tireoide Detectados Durante Exame de Check-up: Menos é Mais?”, o Acad. Jacob Kligerman demonstrou estudos, casos clínicos e dados sobre o Câncer de Tireoide. Atentou ainda para os indícios de malignidade que podem ser observados antes da cirurgia, como fatores clínicos, tamanho do tumor, histórico familiar, descobertas através de testes moleculares, categoria citológica e padrão sonográfico do tumor.
O Acadêmico apresentou então os tipos de operação adequados para tratamento de nódulos tireoidianos de citologia indeterminada. Ressaltou ainda que a abordagem terapêutica é definida de acordo com os sintomas apresentados. Por exemplo: em casos de nódulo solitário e citologia indeterminada é indicada a lobectomia, enquanto para pacientes que apresentam tumores maiores que quatro centímetros, de citologia suspeita para malignidade, mutações específicas para carcinoma tireoide, histórico familiar de câncer de tireoide e exposição à radiação, é indicada a tireoidectomia total.
O cirurgião comentou o papel dos tratamentos médicos e cirúrgicos em nódulos tireoidianos benignos. Segundo ele, em casos de tireoide cística recorrente, causadoras de sintomas compressivos ou estéticos, é recomendada cirurgia. Já para nódulos císticos assintomáticos, prossegue-se o tratamento clínico. Versou sobre a dissecção linfonodal e a tireoidectomia completa, indicadas em caso de nódulos pequenos (tipos 1 ou 2), cancros foliculares e carcinomas papilares e foliculares de baixo risco.
O neuroendocrinologista Leandro Kasuki finalizou a conferência abordando a utilização do tratamento cirúrgico no incidentaloma adrenal, que são massas adrenais maiores que 1 centímetro, descobertas ao acaso por meio de exames de imagem, na investigação de sintomas não relacionados. O tumor tem prevalência entre homens com mais de 60 anos, representando mais de 70% dos pacientes.
O pesquisador do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho demonstrou o procedimento terapêutico adequado para cada caso, diferenciando os tipos de tumor entre funcionante, não-funcionante, benigno ou maligno. Apresentou ainda os testes para confirmação diagnóstica, entre eles o teste da Fludrocortisona e o teste do Captopril, além de tomografia computadorizada e ressonância magnética. O especialista concluiu que o tratamento cirúrgico é recomendado em tumores com suspeita para malignidade e aqueles não-funcionantes maiores que 4 centímetros.