Um assunto que necessita de um debate regular é a ética na medicina. Esse foi o principal tema do Simpósio A Ética Médica Revisitada, realizado na última quinta-feira (20) e organizado pelos Acadêmicos José de J. Camargo e Maurício Magalhães. A Sessão abordou temas como o marketing médico, suicídio assistido, aborto e outros desafios morais na prática da profissão.
Abrindo as apresentações, o Professor Sergio Paula Ramos abordou um tema urgente para a sociedade, os Desafios Éticos no Atendimento do Adolescente Envolvido com Drogas. De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela Fiocruz em 2015, o brasileio tem o seu primeiro contato com bebidas alcoólicas nos 13,6 anos de idade. “Isso é um cenário absolutamente preocupante”, afirma o professor. Ele compartilha os principais problemas associados ao uso de cannabis entre os jovens, citando o comprometimento do desempenho escolar e mais uso de outras drogas ilícitas. Posto isso, Prof. Sergio explica sobre os desafios éticos enfrentados pelos médicos no atendimento desses adolescentes, ressaltando a necessidade de todas as especialidades estarem preparadas para realizar o screening para drogas.
Com o boom das redes sociais, todos querem divulgar o seu trabalho nelas. Dessa forma, o tema Os Limites da Ética no Marketing Médico é de suma importância para o debate. A Professora Alice Selles mostrou a diferença entre se divulgar nas redes sociais e do marketing médico, que consiste em oferecer a melhor experiência possível ao paciente, algo que vai “muito além de postagens de vídeos no Instagram”. A apresentação ressalta a importância de preservar a atuação médica e a sua responsabilidade com o caso do paciente. “É urgente que se fale mais sobre isso com os jovens médicos”, finalizou a Profª. Alice Selles.
O tema O Suicídio Assistido – Aspectos Éticos e Legais abriu a a segunda parte das apresentações com o Acadêmico Antonio Egídio Nardi. Em que explica-se o suicídio assistido, a diminuição do sofrimento do paciente e a diferença da Eutanásia e Ortanásia. O Acadêmico compartilhou casos de pessoas famosas e que tiveram repercussão na mídia. Abordando a realização, são citados diversos países que o suicídio assistido é legal, como a Colômbia e o Canáda, mas a Suiça é o destino mais famoso. Porém, existe uma parte burocrática e longa. “A burocracia legal para permitir isso é extremamente difícil, complicada e traz, às vezes, tanto sofrimento quanto a própria doença”, enfatiza o Acad. Nardi. Ele finaliza o tema afirmando que é necessário ter uma avaliação para cada paciente, tendo responsabilidade e ética.
O Acadêmico Jorge Rezende Filho fez a última apresentação da Sessão, e tratou um tema polêmico: O Aborto como Desafio Médico. Ele cita quais são as permissões legais no Brasil para o abortamento e ressalta que o “aborto inseguro é uma questão de saúde pública”. Com dados oficiais, o Acadêmico mostra que essa é a quarta maior causa de morte materna direta no Brasil, e a quinta dentre todas. As mulheres pretas, indígenas, de baixo escolaridade, menos de 14 anos e mais de 40 anos são as que correm o maior risco. “Independentemente de ser permitido ou não, as mulheres decidem interromper. O grande problema é que nos lugares onde as restrições são maiores, nós temos mais taxas de abortos inseguros”, explica o Acad. Jorge Rezende. Antes de finalizar, o Acadêmico explica a legislação brasileira e as mudanças possíveis, e também na Argentina e França.
O Simpósio ainda contou com perguntas fascinantes feitas pelos Acadêmicos presentes aos palestrantes, gerando um debate sobre os assuntos discutidos. Para assistir o Simpósio na íntegra, clique aqui e aqui.
